Foi na raça! Análise do jogo: São Paulo 2 x 0 São Caetano

Por Fernando Michelutti – Papo de Arquibancada

E o São Paulo mais uma vez passou um drama mas venceu! Os “desacreditados” Santigo Tréllez e Diego Souza, fizeram os gols (veja aqui) e definiram o placar que o Tricolor precisava para avançar. Os quase 18 mil “guerreiros” são paulinos que foram ao estádio do Morumbipúblico total: 17.899 – renda bruta: R$ 414.726,00) foram agraciados com uma classificação que era o mínimo esperado por todos, em especial a sofrida torcida Tricolor.

O Tricolor acumulava dez eliminações neste século para equipes pequenas (a lista com os vexames pode ser vista aqui). A última equipe a fazer a festa, em pleno Morumbi, foi o modesto Defensa Y Justicia (ARG), em 2017, pela Copa Sul-Americana.

Depois do diluvio que caiu na capital paulista durante a tarde/começo da noite, parecia que não teríamos jogo porém o delegado da partida, Keller de Martini, realizou uma vistoria no local e assegurou ao repórter André Hernan, do SporTV, a realização do jogo. Isso dificultou a chegada do torcedor ao estádio. No pico da chuva o gramado do Morumbi parecia que não iria aguentar, tamanha era a força e intensidade da tempestade:

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Morumbi em meio ao temporal desta terça-feira (Foto: Israel Mendes / Rádio 105 FM)

Mas o excelente sistema de drenagem do Morumbi, deu conta do recado e garantiu a realização da partida:

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Gramado do Morumbi por volta das 19h (Foto: Divulgação)

Aqui duas curiosidades: 1) O Tricolor amargava 2 eliminações para o Azulão em campeonatos Paulistas – em 2004 e 2007 – em ambos os confrontos, com o ex-técnico Muricy Ramalho no banco de reservas: pelo São Caetano em 2004 e pelo Tricolor em 2007. 2) O último jogo entre as equipes no estádio do Morumbi ocorreu há 6 anos atrás, lá em 2012.

O São Paulo entrou em campo precisando vencer por dois gols de diferença para avançar direto às semifinais. Se ganhasse por um gol, a decisão da vaga seria nos pênaltis. O Azulão jogava pelo empate.

Diego Aguirre mandou o Tricolor a campo com a seguinte formação: Sidão, Militão, Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo, Jucilei, Liziero, Nenê, Marcos Guilherme, Valdívia e Santiago Tréllez. Aqui vale o destaque da volta do goleiro Sidão que entrou em campo empunhando a braçadeira de capitão.

Após o apito inicial, o Tricolor precisando do resultado começou o jogo a mil por hora! Aos 2 minutos, Tréllez recebeu a bola na entrada da área, arriscou de longe e quase encobriu o goleiro Paes, obrigando o arqueiro do São Caetano a fazer uma linda defesa. Aos 3 minutos, Marcos Guilherme recebeu na direita, e ao tentar fazer o cruzamento para a área, a bola pegou efeito para dentro e acabou pegando no travessão. Quase o gol do São Paulo!

Passada a tradicional pressão inicial nos 15 minutos, o São Caetano equilibrou a partida e mesmo o São Paulo tendo mais posse de bola e algumas chances de bola parada, em escanteios e faltas na intermediária, o velho fantasma da falta de criatividade rondou o Morumbi novamente. Mesmo com Liziero dando mais dinâmica ao meio de campo do São Paulo e velocidade na transição, ainda era pouco.

Aos 24 minutos, Sandoval recuou para o goleiro Paes, porém o arqueiro estava adiantado e foi obrigado a tirar a bola para escanteio, quase dando um gol de bandeja para o Tricolor. Valdívia trocou de lado com Marcos Guilherme mas a mudança não foi efetiva. O São Paulo a essa altura não tinha um plano de jogo e a falta de jogadas treinadas eram nítidas. O São Caetano passou a gostar do jogo e arriscou alguns contra-ataques. O mais perigoso deles aos 30 minutos, onde felizmente Ermínio e mais três jogadores contra os dois zagueiros do São Paulo, porém ele errou o passe para Nonato, acabando com a jogada de perigo.

Jucilei e Liziero eram os que mais arriscavam passes entre as linhas do São Caetano e tentavam clarear as jogadas. Nenê, Valdívia, Marcos Guilherme e Tréllez eram meros expectadores. O jogo continuou morno até os 38 minutos onde após cruzamento de Éder Militão e a furada do goleiro Paes, o zagueiro Bruno Alves isolou a bola de cabeça, ao pular sozinho no meio da área do São Caetano, perdendo clara oportunidade de gol. Ainda teve tempo para aos 43 minutos, novamente o Azulão chegar ao gol de Sidão em um contra ataque em que Chiquinho avançou na entrada da área, passou por Bruno Alves, puxou a marcação de Militão, mas na hora de cruzar para Erminio, livre, errou o passe. O árbitro do jogo Salim Chaves, ainda deu um minuto de acréscimo porém o Tricolor nada pode fazer, saindo vaiado de campo mais uma vez!

O segundo tempo começou com uma mudança forçada: após Valdívia sentir a coxa esquerda (fará exames amanhã para detectar o nível da lesão), Lucas Fernandes voltou em seu lugar. A torcida não perdoou e chamou Aguirre de burro, sem entender a necessidade da substituição. Com 1 minuto do segundo tempo, Reinaldo arriscou chute de fora da área levando perigo ao gol do Azulão. Aos 6 minutos o Tricolor levou perigo ao gol adversário, em mais uma vez numa jogada de Reinaldo, que cruzou na cabeça de Tréllez, mas ele cabeceou para fora.

Aos 10 minutos do segundo tempo, o torcedor São Paulino viu a novela que assombra o clube desde 2009 voltar a se repetir: falta de organização tática, falta de qualidade técnica, improvisação em jogadas individuais e então as vaias começaram a ecoar no Morumbi. Aos 12 minutos, o São Caetano passeava em campo rondando o gol do Tricolor com jogadas perigosas e mais posse de bola. Aos 15 minutos, o bandeira anulou de forma correta o gol de Nenê, ao pegar rebote do lance causado pelo impedido Tréllez.

Aos 16 minutos, o técnico uruguaio Diego Aguirre fez sua segunda substituição: trocou o apagado Marcos Guilherme por Caique. A mudança parece que surtiu algum efeito. Lucas Fernandes mais solto, ao 18 minutos, arriscou belo chute de fora da área e por pouco não abriu o placar no Morumbi!

Aos 19 minutos, o esforçado e brigador Santiago Tréllez, se redimiu após perder aquele gol incrível na última fase da Copa do Brasil. O goleirão Paes recebeu a bola recuada, demorou para chutar e Tréllez conseguiu travar. A bola subiu e o atacante conseguiu cabecear para o fundo das redes, fazendo a torcida Tricolor delirar com o tento marcado no oportunismo do Colombiano! Vale a menção: após o gol, o atacante são paulino correu até o banco de reservas e abraçou Aguirre, agradecendo pela confiança alcançada na titularidade após a chegada do comandante Uruguaio.

Após o gol, uma confusão tomou conta do gramado e o tempo fechou no Morumbi. O árbitro apaziguou os ânimos e amarelou Reinaldo e Diego Rosa. O jogo continuou morno e time do ABC recuou, passando a jogar com o regulamento embaixo do braço. O técnico Pintado fechou o time e mexeu aos 30 minutos, sacando Diego Rosa e Alex Reinaldo, colocando em campo Marino e Pedro respectivamente.

Aos 34 minutos, Aguirre foi para o tudo ou nada, fazendo a última substituição são paulina: sacou o jovem Lizieiro e colocou Diego Souza em campo, para atuar em sua posição de origem, como meia atacante.

E não é que deu certo?

Aos 39 minutos, Lucas Fernandes recebeu uma linda bola de Nenê, que tocou de calcanhar, e então fez o cruzamento na medida para Diego Souza cabecear no canto de Paes. A bola bateu na trave e caprichosamente foi para o fundo das redes! O resultado colocava o Tricolor nas semi-finais do Paulistão! Diego Souza comemorou com raiva e na comemoração levou cartão amarelo por tirar a camisa.

diego | Arquibancada Tricolor

Com o 2×0 o São Paulo cozinhou o jogo e nem mesmo os 3 minutos de acréscimos dados pelo árbitro paulista mais a pressão do time do Azulão foram suficientes para tirar a vaga das mãos do Tricolor!

Foi na raça e na sorte!

Diego Aguirre mostrou estrela em sua primeira decisão em jogo de mata mata!

Primeiro ao bancar o brigador Tréllez, que anotou seu primeiro gol no Tricolor Paulista. Depois ao substituir Lucas Fernandes após a contusão de Valdívia e apostar no tudo ou nada, escalando Diego Souza, deixando o Tricolor mais a frente, abrindo mão da “vantagem” de ir aos pênaltis. A dupla, junto com Nenê, foram os responsáveis pelo gol de desafogo! O Uruguaio foi então coroado com a vitória e a classificação!

Se tudo correr conforme o esperado, o Tricolor enfrentará o Palmeiras nas semi-finais do Paulistão. Diego Aguirre e o elenco terão condições de mostrar se a classificação de hoje foi apenas um acaso/sorte ou se realmente o time está começando a encaixar! A pressão não irá diminuir e está chegando a hora de separar os homens dos meninos!

Lembrando que os resultados positivos serão imprescindíveis para dar paz a nova comissão técnica e trazer a moral e o respeito de volta ao Morumbi.

Avante Tricolor!

Fernando Michelutti.

 

Fonte e Fotos: Papo de Arquibancada

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