Aguirre não foi demitido por conta dos “números”

A demissão de Diego Aguirre foi uma surpresa para muitos, e benquista por poucos. Após um segundo turno vexatório, mas mantendo o São Paulo se classificando para a Libertadores, o uruguaio foi demitido do cargo e André Jardine assumiu a vaga.

Usualmente, ao menos no Brasil, os treinadores são demitidos deliberadamente por não conseguirem atingir bons resultados na velocidade extraterrestre exigida pelas diretorias e torcidas. Aqui, o técnico é tratado como milagreiro, pai de santo, “salvador da porra toda”, e por aí vai. 

A demissão de Diego Aguirre não foge da regra. Maquiada por uma suposta “perda de vestiário”, birra de jogadores e ambiente ruim, a saída do técnico demonstra o quão reféns de jogadores eles são.

Me desculpem, mas fulano ou ciclano ficar bravo por estar no banco de reservas, além de atitude de mimado, é dono de um anti-profissionalismo ímpar! Nem Messi e Cristiano Ronaldo são insubstituíveis, por que um bando de jogadores que foram eliminados pelo Corinthians no Paulista, Atlético-PR na Copa do Brasil e Colón na Sulamericana, seriam?

Todas estas eliminações, por sinal, foram com Aguirre já no comando do São Paulo mas, ora, à época, ninguém quis a saída do treinador. Muito pelo contrário, elogiaram a campanha do time no estadual, já que quase nem se chegava em uma semi-final de Paulista. Na Copa do Brasil, fomos eliminados sob a chancela de “trabalho em construção do técnico”, bem como na Sulamericana.

Ou seja, todas as eliminações foram perdoadas por todos ou, pelo menos, postas no colo dos jogadores, não do treinador. Todos estavam amando o trabalho de Diego Aguirre.

Por sinal, o técnico colaborou e muito para que o São Paulo alcançasse uma improvável liderança no Campeonato Brasileiro e, pasmem, uma campanha com 15 vitórias, 13 empates e míseras 5 derrotas, apenas uma a menos que o líder do campeonato, isso em 33 partidas disputadas, com aproveitamento de 58,6%. Somente Muricy Ramalho e técnicos que treinaram o clube por poucas semanas tiveram aproveitamento superior, considerando os últimos anos.

Ninguém lembra que Diego Aguirre perdeu Éverton por lesão, perdeu jogadores importantes por suspensões adquiridas em cartões amarelos IDIOTAS, e por aí vai. Isso sem falar na arbitragem, que além de nos prejudicar, deu uma mãozinha para alguns concorrentes no G-4.

É sempre mais fácil mandar técnico embora, afinal, isso vem dando muito certo no São Paulo. Bem por isso, estamos numa fase ótima, sendo multi-campeões, ganhando de tudo e de todos, vencendo clássicos a rodo. Até parece….

A demissão de Diego Aguirre é mais uma para a conta da incompetência, impaciência e, também, da desorganização. A diretoria do São Paulo pratica estas três vertentes com um êxito que sói o São Paulo vem praticando, entre os grandes. Deixamos de ser exemplo e somos chacota há anos. Aparentemente, continuaremos sendo…

Diego Vicente Aguirre Camblor comandou o São Paulo em 43 partidas. Venceu 19, empatou 15 e perdeu 9, com aproveitamento de 55,8%. Foi demitido por querer trabalhar da forma que quisesse, não por fazer o que os outros queriam.

Obrigado, Aguirre!

*A opinião do colunista não reflete a opinião do site!

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