Análise dos reforços da era Rogério Ceni | OPINIÃO

Por Gustavo Nicolau – Twitter

Rogério Ceni chegou ao São Paulo no dia 13 de outubro de 2021, substituindo Hernán Crespo. De lá pra cá, em duas reformulações consecutivas sob seu comando, recebeu os seguintes reforços:

2022: Nikão, Patrick, Rafinha, Alisson, Jandrei, Colorado, ‪M. Guilherme, ‪Bustos, ‪A. Anderson, ‪Ferraresi, Galoppo e Felipe Alves.
2023: Pedrinho, Rafael, Wellington Rato, Marcos Paulo, Alan Franco, Jhegson Méndez e, agora, David.

Foram, portanto, 19 reforços no total, nas mais diversas posições (do gol ao ataque), em 15 meses de trabalho (1,26 reforço por mês). E o que aconteceu com eles? Vamos ver.

Nikão: chegou como o camisa 10 por um alto investimento, praticamente não jogou (mesmo quando não estava lesionado) e já saiu um ano depois.

Patrick: também veio por valores consideráveis e salário alto, demorou para entrar em forma e, depois que se firmou, brigou com o treinador e pediu pra sair. Vendido ao Galo.

Rafinha: titular, capitão e com contrato renovado.

Alisson: apesar de algumas lesões, nunca se firmou como titular, mas é um jogador que o técnico gosta.

Jandrei: ganhou a posição do Volpi, mas pouco tempo depois se machucou e não foi mais utilizado.

Colorado: chegou a pedido de Ceni, praticamente não jogou e foi devolvido.

Marcos Guilherme: chegou a pedido de Ceni, praticamente não jogou e foi devolvido.

Bustos: apesar do alto salário e do esforço da Diretoria em trazê-lo, Ceni disse publicamente que não o conhecia. Depois disso, praticamente não jogou e foi devolvido. Jogava em uma posição para a qual, após sua saída, o treinador pede reposição.

André Anderson: chegou a pedido de Ceni, praticamente não jogou e o clube se esforça para dispensar.

Ferraresi: demorou para ganhar oportunidades, sofreu críticas do treinador em coletivas e agora parece ter se firmado.

Galoppo: principal contratação, altíssimo investimento (maior compra da história) e praticamente não ganha oportunidades.

Felipe Alves: chegou a pedido do Ceni, mas já foi substituído pelo Rafael.

Pedrinho: já no primeiro jogo do ano, Ceni disse publicamente que o jogador não estava na sua “planilha”, que não é velocista e que, pra ele, é jogador de segundo tempo.

Rafael: chegou e estreou como titular, mas também já foi alvo de críticas públicas do treinador de que não sabe jogar tão bem com os pés.

Wellington Rato: chegou por um valor alto e com contrato de 3 anos (jogador já tem 30), estreou como titular e ganhou elogios na primeira partida.

Marcos Paulo: Ceni disse publicamente que o jogador não estava na sua “planilha” e que não é velocista que o time precisa.

Alan Franco: ainda não estreou, mas vem para um setor bastante concorrido.

Jhegson Méndez: ainda não estreou, mas Ceni já disse que apesar de o jogador render mais como primeiro volante (posição em que já temos Pablo Maia e Luan), quer utilizá-lo como segundo.

David: pedido especial de Ceni, atendido pela Diretoria no dia 16/01. Ainda não estreou, mas deve ganhar oportunidades como titular.

Tudo isso sem contar Neves e Calleri, que chegaram em julho de 2022, pouco antes de Rogério. Apesar de não serem contratações da era Ceni, ambos tiveram o contrato renovado já sob a batuta do treinador, o que obviamente pressupões sua aprovação. Calleri tomou conta da posição, fazendo valer o investimento, enquanto Neves demorou a se firmar e foi utilizado pelo treinador quase sempre fora de sua posição (é segundo volante e não primeiro). Com o excesso de estrangeiros e de jogadores da posição para a temporada de 23, mesmo após um investimento de 8 milhões pelo uruguaio – este sim já sob o comando de Rogério – talvez sofra para ser relacionado e ganhar rodagem neste ano.

Pois bem. Dos 19 reforços (tirando Neves e Calleri, renovados mas não contratados por Ceni):

Cinco deles já não estão mais no clube menos de um ano depois, incluindo o camisa 10 (26,3%);

Três ainda não estrearam (15,7%);

Seis destes são reservas (31,5%); e

– Apenas cinco são “titulares” (por enquanto, pois a tendência é esse número cair ou no máximo permanecer igual – 26,3%): Rafinha, Rafael, Rato, Pedrinho e Ferraresi.

O que isso indica, afinal: 1) Falta de profissionalismo da Diretoria, que contrata sem nenhuma sintonia com o que o treinador pede (será que foram 19 contratações feitas à sua revelia)? Ou 2) Pedidos ou aprovações do treinador totalmente equivocados? Apenas uma dessas duas alternativas pode ser verdadeira.

Seja ela qual for, em um clube, como é sabido, com enormes dificuldades financeiras, o erro custa caro demais (literalmente). Aquele discurso de que o São Paulo Futebol Clube só faria a contratação de jogadores titulares – pois, do contrário, buscaria na base – simplesmente inexistiu na prática. Paralelamente, todos, da diretoria à comissão técnica, vendem a ideia de uma reconstrução (a terceira reformulação em três anos, todas na gestão Casares) e pedem paciência à torcida, a única que realmente vem fazendo sua parte mesmo depois de tanto apanhar.

Rogério, que não utiliza 73,7% dos reforços que recebeu (três deles ainda precisam estrear, é verdade), a cada coletiva traz à tona o discurso de que ‘o time não tem sua cara’ e que ‘ainda faltam peças’, como se simplesmente não tivesse participado desse processo todo e da vinda de, repito, dezenove jogadores em quinze meses. Até quando esse discurso vai durar? Ceni é bom treinador, ídolo do clube e necessário para o momento que a instituição atravessa. Ponto. Mas precisa finalmente assumir a sua responsabilidade e fazer esse time jogar um futebol competitivo com o que tem nas mãos – que não é pouca coisa – algo que, com exceção de alguns lampejos de esperança, não aconteceu até aqui.


Por Gustavo Nicolau – Twitter

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

Siga-nos no Instagram, no YouTube e no Twitter. Conheça a nossa Loja.

Siga-nos no Instagram, no YouTube e no Twitter. Conheça a nossa Loja.

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Assumiremos que você concorda com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Ler mais