Antigamente

Foto: Rubens Chiri / São Paulo FC

Por Matheus Conceição – via e-mail

Antigamente, logo após o período de ouro com o tri campeonato brasileiro seguido, outros torcedores vinham falar constantemente sobre o São Paulo não ganhar títulos. Eu dizia que o futebol brasileiro era composto por pelo menos dez times com reais chances de conquistas e que era questão de tempo chegar a nossa vez, gigantes que éramos.
Durante um bom tempo, deixei claro aos rivais que estávamos sempre disputando, mesmo sem ganhar. E que, pela estrutura e tradição, hora ou outra venceríamos. Era natural.

Anos se passando e a situação se mantendo. Em meu pensamento, havia enorme diferença entre eles e a gente: a camisa realmente pesava e, mesmo incomodado com a sequência negativa, a história se repetiria e nós, uma espécie de Real Madrid brasileiro, nos imporíamos no topo. Sou da época em que torcer para o Tricolor era realmente moleza – como dizia Milton Neves.

A cronologia temporal passada me deu um belo tapa na cara. Hoje, reconheço nossa inferioridade perante a maioria dos rivais e, infelizmente, não vejo mais um “plot twist”. Nossos bastidores são conturbados, nossos cartolas são velhas raposas egoístas e incompetentes, além de já não termos nenhum chamariz, que não o amor, que possa seduzir craques para o time.

A realidade de nosso clube impõe o reconhecimento de que estamos no fundo do poço histórico. Nunca passamos tantos vexames e namoramos tantas vezes uma queda. O único alento é a nossa base – brilhantemente conduzida, mas erroneamente aproveitada. Somos um clube exportador de craques e só.

Eu queria ter uma solução para o São Paulo com este texto que vos escrevo. Mas ele é apenas um lamento. Um saudoso e triste desabafo que evidencia um torcedor cabisbaixo e que perdeu boa parte do orgulho em confiar no seu clube. Hoje, nos apoiamos uns aos outros, com uma união empenhada em lotar nosso estádio, na remota esperança de empurrar um clube desorientado e sem perspectivas.

Que saudade de antigamente.

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