Aos emocionados e iniciantes… | OPINIÃO

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É curioso ver as reações de alguns fãs emocionados nas mídias sociais a cada partida do Tricolor. Do céu ao inferno, de 8 a 80 na mesma rapidez que faz frio e calor na cidade de São Paulo.

Não estamos em um mar de rosas e críticas devem sempre ser feitas, mas construtivamente e não como alguns fazem dependendo do placar de cada jogo.

Quando vem uma vitória, não importa contra quem seja, chovem os superlativos “craque“, “joga muito“, “meu presida“, “cresponizado” e tantos outros. Mas espere o time perder um jogo, para ver.

Não vejo um meio-termo. Da mesma forma que existe a super exaltação, há os profetas do apocalipse pregar a luta contra o rebaixamento na terceira rodada do Brasileirão e menções que o título do Paulista (merecidamente conquistado e comemorado), não serviu para nada.

Os fãs, não-torcedores, em busca de likes

Logicamente é apenas uma parcela pequena da torcida que tem esse comportamento. Um agrupamento de pessoas, que talvez nem devesse ser levado a sério, e por isso mesmo, podem ser consideradas apenas como “fãs“.

O fã, na minha concepção, é alguém que tem uma admiração. Um interesse que pode ser passageiro e que se manifesta mesmo somente nos momentos oportunos: Vitórias marcantes ou derrotas importantes.

Ou então, aquele que admira um jogador e quando ele muda de time, esse fã, migra também para outro clube. Não é nada incomum esse tipo de cenário.

Esse comportamento é muito diferente do torcedor, que ama mesmo, acompanha o time e que sofre de verdade nos jejuns, mas sabe valorizar o trabalho e conquistas.

Com as mídias sociais, todo mundo quer ficar famoso ou ser um “influencer” de alguma coisa. Não é diferente no futebol, já que isso é até uma profissão para muitos. É curioso até vermos algumas pessoas que não se manifestavam ou assistiam os jogos, agora posando como grandes experts ou detentores de informações exclusivas.

Do nada… ou melhor, depois de um título, oportunamente.

Como se constrói um trabalho com o imediatismo?

A resposta para a pergunta acima é: Não se constrói. É impossível.

A todo o tempo, comenta-se que o futebol brasileiro precisa de uma filosofia diferente para mostrar melhores resultados, sanar problemas internos para construir um caminho de sucesso, mas é complicado ver que na prática isso não acontece.

Boa parte da imprensa também é culpada por inflar os fãs e parte dos torcedores mais imediatistas, gerando crises desnecessárias ou com pouco tempo de trabalho.

Pra quem não se lembra, o São Paulo anunciou em 12 de fevereiro (há apenas 4 meses) a contratação de Crespo e sua comissão técnica, que chegou com o desafio de reconstruir a moral de um time que entregou um Brasileirão na reta final, sem grana para contratação e ainda as dificuldades culturais e de idioma.

Nesse curto período, o time apresentou variações táticas, padrão de jogo e ganhou um título estadual depois de 16 anos, contra o rival que era o atual campeão da Libertadores e da Copa do Brasil.

E mesmo com todo esse cenário, sim, já há pessoas questionando se é o nome ideal para treinar a equipe.

O que esperar de um país com a cultura de moer técnicos e trabalhos em curto prazo?

A CBF implementou uma regra para este Brasileirão, tentando limitar a frenética troca de treinadores na temporada. Cada clube só poderá trocar uma vez o comandante da equipe durante a competição.

Mesmo assim, até a terceira rodada do Brasileirão, já ocorreram TRÊS trocas de treinadores: No Cuiabá, Chapecoense e Internacional SC.

Embora no São Paulo, a grande maioria dos torcedores, não demonstra insatisfação com Hernán Crespo e são cientes das dificuldades encontradas, ainda surpreende como há pessoas que acham que realmente colaboram agindo dessa forma.

O futebol é paixão, é visceral e intensidade, mas tem gente que precisa controlar a emoção aí.

Confrontos difíceis, desfalques por lesão e outros desafios

Será que no meio de toda a paixão fervorosa e incontrolável, é muito difícil raciocinar um pouco?

O São Paulo tem um elenco reduzido em termos de qualidade, comparado aos grandes favoritos ao título do Brasileirão (na minha visão, Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG). Com o calendário maluco, perdemos vários jogadores por lesão e desgaste físico. E isso porque há reclamações até quando se poupa jogadores.

Enfrentamos na primeira rodada, um Fluminense embalado, que faz boa e surpreendente campanha na Libertadores, depois o Atlético-GO, time muito arrumado e que está em ótima fase, com 1 derrota em 26 partidas. Depois, enfrentamos um dos favoritos ao título, na casa deles e com desfalques.

Isso não apaga as más partidas que o time tem feito. Há jogadores que parecem estar em clima de ressaca, mas destaco há algum tempo aqui, que são na verdade, fracos para atuar no São Paulo.

O time perdeu o foco e as más atuações de vários jogadores, não se justificam apenas pela ausência de referências como Benitez, Daniel Alves, Luan e Arboleda. Falta elenco de qualidade e isso não é novidade nenhuma.

Em um elenco combalido de qualidade, quando você perde três ou quatro peças titulares, é uma catástrofe. E é isso o que está acontecendo no momento, já que a tabela também não ajudou nessas primeiras rodadas, e pegamos times complicados.

A chance de recuperação: Chapecoense

A grande chance de dar uma virada nesse momento ruim é uma vitória sobre a Chapecoense na quarta-feira. Sem conversa, é ganhar e convencer.

Na sequência, já temos o Santos, fora de casa e o Cuiabá no Morumbi. São partidas em que deve ocorrer o retorno de alguns lesionados, especialmente no setor mais carente da equipe: Benitez, na criação.

Não é uma “passada de pano“, como os fãs emocionados gostam de se referir a quem não concorda com eles e nem uma visão super otimista, de que está tudo lindo e maravilhoso. Longe disso.

Verdades que doem

É muito difícil tentar olhar racionalmente, mas a nossa realidade hoje é enxergar que não temos um elenco para brigar em três competições de bom nível ao mesmo tempo. É muito difícil imaginar o São Paulo vencendo o Brasileirão e acredito que a briga é por um G4, com a vaga na fase de grupos da Libertadores.

Não há dinheiro em caixa para grandes investimentos e teremos que ir para o restante da temporada com o que temos em casa hoje. Quem sabe, priorizar os mata-mata na Copa do Brasil (que tem ainda o lado financeiro) e buscar ir longe na competição que amamos passando pelo Racing.

O São Paulo é muito maior que isso! Claro. Mas essa é a realidade que temos.

Agora desculpe-me, mas pregar rebaixamento e cornetar o treinador na TERCEIRA RODADA do campeonato, pra mim, é ser emocionado demais.

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*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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