Carrinhos e Firulas – As viúvas de Aguirre e os riscos da “Operação Cuca”

A coluna Carrinhos e firulas é escrita pelo Victor Oliveira e sempre será publicada às sextas, contendo muitas análises sobre o Tricolor!

São Paulo eliminado na primeira fase da Libertadores, contra o pequeno Talleres-ARG, num jogo medonho em pleno Morumbi, no qual a equipe tricolor não chutou uma bola sequer no gol. Um vexame. Já discutimos em colunas anteriores o quanto a diretoria do São Paulo tem de responsabilidade em mais um fiasco. Entretanto, nem só de fracasso vive a nossa diretoria, ela consegue algumas realizações inacreditáveis.

O desempenho do São Paulo no começo do ano foi tão ruim que fez surgir em redes sociais e até em veículos renomados de comunicação algumas viúvas de Diego Aguirre, treinador do clube até novembro. Dizem que a troca de técnico não era necessária e que Aguirre fazia um bom trabalho. De fato, olhando apenas para os resultados, após um ano lutando para não cair, Aguirre conseguiu colocar o São Paulo na disputa pelo título brasileiro. Alguns fatores, porém, colaboraram para tal.

Durante o primeiro turno da competição, fase de melhor desempenho do São Paulo, as grandes equipes estavam quase todas concentradas em outras competições, como Libertadores e Copa do Brasil, escalando times alternativos ou cm titulares desgastados pelas viagens. Já o Tricolor, concentrado apenas no Brasileirão e com jogos esporádicos da Sul-Americana, conseguia vencer jogos com um futebol defensivo e jogadas de ataque baseadas em contra-ataques.

Foi justamente o péssimo poder de criação ofensiva que fez a equipe cair no segundo turno, quando o estilo de jogo tornou-se previsível e o campeonato mais afunilado, com os times fortes concentrados exclusivamente na competição. Não deu outra. Logo o São Paulo despencou e foi ultrapassado por Palmeiras, Flamengo, Grêmio e Internacional. A fraqueza no ataque é característica dos times que Aguirre dirigiu no Brasil. Mesmo o Inter-RS, em 2015, contando com Nilmar e Lisandro López penava para criar jogadas e o Atlético-MG, em 2016, com Pratto, Robinho, Cazares, entre outros, também tinha imensa dificuldade em furar bloqueios defensivos. Não à toa, Aguirre foi demitido logo após as eliminações na Libertadores e não deixou saudades entre os torcedores.

Como o momento tricolor é horrível e o vexame na Libertadores foi estrondoso, surgiram defensores do trabalho do técnico, visto que a desorganização tática e apatia no ataque fizeram alguns sentirem saudades do time que não criava, mas perdia de pouco ou segurava o 0x0. Mas não para por aí. A diretoria tricolor quer voltar a ser pioneira.

Para atingir o objetivo, inovou na troca de treinador: Jardine vai deixar o comando técnico do time, mas seguirá como funcionário do clube, ou na base ou com alguma função na comissão técnica. Para o seu lugar, a diretoria contratou Cuca. Mas como está doente, Cuca só vai assumir depois do Campeonato Paulista. Até lá, o então coordenador técnico, Vagner Mancini, assume o time. Confuso? Nada. É a diretoria ultra-moderna.

Essa operação embute alguns riscos. Grandes, frise-se. O primeiro deles consiste no desempenho do time com Vagner Mancini. Ultimamente, os trabalhos de Mancini como técnico foram focados em salvar equipes do rebaixamento. Há mais de uma década não há um trabalho vitorioso do técnico. O mais provável é que o time não engrene nas mãos do técnico. Agora sem a Libertadores, estará tudo certo para a Diretoria abrir mão do Campeonato Paulista? Ou vai haver uma troca do interino no meio da competição, em caso de desastre? Quem assumiria? Jardine?

Sejamos otimistas também. Mancini pode fazer um trabalho de redenção na carreira e levar o Tricolor ao título do Paulistão. Com bom desempenho à frente do clube, o trabalho será interrompido e Cuca vai assumir em quais condições? Como os jogadores lidarão com a mudança? E Mancini seguirá no clube, voltando ao cargo de Coordenador? Seria uma sombra e tanto para o novo técnico.

Outra hipótese. Cuca está em recuperação de uma delicada cirurgia cardíaca. Como ficará este acordo caso o treinador não possa assumir, em havendo complicações ou por quaisquer outros problemas relacionados? O clube vai retomar a busca por um novo técnico ou vai apostar de vez em Mancini? Até quando?

De qualquer jeito, a Diretoria já se encarregou de jogar o ano de 2019 no lixo. Será um feito extraordinário, de fato, se o time conseguir absorver os impactos de ter três técnicos diferentes (no mínimo) no ano e ainda trouxer resultados expressivos dentro de campo. Na realidade, porém, o torcedor já pode se preparar para novas eliminações em Paulistão e Copa do Brasil, além de um desempenho mediano no Brasileirão. Melhor já pensar em 2020.


Victor Oliveira. Tenho 26 anos, moro em São Carlos-SP. Sou Engenheiro de formação e trabalho como Analista Financeiro. Sou apaixonado pelo Tricolor desde pequeno, quando comecei a acompanhar os jogos pela TV. Neste espaço, farei análises fortes como carrinhos, carregando a sutileza de uma firula.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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