Carrinhos e Firulas – Até quando vamos comemorar apenas contratações?

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

A coluna Carrinhos e firulas é escrita pelo Victor Oliveira e sempre será publicada às sextas, contendo muitas análises sobre o Tricolor!

Entramos em 2019, no 11º ano sem títulos de expressão do São Paulo. Houve a Copa Sul-Americana, em 2012, mas é difícil que algum torcedor guarde saudades daquela equipe ou saiba sua escalação de cabeça. Em todos os outros torneios disputados, o clube colecionou fracassos, além de brigar para não cair em três edições recentes do Brasileirão. Nesse período, as maiores glórias do São Paulo foram…contratações, que acabaram funcionando como uma cortina de fumaça para a Diretoria no relacionamento com a torcida.

O método era evidente, e passou pelas gestões de Juvenal Juvêncio, Carlos Aidar e, agora, Leco: repatriar jogadores renomados, de preferência com passagem vitoriosa pelo São Paulo, renovando o ânimo da torcida e um sopro momentâneo em ações de marketing. O início se deu em 2010, com a chegada do lateral-direito Cicinho, campeão mundial com o clube em 2005. Mais à frente, o clube ainda acertaria com Ricardo Oliveira, de volta após a curta passagem de quatro anos antes. Já em 2011, o grande nome anunciado pela Diretoria foi Luís Fabiano, que havia utilizado a camisa 9 da Seleção Brasileira na Copa 2010 e voltava ao clube depois de 7 anos. Sua festa de apresentação no Morumbi teve 45 mil pessoas.

No ano seguinte, o clube investiu pesado para tirar Ganso do Santos, que também foi apresentado para um grande público, antes do jogo contra o Cruzeiro no Brasileirão. Antes, o Tricolor já havia trazido o meia Jadson, então na Ucrânia e que já havia passado pela Seleção Brasileira. Em 2013, ano que o clube rondou muito a zona de rebaixamento, a grande aposta da diretoria foi o zagueiro Lúcio, com passagens por Bayern de Munique, Juventus e Seleção Brasileira. No jogo mais importante do ano, contra o Atlético-MG, o zagueiro foi expulso ainda no primeiro tempo e prejudicou demais o time, que acabou perdendo o jogo e sendo eliminado logo depois.

Em 2014, foi a hora de trazer de volta um jogador com status de melhor do mundo: Kaká. A chegada foi apoteótica no Morumbi, em um domingo de manhã, com direito a show com cantores são-paulinos e camisas personalizadas. Depois do ídolo, a direção ainda trouxe Michel Bastos, outro jogador de Copa do Mundo, e apontado como grande nome para aquela e as próximas temporadas, além de ter pagado alto valor para tirar o atacante Allan Kardec do Palmeiras. Já em 2015, após intensa campanha da torcida nas redes sociais, o São Paulo foi buscar Centurión no Racing-ARG, que também chegou com camisa e até logotipo personalizado, mas não vingou.

Nos últimos anos, a diretoria apostou nos ídolos da década vitoriosa. Em 2016, trouxe o zagueiro Lugano, já em idade bem avançada e muito longe das condições físicas ideais para jogar. Em 2017, trouxe Hernanes, naquele que foi o grande ponto de virada para a reação do time no Brasileirão e a fuga do rebaixamento, e também já tinha trazido Lucas Pratto, artilheiro argentino, vindo do Atlético-MG. Já em 2018, o clube apostou em Diego Souza e Nenê, que começaram bem, mas não apresentam bom futebol há meses. E, em 2019, a estrela é novamente Hernanes, anunciado com pompas e alvo de grande expectativa da torcida.

A chegada desses grandes jogadores é também reflexo da política de contratações e montagem de elenco do São Paulo: o clube vende jogadores jovens e recém-saídos das categorias de base e traz jogadores caros e experientes para repor. Consequência é o aumento da folha salarial e a dificuldade em manter um time-base entrosado por muito tempo, dadas as diversas alterações no elenco. Ou seja, o prejuízo é duplo: técnico e financeiro.

Após o vexame na primeira fase da Libertadores, a diretoria pode tentar fazer mais uma contratação de impacto para acalmar os ânimos da torcida. Muito se fala em Pato, outro jogador com boa passagem recente pelo Clube e que se encontra na China. Será o nosso “título” de 2019?


Victor Oliveira. Tenho 26 anos, moro em São Carlos-SP. Sou Engenheiro de formação e trabalho como Analista Financeiro. Sou apaixonado pelo Tricolor desde pequeno, quando comecei a acompanhar os jogos pela TV. Neste espaço, farei análises fortes como carrinhos, carregando a sutileza de uma firula.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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