Carrinhos e Firulas – Deixa o Jardine trabalhar!

Foto: Rummens

A coluna Carrinhos e firulas é escrita pelo Victor Oliveira e sempre será publicada às sextas, contendo muitas análises sobre o Tricolor!

No primeiro desafio para valer da temporada 2019, o Tricolor foi derrotado por 2 a 0 pelo Santos. Pior do que a derrota foi o desempenho do time, muito abaixo do esperado e em alguns momentos da partida sendo completamente envolvido pelo toque de bola do time alvinegro. Para completar, o time são-paulino praticamente não levou perigo ao gol defendido por Vanderlei ao longo dos 90 minutos.

Foi o suficiente para parte da torcida são-paulina decretar mais um ano de fiascos e fracassos do Tricolor Paulista. Esse é o resultado de uma década mal planejada, excesso de soberba da diretoria, diversas trocas de treinador, derrotas em série para os principais rivais, campanhas ruins no Brasileirão e a ausência de títulos.

Toda temporada se inicia com um turbilhão de expectativas sobre o time e ansiedade para um bom desempenho, de preferência com a conquista de uma Taça importante. Sendo assim, um jogo ruim, contra um rival no início de temporada é o fim do mundo. Soma-se ainda as derrotas na Florida Cup e alguns torcedores já se apressam em pedir a cabeça de Jardine, para que o São Paulo volte a jogar bem.

Jardine é a tentativa (espero) de um planejamento de longo-prazo, que visa implementar uma filosofia nova no futebol do São Paulo, através da integração entre as categorias de base e o time profissional, com todos os times jogando da mesma forma: com ofensividade, valorizando a posse de bola e a busca incessante pelo gol. Trocar o técnico logo no começo do ano é render-se ao imediatismo falido das temporadas anteriores. Pelo contrário, os jogos iniciais são importantes para enxergar erros e trabalhar para corrigi-los.

Por exemplo, duas coisas ficaram patentes ao torcedor no decorrer da partida. A primeira foi o péssimo rendimento do garoto Helinho, facilmente marcado pela zaga santista e que saiu no intervalo, substituído por Diego Souza. Talvez, Jardine poderia tê-lo tirado do jogo ainda no primeiro tempo e colocado um jogador mais agudo na posição. Ficou a dúvida sobre o comportamento de Helinho nos próximos jogos “grandes”.

O outro problema apresentado pelo time foi o meio-campo. Esse setor foi uma completa nulidade e falhou em todas as suas funções: marcar os adversários e municiar os atacantes. O ataque santista composto por Soteldo e Gonzalez a todo momento aparecia nas costas dos volantes tricolores e estavam no mano-a-mano com os defensores. Já Nenê, o armador do time, foi facilmente marcado pela equipe praiana, e não conseguiu articular o jogo com os pontas Helinho e Everton, nem com Pablo e depois Diego Souza.

Aliás, um problema recorrente em 2018 voltou a dar as caras agora: o isolamento dos jogadores de ataque. Os pontas, cada qual do seu lado, fizeram poucas tabelas com Nenê e Pablo no primeiro tempo, e no segundo tempo seu papel resumiu-se em levantar bolas na área para Diego e Pablo tentarem alguma coisa no jogo aéreo. Além disso, foi comum ver o goleiro Tiago Volpi dando chutões para o ataque, tentando fazer ligação direta.

Hudson e Jucilei são volantes que tornam o meio-campo pouco dinâmico, por não fazerem a cobertura área-a-área, tendo apenas características de marcação. O ideal seria atuar com apenas um deles em campo, no máximo, e um outro volante mais dinâmico. Entretanto, um jogador com essas características está em falta no elenco, sendo Liziero quem mais se aproxima desse tipo de atleta. A diretoria poderia retomar a busca por reforços, indo atrás de um jogador para esta posição.

Já quanto à articulação de jogadas ofensivas, ficou claro que Nenê não suporta jogos de alta intensidade e acaba sumindo na marcação adversária. Será substituído por Hernanes, o que deve melhorar essa situação. Porém, ainda resta o isolamento dos três jogadores de ataque. Uma possibilidade é tirar um dos pontas e colocar mais um articulador no meio-campo, voltando ao esquema 4-4-2. Novamente, o problema é ter apenas Nenê e Hernanes para a posição, já que Everton Felipe mostrou-se pouco efetivo e os demais atletas também são velocistas.

Uma opção, tanto para encontrar volante como meio-campista, é explorar o mercado sul-americano buscando uma boa oportunidade, como aconteceu na contratação de Joao Rojas, atacante que estava se destacando e substituindo bem Marcos Guilherme até se machucar, já na reta final do Brasileirão 2018.

A Diretoria, se realmente está pensando em um projeto de longo-prazo, deve dar as condições para o técnico Jardine colocar o trabalho em prática. Evidentemente, espera-se proatividade do treinador em identificar o que não está funcionando e promover alterações, sem ser teimoso em manter jogadores e esquema por sucesso anterior. E para a torcida, mais paciência e menos ansiedade, nada de trocar uma conquista de Paulistão por algo que pode colocar o Tricolor na disputa de grandes títulos por anos.

Victor Oliveira. Tenho 26 anos, moro em São Carlos-SP. Sou Engenheiro de formação e trabalho como Analista Financeiro. Sou apaixonado pelo Tricolor desde pequeno, quando comecei a acompanhar os jogos pela TV. Neste espaço, farei análises fortes como carrinhos, carregando a sutileza de uma firula.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rummens

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