Carrinhos e firulas – Tradição do clube vs. experiência do elenco em Libertadores

Foto: Rubens Chiri

A coluna Carrinhos e firulas é escrita pelo Victor Oliveira e sempre será publicada às sextas, contendo muitas análises sobre o Tricolor!

Após dois anos longe do torneio internacional mais cobiçado pelo torcedor, que mantém uma relação de obsessão, sempre lotando o Morumbi nos jogos e empurrando o São Paulo para as vitórias, o Tricolor está de volta à Copa Libertadores da América em 2019.

É comum ouvirmos que a Libertadores é uma competição diferente das demais, com atmosfera própria nos jogos, muita catimba e provocações de adversários, além de jogadas violentas e arbitragens caseiras. A tradição e experiência prévia no torneio são apontados como diferenciais nos momentos decisivos da competição.

Ao lado de Santos e Grêmio, o São Paulo é o brasileiro com mais títulos da Libertadores, com três conquistas. A camisa que enverga varal na competição é bastante respeitada e temida por adversários nacionais e estrangeiros. Entretanto, a mesma tradição e imponência na Libertadores não é visualizada no atual elenco são-paulino. Os únicos campeões do torneio estão na Diretoria (Raí e Lugano) e na Comissão Técnica (o preparador físico Carlinhos Neves). Entre os jogadores, nenhum sagrou-se vencedor na competição. E apenas sete atletas já a disputaram.

O lateral-esquerdo Reinaldo esteve na campanha de 2015, na qual o São Paulo foi eliminado nas oitavas de final pelo Cruzeiro, e também foi um dos grandes nomes da Chapecoense na campanha de 2017, marcando dois gols e uma assistência. O time foi eliminado na primeira fase por conta de uma punição por escalação irregular.

O volante Jucilei participou das Libertadores de 2010 e 2011 pelo Corinthians. Na primeira, o clube foi eliminado pelo Flamengo nas oitavas de final, enquanto na segunda amargou um dos maiores vexames do futebol brasileiro, perdendo para o Tolima (COL) ainda na fase pré-Libertadores. Também com duas participações na Libertadores está o ponta Everton, todas pelo Flamengo. Em 2014 foi eliminado na fase de grupos, assim como em 2017.

O meia Nenê, que teve brilho no início da temporada passada, mas terminou com rendimento muito abaixo fez parte da campanha do Santos em 2003, que perdeu a final para o Boca Juniors. Ele era reserva naquela equipe, que contava com Elano, Diego e Robinho. Outro vice-campeão da competição é o atacante Diego Souza, destaque do Grêmio em 2007 e também derrotado pelo time argentino na final. Diego ainda disputou as Libertadores de 2009 pelo Palmeiras (eliminado pelo Nacional-URU) e 2012 pelo Vasco, eliminado nas quartas de final pelo Corinthians, jogo no qual Diego Souza perdeu um gol inacreditável, que poderia ter mantido viva a piada do Corinthians sem Libertadores.

O volante Hudson já disputou duas Libertadores pelo Tricolor. A primeira em 2015, com a eliminação pelo Cruzeiro nas oitavas e a segunda em 2016, na última campanha memorável do São Paulo na competição, infelizmente encerrada na semifinal contra o Atlético Nacional-COL. O volante era um dos destaque do time comandado por Edgardo Bauza, que contava com o zagueiro Maicon, o meia Ganso e o atacante Calleri em grande fase.

A grande contratação, ídolo da torcida e referência técnica da equipe, o meia Hernanes disputou as Libertadores de 2007, 2008, 2009 e 2010 pelo Tricolor. Na última, antes de ser vendido para a Lazio, teve grande desempenho na campanha interrompida na eliminação para o Inter-RS na fase semifinal. Hernanes ainda acumulou experiência na Champions League e disputou a Copa do Mundo de 2014 pela Seleção Brasileira.

No elenco são-paulino ainda aparece uma grande quantidade de jogadores jovens e outros já com experiência internacional, como o zagueiro equatoriano Arboleda. O técnico, André Jardine, também é jovem e terá seu primeiro teste de fogo no torneio continental. O São Paulo vai disputar duas fases de mata-mata, logo no início do torneio. A primeira contra o argentino Talleres. Caso vença, a equipe pode enfrentar o Independiente-COL ou Palestino-CHI. Chegando na fase de grupos, o time vai ingressar num grupo com Internacional-RS, Alianza Lima-PER e o atual campeão River Plate-ARG.

Reinaldo, Hudson, Hernanes e Diego Souza devem ser os “capitães” do time na competição, contando com o suporte de Arboleda, Bruno Peres e Pablo, jovem atacante que foi artilheiro na conquista da Copa Sul-Americana pelo Athletico em 2018. Com embates difíceis logo no início, será a chance de observar se a falta de experiência do elenco em Libertadores pode pesar em eventual eliminação ou ser superada e dar início a uma arrancada rumo ao tetra. Do último elenco são-paulino que disputou a Libertadores, apenas Hudson é remanescente. A ausência de dois anos no torneio somadas às reformulações pelas quais o elenco, com maior utilização de atletas vindos da base, explica a pouca rodagem do elenco na competição. Fora de campo, os diretores Raí e Lugano terão papel fundamental na transmissão de experiência e aconselhamento dos jogadores e, principalmente, da comissão técnica.

A expectativa da torcida são-paulina por títulos é enorme, visto que não levantamos uma taça desde 2012, na conquista da Copa Sul-Americana. Entretanto, é necessário ter paciência e prudência para acompanhar a evolução do time, sendo o desafio do técnico Jardine fazer o encaixe ideal das peças à disposição. Outro ponto fundamental é a diretoria não fazer uma nova reformulação no meio ou final da temporada, mantendo a base para os próximos anos. Desta forma, o time ganha casca e entrosamento, credenciando-se a disputar os grandes títulos. Foi assim na última era de títulos do clube, entre 2005 e 2008, quando o time começou a ser montado em 2004 e manteve-se com pequenas alterações até 2009.

Victor Oliveira

Victor Oliveira. Tenho 26 anos, moro em São Carlos-SP. Sou Engenheiro de formação e trabalho como Analista Financeiro. Sou apaixonado pelo Tricolor desde pequeno, quando comecei a acompanhar os jogos pela TV. Neste espaço, farei análises fortes como carrinhos, carregando a sutileza de uma firula.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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