Carta Tricolor – O novo velho São Paulo que mira o Sol

Foto: Rummens

A Carta Tricolor é escrita pelo Ednaldo de Sá e sua publicação ocorre sempre às terças-feira. Clique aqui e conheça o índice da coluna.

Assistir ao Paulistinha é uma experiência um tanto semelhante às práticas masoquistas. Para deixar bem claro desde já: o blogueiro aqui tem horror a estes desarranjados campeonatos estaduais! Nunca me importei com o fato do Tricolor estar desde 2005 sem levantar a taça do estadual. O jogo-treino contra o Mirassol vai mais além do placar porque reafirma que o “jeitão” de como o time terminou 2018 será quem vai dar o pontapé inicial na temporada 2019. Paciência é o remédio aconselhável para quem estava ávido por um novo generalizado.

Quando o nome de Jardine foi ventilado no comando do São Paulo, havia uma expectativa enorme que o estilo de jogo tricolor tivesse uma aproximação maior do rotulado “futebol moderno europeu” do que da estratégia reativa que predomina especialmente no futebol sul americano. Em outras palavras, novamente o São Paulo mudaria radicalmente sua maneira de jogar em busca da tão desejável identidade de jogo. Só por isso a diretoria já podia estudar a mudança do mascote do clube para um camaleão. Afinal, incrivelmente neste período da seca, nunca houve tanta alternância de filosofia de jogo. Entretanto, o que se viu em campo foi um tricolor amordaçado a alguns aspectos de 2018, inclusive da Era Aguirre mais conservadora e, pelo menos em tese, conflituosa com os pensamentos interiores de Jardine. 

Embora se saiba que Jardine havia se comprometido com uma suposta transformação radical na filosofia de jogo do time, o blogueiro não tenta de nenhuma maneira repreender esse aspecto do novato treinador. Nunca se deve esquecer que Jardine está também se auto-reconhecendo ainda para desempenhar este papel. Na mesma esteira de consolidação de filosofias, o SPFC busca se acomodar em um nicho como na década passada, marcada pelo tão característico 3-5-2. Jardine sabe que há uma margem muito pequena para aventuras, embora eu as considere como fundamentais para a mudança de rota da embarcação tricolor. Correr riscos e coletar fracassos inevitavelmente serão etapas necessárias para que verdadeiramente a aura tricolor tenha uma mudança estruturante.

O novo São Paulo de início de ano talvez nem seja tão diferente dos anos anteriores. É fácil perceber isso quando num jogo inaugural há a presença significante de aspectos que marcaram o clube no ano passado. O mesmo Jucilei estava lá, a escolha por Hudson, o apego ao Nenê… Aqui não é uma tentativa de tirar para Cristo esses jogadores, mas propagandearam no final do ano que a efetivação de Jardine simbolizaria uma transformação forte nas estruturas do time sob o escudo de um discurso pró “futebol leve e dinâmico”. 

Talvez tenha havido uma frustração no sentido de que fosse possível uma renovação estruturante na forma de jogo apresentada. Porém, talvez também não fosse necessário passar por outra curva de transformações para finalmente se enxergar um cenário de futuro em que a “síndrome do bananismo” cesse. É bastante cedo, e os sentimentos e convicções ainda continuam um tanto turvas… É o São Paulo desta década, não tem como fugir disso, mirando o Sol.

Ednaldo de Sá

Ednaldo Benicio. Tenho 24 anos, sou graduado em Eng. Química e moro em Fortaleza. Desde os meus 7 anos, cultivando a paixão tricolor longe dos arredores do Morumbi.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rummens

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