Carta Tricolor – Quando da descrença se faz uma crença…

Foto: Rummens

A Carta Tricolor é escrita pelo Ednaldo de Sá e sua publicação ocorre sempre às terças-feira. Clique aqui e conheça o índice da coluna.

Por mais que haja renovação nas expectativas do torcedor tricolor após a passagem de mais um ano de mãos vazias, é inevitável não pensar naqueles detalhes que eventualmente (ultimamente tem sido mais normalmente mesmo, perdoando a rima com o sufixo desde já) podem conduzir o torcedor a mais um ano frustrante. Nesse quesito, o torcedor deveria estar bastante preparado para que essa dura realidade se imponha novamente, embora a boa parte da torcida prefira sempre traçar o caminho da construção de esperança prévia como tentativa de acreditar numa coisa que no fundo muitos duvidam que ocorra efetivamente.

Em 2018 não havia expectativa mínima de minha parte de que as coisas seriam diferentes. Aí veio um futebol torto nas quatro linhas que se traduzia em vitórias. Tudo bem, eram triunfos magros, mas tudo bem também porque foram com elas que, de repente, o São Paulo se viu de cara com o título do campeonato brasileiro. Eu ainda desconfiava muito daquilo porque sei o quanto é complicado e raro acontecer de um time praticar um péssimo futebol em campo e triunfar em um campeonato de 38 rodadas.

Não, não me venham falar de ausências de jogadores e outras justificativas pueris que não atenua a dor da “síndrome do fracasso”. Embora reconheça o fato de eu não ter acreditado naquela ilusão, jamais imaginaria que a queda viria acompanhada de uma retumbante hecatombe ao ponto do time não ter mostrado sequer a capacidade de segurar uma vaga para a fase de grupos da Copa Colonizados da América (aka: Libertadores). Ah, sem contar que no final aquelas duas partidas finais contra o Vasco e Sport foram o selo “bananice tricolor” tão usual nos tempos atuais.

Poderia me apropriar do espaço aqui e jogar mais um monte de exemplos que nos farão relembrar dos tempos, nem um pouco gloriosos, de vexames. No entanto, basta lembrar que daqui a pouco o time vai estrear em um campeonato, o paulistinha, que pouco me apetece, para evidenciar o óbvio e o recorrente questionamento vir à tona: como o São Paulo Futebol Clube consegue ficar 13 anos sem um título desse mísero torneio?

Se o SPFC for comparado com os rivais então… Melhor nem irmos muito a fundo neste assunto porque é rival com uma crise estrutural financeira por causa de estádio vencendo no que pode, tem rival com menos orçamento que tascou um beijo na Libertadores em 2010 e outro que foi e voltou da segunda divisão e já se encontra numa situação em que seus torcedores já não concebe mais ao clube a “regalia” de conquistar apenas o Campeonato Brasileiro. O “soberano”… Bem, estava incrivelmente fazendo uma campanha indecente de segundo turno em 2018… Não, eu não vou esquecer aquilo tão cedo.

Claro que a “síndrome da bananice” não aconteceria sem uma contribuição generosa da diretoria são-paulina. Em tempo, democratizem urgentemente estas eleições e devolvam o poder de controle do clube aos torcedores! Chega daqueles de sempre que acham que são proprietários de uma parte do clube eternamente!

 No entanto, 2019 está entre nós, parece que parte do torcedor esquece os Colón em 2018, a Ponte Preta em 2013, o Avaí de 2011, a Penapolense de 2014, o Defensa y Justicia de 2017, o Juventude de 2016… Perdoe-me os otimistas de plantão, mas infelizmente não dá para ignorar esta conjuntura crônica por causa do Hernanes, Pablo, Igor Vinicius, Léo e todos os demais novos integrantes da tripulação tricolor.

 Para não iniciar o blog de forma demasiadamente corneteira e desacreditada, devo lembrá-los que em 2004 eu estava com o mesmo sentimento, e provavelmente muitos de vocês viram no que deu a partir do ano seguinte até 2008. Enfim a conferir. Pelo menos não foi por falta de uva que deixei de renovar o mínimo estado de espírito necessário para acreditar mais uma vez.

Ednaldo de Sá

Ednaldo Benicio. Tenho 24 anos, sou graduado em Eng. Química e moro em Fortaleza. Desde os meus 7 anos, cultivando a paixão tricolor longe dos arredores do Morumbi.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rummens

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