Coluna do Felipe – A base está pronta?

A Coluna do Felipe é publicada às quintas-feiras pelo Felipe Morais e sempre trará detalhes sobre a rica história do Tricolor! Clique aqui e veja todas as edições da coluna.

Amigos Tricolores

Estou escrevendo bastante sobre a base ultimamente, afinal, sem dúvida é quem, nos últimos anos, tem nos dado alegrias, porque o time profissional está bem complicado. Nos últimos 7 anos, tivemos um título de Sulamericana, que para mim, é torneio de 2º escalão, um vice-campeonato quando Kaká, Ganso, Pato e Luis Fabiano comandavam o São Paulo ao lado de Muricy e Rogério Ceni e um período de liderança ano passado no Brasileirão com Aguirre no comando e Nenê jogando muita bola. Pouco para o time multicampeão do São Paulo FC! Pouco para quem detém 3 títulos mundiais, coisa que não é para os rivais!

Não estou criticando!

Eu já escrevi aqui que sou um dos apoiadores da base, de novo, é quem nos dá alegria!  Sem a pressão que é o time principal, a base conseguiu tempo para trabalhar e Jardine, é um grande responsável por isso. Temo que ele não tenha tempo no titular que teve na base e daqui a pouco ser “fritado” pela imprensa, torcida e diretoria. Ai, não há quem segure! E pensar que Telê Santana perdeu títulos no começo da sua 2ª trajetória pelo São Paulo, porém, a competente diretoria comandada por Pimenta e Del Rey o bancou. Deu no que deu!

Vida do jogador

99,9% vem de origem muito humilde e tem no futebol, talvez, a única saída para melhorar de vida. Sabemos o quão precário é o ensino publico nos dias de hoje, e não por culpa dos bravos professores do estado, que lutam para um ensino melhor. Sabemos da falta de cultura, nem sempre há dinheiro para livros, mas todos tem uma TV em casa e muitos são “educados” por BBB e novela, ou seja, a cultura no país é algo seríssimo! Os pais, humildes que também não tiveram cultura e trabalham em empregos, com dignidade, mas que pagam mal como pedreiro, faxineiro, porteiro – nada contra, são profissões importantes e que sustentam de forma honesta milhares de lares – dificulta a vida da família. Nesse meio, surge um filho, que sua diversão é jogar bola na rua. Talento a gente nasce! Depois aprimora. O garoto é o “rei” do campinho do bairro, é o melhor jogador da sua classe, talvez da escola.

O “câncer” do futebol, chamado empresário, fica de olho e vai conversar com os pais, humildes, não sabem negociar e o jogador assina um contrato com um empresário e em troca ganham uma cesta básica por mês ou pagam uma conta de luz atrasada e pronto, vendeu a alma para o empresário que quer ficar milionário em cima do pobre jogador. Tem casos e mais casos que vemos por ai de jogadores que, até ganharam dinheiro, mas não fizeram história no país, casos como Lucas Piazon, David Neres, Luiz Araújo, Breno, Casemiro, Lucas Evangelista, Bruno Uvini, Mazola entre outros. Nomes aqui que você nem lembrava que passou pelo São Paulo. Agora, imagina esse empresário, chegando para um “moleque” de 16 anos, que passou a vida com as dificuldades acima citadas, que vê seus pais ganhando 2,5 mil reais, juntos, morando na favela, tendo que pedir comida para a tia e de repente um cara promete 10 mil reais de salário? Fama? Jogar na Europa, ganhar em Euro. Mexe com a cabeça de quem é “elite”, imagina quem tem não tem acesso cultura, infelizmente, uma enorme realidade no Brasil.

Quem é esse?

Essa é a realidade da molecada. Ontem, não eram ninguém, hoje, são estrelas. Eu me lembro, em Março de 2017. Lucas Pratto estreava pelo São Paulo. Fui nos camarotes do São Paulo fazer uma ação do livro do Telê Santana. Ao sair, um jovem vem em minha direção com o uniforme de treino do São Paulo. Passa no meio de vários torcedores. Não chama a atenção. Eu olho e fico com aquela impressão “não é estranho esse cara…” ele passa por mim, cabeça baixa, tímido. Sai no meio da torcida, e olha que tinha mais e 55 mil pessoas aquele dia. Vai até a rua. Espera por alguns minutos, pega um táxi e se vai. Eu viro para o Rodrigo, meu amigo e dono da Editora Inova (do livro do Telê) e digo que esse menino não era estranho, em voz alta. O segurança me diz “esse é o Luiz Araújo, jogou hoje. Moleque tem futuro…” dias depois, ele jogou contra o Santos, na Vila, fez 2 gols e caiu nas graças da torcida que dias antes mal o reconheceram. Então, vem o Lille e oferece 800 mil reais de salário por mês. Quem segura?

Trabalhar a cabeça

Longe de mim criticar a base, como disse, sou um fã! Mas há de se entender que as vezes, o garoto tem talento, tem potencial, mas não tem maturidade para aguentar. Helinho pode ser mais um caso. Alguém duvida do seu talento? Mas vamos ser racionais, ele fez um golaço contra o Flamengo. E depois? O que ele fez naquele jogo? O que tem feito em campo? Lembram algum passe para gol? Algum chute perigoso? Algum drible desconcertante? Ele não esqueceu como se joga, apenas, pode ser, que a sua cabeça não esteja pronta para jogar contra o Santos, no Pacaembu lotado, em um time que desse 2008 não ganha um importante titulo! Há quem defenda que ele precisa de mais tempo em campo para adquirir confiança, eu já acho que o Jardine precisa poupar, deixar ele mais no banco e dar atenção para o Biro-Biro, colocando Helinho aos poucos. A torcida vai pedir, dá confiança para o garoto, mas é preciso trabalhar sua cabeça. Já questionei porque vir Biro Biro, Tréllez, Gonzalo se tem Toró, Antony, Fabinho e Helinho, mas pensando bem, as vezes, a molecada não está com a cabeça pronta.

Militão X Lucas Fernandes

Olhando os dois na base, qual você apostaria? Lucas Fernandes, claro! Meia esquerda, faz gols. Aparece mais do que um zagueiro. Os dois tiveram sua chance, Lucas, tímido, ainda não vingou. Foi para Portugal, saiu da zona de conforto, outro país, outra cultura, outra pressão. Ao que parece, está se saindo bem e corre o risco de nem voltar ao São Paulo. Militão, entrou no time e de cara, personalidade, titular absoluto, vendido rapidamente. André Plihal, dizia que o São Paulo sentiria muito, foi criticado e xingado no Twitter, coincidência ou não, o São Paulo teve a queda pós Copa, já sem o lateral/zagueiro, que se tornou um sucesso na Europa em poucos meses. Personalidade, preparo, não sentiu o peso das camisas. Talvez isso esteja ocorrendo com Helinho.

Não estou no CT para ver isso, mas é a percepção que tenho. Helinho na base era protagonista. A pressão era bem menor e ele pode ficar mais leve. Agora ele é coadjuvante, ainda, uma promessa com enorme potencial, mas a pressão é maior. Infelizmente, já vimos esse filme com Renatinho, Sérgio Mota, Lucas Evangelista e que não vingaram, espero que Helinho tenha, o sucesso de Lucas Moura, Breno, Militão, David Neres, pois quanto mais a base vier forte, mais o São Paulo tem chances de títulos e gastando o mínimo possível em contratações.

Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br

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Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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