#ColunaAT – Férias pra quê?

Foto: Rummens

A TRIbuna do Braga é escrita pelo Rodrigo Braga em todas às sextas.

Faltam dois jogos para terminar o calvário são paulino neste primeiro semestre de 2019. Depois, vem a tão aguardada parada do Brasileirão para a Copa América, e poucos clubes apostam tanto no período para corrigir os erros de planejamento até aqui como o São Paulo. A parada virou uma espécie de tábua de salvação da temporada.

Mas aí qual não foi meu espanto ao descobrir que os jogadores terão 10 dias de férias durante a paralisação, entre os dias 14 e 23 desse mês de junho? Eu, você aí que está lendo, todo torcedor tricolor, suponho, se pergunta: férias pra quê? Se os outros clubes vão fazer isso, problema deles. Não sei dos outros, mas o São Paulo está se arrastando fisicamente. Segundo tempo de qualquer jogo é um sofrimento, com o time morrendo em campo. Sem falar na coleção interminável de jogadores lesionados, muitos deles voltando agora a ter condições para treinar. Precisa mesmo de férias, comissão técnica? Alô, direção! Não bastassem os números horrorosos da temporada até o momento, é evidente que o São Paulo é, disparado, o clube em pior situação física dos jogadores. Estes dias não seriam importantes para recuperar terreno perdido em relação aos demais e, principalmente, corrigir as bobagens de ter optado por uma pré-temporada festiva ao lado do Mickey e do Pateta? Os reflexos da maldita Flórida Cup estão sendo sentidos até agora, e quando se tem a chance de corrigir ou pelo menos minimizar isso, o clube dá férias no meio do ano para os jogadores voltarem todos gordos e fora de forma novamente, para recomeçar tudo do zero? É isso mesmo, produção?

Sou contra. Os jogadores têm no final do ano as férias obrigatórias pela CLT, como qualquer cidadão comum. Além disso, repito, esta não é uma temporada normal. Há muitos erros graves de planejamento que precisam ser corrigidos com urgência, sob pena de seguirmos nos arrastando no segundo semestre.

Vamos rever isso aí, por favor! Minha sugestão: 3 a 5 dias de folga (não férias), com obrigações e restrições para não comprometer a já tenebrosa parte física, e depois disso inter temporada intensiva em Cotia, com foco na questão física e no trabalho em campo para termos, enfim, um time com “cara de time” em campo. Não é hora de férias. Não no São Paulo.

Reforços e dispensas

Outra prioridade dos dias sem jogos: reforços, se vierem, precisam ser certeiros. Chega de jogador para compor elenco, desses já temos bastante. Dispensas precisam ocorrer de uma vez por todas, para que Cuca trabalhe com o elenco que deseja. E quem ficar, precisa ser cobrado para que dê o seu algo a mais para tirar o São Paulo desse marasmo.

De chorar

Tem circulado nos últimos dias uma lista que é para fazer qualquer torcedor são paulino chorar de raiva. Nela consta que o clube gastou R$ 23 milhões com Trellez, Diego Souza e Everton Felipe, e os dois primeiros já foram emprestados de graça para outros clubes da Série A e o terceiro está a caminho disso. E que R$ 23 milhões é, por exemplo, o valor que o Flamengo gastou para comprar do Santos o ótimo atacante Bruno Henrique. Planejamento, algo que foi esquecido nos últimos tempos pelos lados do Morumbi.

Se este mau uso do dinheiro do clube não é motivo para impeachment de toda a direção, então sinceramente não sei mais o que poderia ser…

Alerta

Rodrigo Caio sempre foi ótimo jogador. Mas deu o tremendo azar de surgir no São Paulo na época errada. Acabou, injustamente, carregando nas costas o peso de ter virado símbolo (por ter sido um dos poucos a ficar bastante tempo) dos fracassos do time nos últimos anos. Tinha que sair, não resta dúvidas, até para o bem da carreira dele. Mas a ótima fase do zagueiro no Flamengo, recuperando a confiança e o excelente futebol, escancara como o São Paulo, com sua crise interminável, virou um moedor de talentos nos últimos anos. Que isso sirva de alerta para que não aconteça com os garotos que estão surgindo agora, de enorme potencial como era Rodrigo Caio, mas que, se não forem cuidados, serão tragados pela crise também.


Rodrigo Braga. Tenho 40 anos, sou um paulista, paulistano e são-paulino radicado em Santa Catarina, onde há mais de 20 anos atuo como jornalista. Fui editor de esporte e participei de coberturas de Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos e outros eventos internacionais. Sou louco por futebol, mas, principalmente, sou louco pelo São Paulo Futebol Clube.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rummens

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