#ColunaAT – Fortaleza e São Paulo: Um Ceni em cada cor

A Carta Tricolor é escrita pelo Ednaldo de Sá e sua publicação ocorre sempre às terças-feira. Clique aqui e conheça o índice da coluna.

Quando Fortaleza e São Paulo perfilarem em campo na Arena Castelão às 18:50h, um fato épico estará ocorrendo que, possivelmente, ficará registrado na minha memória até a morte. Muito provavelmente, o que assistirei das arquibancadas no domingo será um sussurro de meu avô. Certamente, a imagem do Rogério Ceni ali na beira do gramado será símbolo que jamais esquecerei.

No próximo domingo, Fortaleza e São Paulo entram em campo pela quarta rodada do BR19. Na ocasião, Rogério Ceni será o protagonista do duelo. Meu maior ídolo do futebol, Ceni estará no domingo defendendo outras cores tricolores, mas, tudo bem, não sou ciumento nem mesmo possessivo, ainda mais por se tratar das cores do time do meu avô, principal pessoa na minha vida que me ajudou a gostar de futebol.

Como meus amigos que me leem sabem, sou cearense e moro em Fortaleza. Desde criança, curtia jogar futebol, mas não tinha um time preferido. Meu avô entrou em jogo e me apresentou o São Paulo. De início, torcer SPFC era símbolo de gozação, ainda mais logo após aquele campeonato brasileiro de 2002, quando muitas crianças da minha geração eram movidas à paixão dos meninos da Vila do Santos.

Não tardou muito e recebi meu primeiro uniforme de futebol dele, do São Paulo, claro. Inscrevi-me nas peneiras, mas a miopia que emergia na época evitou a concretude do meu sonho de ser jogador de futebol. Torci São Paulo então. Vieram títulos e mais títulos e surgiram na mesma proporção lovers e haters pelo Soberano. O futebol finalmente tinha uma veia apaixonante para mim, afinal eu sempre curti “racionalmente” o futebol, mas confesso que ter a paixão por um clube é muito melhor.

Meu avô era cearense e tivera um filho que logo depois morrera de uma doença degenerativa. Entretanto, esse meu tio, que jamais o conheci, tornou-se um torcedor fanático do Fortaleza. Na época, o Fortaleza era bem forte, tanto que abocanhou dois vice-campeonatos da Taça Brasil na década de 60 (o que hoje seria o Campeonato Brasileiro). Após a morte do meu tio, meu avô repartiu o coração tricolor como forma de homenageá-lo. As gerações se sucederam, e a divisão da paixão pelo SPFC e Fortaleza continuou, é algo da nossa tradição familiar.

No domingo, será o dia de rever em algum lugar do estádio meu avô. Não sou religioso, mas sou espiritualista. Sei que, de algum modo, sentirei a presença dele junto comigo. Da torcida do SPFC, desejarei sorte ao meu tio. Na imagem de Ceni, relembrarei o último jogo junto com meu avô em 2005 naquele mesmo estádio para ver até então goleiro. Uma história familiar entrará em campo no domingo. Obrigado, futebol.


Ednaldo Benicio. Tenho 24 anos, sou graduado em Eng. Química e moro em Fortaleza. Desde os meus 7 anos, cultivando a paixão tricolor longe dos arredores do Morumbi.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

Receba notícias do SPFC no WhatsApp e Telegram.
Siga-nos no Instagram, no YouTube e no Twitter.

Foto: Divulgação

Compartilhe esta notícia