#ColunaAT – Paciência. Muita paciência

Foto: Rubens Chiri - saopaulofc.net

A TRIbuna do Braga é escrita pelo Rodrigo Braga em todas às sextas.

Ser são-paulino nesta década é viver como se estivesse em uma montanha-russa eterna. A empolgação sobe na mesma medida que as decepções se empilham. Até semana passada, o time que se formou no meio do Paulistão era cantado em verso e prosa, mas bastaram dois tropeços seguidos para o clima de desolação voltar para os lados do Morumbi. Não deveria ser assim, pois o clube só vai sair desse looping macabro se todos, diretoria, torcida, jogadores, comissão técnica, tiverem convicção de que o trabalho que está sendo feito pode render frutos adiante. E é preciso ter muita paciência ao longo desse caminho. Se não for assim, já dá para imaginar aonde vai parar mais esta aventura.

Bastidores

O São Paulo caiu na armadilha tática do time do Bahia. E o pior, caiu duas vezes seguidas! É preciso reconhecer méritos nos dois bons jogos dos baianos no Morumbi, dentro daquilo que se propuseram. Mas como não estou aqui para comentar as coisas do Bahia, prefiro focar nas preocupações com o São Paulo: desfalques em excesso, falta crônica de um centroavante, Liziero fazendo muita falta no meio-campo, Hernanes meia-boca (e já estamos quase em junho). Tudo isso é verdade e atrapalha o desempenho do time, sem dúvida, mas além desses fatores, me preocupa a fragilidade do Tricolor nos bastidores da bola. O Bahia bateu os jogos todos (mais no domingo do que na quarta), e Liziero foi vítima de uma entrada criminosa que merecia vermelho direto, como já havia ocorrido com o flamenguista Thuler em lance com Pato. Ambos não levaram nem cartão, e nos dois casos as expulsões com certeza mudariam completamente as partidas. Já Toró, em lance no máximo para amarelo, levou vermelho. Ninguém quer ser favorecido, mas também passou da hora de a direção tricolor cobrar da CBF a coleção de erros prejudiciais ao clube.

Superação

Não acho nenhum absurdo o São Paulo vencer o Bahia na quarta-feira na Fonte Nova, até porque os baianos deverão propor jogo diante do seu torcedor, coisa que não fizeram um minuto sequer nos jogos do Morumbi. Mas será um confronto muito duro, e que vai mais uma vez definir os destinos do Tricolor na temporada. Se conseguir passar, segue para as quartas de final (só depois da Copa América), quando já terá um time sem tantos desfalques e mais acertado pelo Cuca. Ou seja, se chegar lá, é outra competição, será um São Paulo bem mais forte. Mas o problema é que será preciso chegar lá, reverter a vantagem do adversário e tudo isso precisará ser feito com esse time atual, todo remendado e cheio de improvisações. Será um jogo de superação pura na Fonte Nova.

Sai, zika!

É inexplicável o retrospecto do São Paulo esse ano (e mesmo no final do ano passado) no Morumbi. Coisa para ser muito debatida internamente para ser entendida e revertida de uma vez. Felizmente, agora o Tricolor só volta a jogar em casa depois da Copa América (ainda terá um jogo como mandante diante do Cruzeiro, mas será no Pacaembu), e fora de casa o time tem jogado bem. E é bom acabar com esse retrospecto, pois o próximo jogo no Morumbi será o clássico contra o Palmeiras, justamente nossa única derrota em casa no Brasileirão passado.


Rodrigo Braga. Tenho 40 anos, sou um paulista, paulistano e são-paulino radicado em Santa Catarina, onde há mais de 20 anos atuo como jornalista. Fui editor de esporte e participei de coberturas de Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos e outros eventos internacionais. Sou louco por futebol, mas, principalmente, sou louco pelo São Paulo Futebol Clube.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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