De cabeça fria

Por Bruno Giardino

Um pênalti acidental (para não dizer polêmico), um apagão coletivo no começo do segundo tempo e eis que o filme se repete: o que começou em festa mais uma vez terminou em eliminação em casa, desta vez contra o bem treinado Atlético-PR. Mais uma vez, silêncio na saída do estádio, torcedores de cabeça quente discutindo entre si na arquibancada e tentativas de apontar o(s) culpado(s) por mais um fracasso. A bela atuação contra o Rosário Central e o primeiro tempo de ontem foram por água abaixo em questão de minutos.

É inútil pedir paciência ao torcedor neste momento. Mas é necessário reconhecer que o Atlético-PR foi mais organizado e dedicado a maior parte dos 180 minutos – por algumas vezes, deu a impressão que eles eram o Tricampeão Mundial e nós, o time de menor expressão. Méritos para Fernando Diniz e a diretoria do clube paranaense, que bancaram o sistema inovador do treinador. Se a eliminação de ontem não tivesse ocorrido em uma fase tão crítica de nossa história, certamente seria digerida com mais serenidade.

É necessário também observar que há evolução no time. Ouvi muitos torcedores rotulando Diego Aguirre como retranqueiro, mas, exceto pela escalação de Militão na ala esquerda, acredito que Diego Aguirre fez o certo ontem. Em competições anteriores, formações mais agressivas só deixaram o time mais exposto. Finalmente, as declarações de Aguirre após a partida foram honestas, admitindo o fracasso ao invés de transferir a culpa ou se esconder atrás de estatísticas. Bola pra frente, vamos trabalhar mais.

Outros criticaram o elenco – e, em especial Rodrigo Caio, visto por muitos como a imagem de uma geração derrotada e que não se incomoda com a derrota. Há deficiências no elenco, é fato, assim como algumas peças estão rendendo aquém do que podem. Porém, outros times tem elencos semelhantes ou até piores em termos de qualidade e estão em melhor fase. O Atlético-PR é um exemplo. Quanto ao zagueiro, não sou fã do seu futebol, mas não pode levar (sozinho) a culpa. Respirar novos ares, no entanto, fariam bem a ele e ao SPFC.

O São Paulo precisa daquilo que menos dispõe no momento: tempo (criticas a diretoria à parte). Temos time para passar pelo Rosário Central e para terminar o Brasileiro sem frequentar o Z4. Acredito que Aguirre está fazendo certo ao dar mais ênfase ao sistema defensivo, tentando construir um time a partir de defesa sólida. Não é feio jogar por uma bola, no erro do adversário. Precisamos ganhar antes de querer jogar bem.

Não é o São Paulo que nos acostumamos a ver, mas faz parte de um processo de recuperação da confiança e da auto-estima de um elenco que pode render mais.

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