Depressão pós-clássico

A TRIbuna do Braga é escrita pelo Rodrigo Braga em todas às sextas.

A gangorra são-paulina de 2019 não termina. Após duas vitórias em casa, uma delas muito boa contra o Galo, vaga no G-4 consolidada, parecia que teríamos paz enfim nesta reta final de temporada. Mas aí veio o jogo na casa do Palmeiras, de retrospecto bisonho, e voltamos à depressão com mais uma atuação sofrível. Não, a questão aqui não é a derrota no clássico fora de casa, o que não é nenhum absurdo, mas sim a forma, mais uma vez, como ela ocorreu. Eu não sei dizer o que acontece, um apagão geral se abate sobre o time como um todo nestas situações. Até a defesa, a melhor do campeonato e de atuações impecáveis, teve uma noite para esquecer no Palestra Itália. Só Volpi e Vitor Bueno se salvaram do desastre no clássico, e temos que agradecer por ter sido só 3 x 0 (cabia mais) e pela vaga no G-4 estar garantida pela gordurinha das rodadas anteriores. Mas é muito pouco, convenhamos, então que a partida ridícula sirva de lição para as nove rodadas finais do Brasileirão. Na lista, jogos difíceis e decisivos, contra o Santos na Vila e o Grêmio na Arena, adversários diretos na briga pelo G-4. Nos demais, é obrigação do São Paulo se impor em casa (como vem fazendo com Diniz) e fora de casa (como ainda não fez com o novo treinador) se quiser terminar o ano com a vaga direta na Libertadores da América.

Os adversários

A disputa pelo G-4, que é a que nos restou, será diretamente com o Grêmio e o Santos, podendo ainda ter a participação do Internacional. O Corinthians a meu ver está fora dessa briga. Hoje, o viés de alta é do tricolor gaúcho, que está encostando, e o São Paulo vai enfrentar todos eles ainda – Grêmio e Santos fora de casa e o Inter no Morumbi. Ainda recebe o Athletico, que já se garantiu na Libertadores mas está ali no bolo e certamente fará jogo duro. Se quer mesmo a vaga como tem sido o discurso, será preciso se impor dentro de campo como o gigante que é. Do contrário…

Números, números

Esta semana uma prévia do balanço financeiro do clube causou reações variadas, ao projetar um prejuízo de R$ 77 milhões nas contas de 2019. Insisto, clube de futebol não é banco, mas ainda assim é preciso ler com mais frieza para não distorcer os números. É certo que as quedas precoces na Libertadores e na Copa do Brasil provocaram queda considerável na arrecadação, sem falar na não venda do ex-tricolor David Neres pelo Ajax. A direção apostou em possibilidades e quebrou a cara, faz parte. Mas investiu pesado mesmo assim no elenco, o que não deve se repetir em 2020 uma vez que o elenco está praticamente formado, e as vendas de atletas vão ocorrer certamente, sem desmanches, então as contas voltarão a se equilibrar, ponto. Preocupação com balanço realmente não pretendo ter, eu quero é time bom e vencedor, o resto (inclusive as contas) se resolve com títulos.

Muricy eterno

Tem como não aplaudir Muricy Ramalho e seu amor do jeitão Muricy pelo São Paulo? O vídeo dele que circulou nesta semana resume de maneira perfeita o que sente o torcedor são paulino nesta última década. Precisamos virar esse jogo, e apesar de alguns acertos recentes aqui e acolá, essa virada não será com Leco no comando, mas sim com o espírito e o exemplo de gente como Muricy Ramalho, que precisa voltar de qualquer forma ao dia a dia do clube (como diretor, supervisor, sei lá).

Ajustes

Insisto, o time está evoluindo sob o comando de Fernando Diniz, apesar do desastre no clássico. Só que algumas questões precisam de solução. Exemplo, não dá mais para insistir com o Pato como falso centroavante, o que nos faz jogar com um a menos. Raniel não é exatamente um Luis Fabiano, mas nesse momento acho que pode cumprir melhor esse papel enquanto Pablo não volta (aliás, volta quando?). Antony e Daniel Alves também ainda precisam achar de uma vez por todas a melhor posição em campo. No mais, vejo melhoras significativas em relação à pasmaceira e o balaio de gato que era o time do Cuca.


Rodrigo Braga. Tenho 40 anos, sou um paulista, paulistano e são-paulino radicado em Santa Catarina, onde há mais de 20 anos atuo como jornalista. Fui editor de esporte e participei de coberturas de Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos e outros eventos internacionais. Sou louco por futebol, mas, principalmente, sou louco pelo São Paulo Futebol Clube.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Divulgação / Twitter @SaoPauloFC

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