Espaço do Torcedor – A grande vitoriosa da Copa São Paulo 2019

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A final da quinquagésima Taça São Paulo de Futebol Júnior não inspira maiores divagações. O São Paulo sagrou-se tetracampeão, em uma final emocionante contra o também muito bom time do Vasco, ganhando com méritos após uma campanha de superações. Contudo, em um plano de fundo não menos importante, há uma história que se sobreleva e demonstra o quão humano é o esporte e o quão grande podem ser os seus praticantes.

Larissa, pequena torcedora do time do Morumbi de apenas seis anos, cruzou os caminhos do expressinho tricolor no jogo contra o Mirassol, pelas oitavas-de-final da competição. Ela, que, infelizmente, padece de um tumor no cérebro, entrou de mãos dadas com a joia Antony; que, por sua vez, comovido com a sua história, prometera-lhe um gol. E o fez. Não foi qualquer gol: um golaço, de extrema categoria, no segundo tempo do jogo. Emocionado, ajoelhou-se ao gramado e dedicou seu gol a ela.

A partir dali, Larissa virou motivação, inspiração e símbolo de força para a equipe. O São Paulo, com uma ótima campanha, chegara a mais uma final – a segunda consecutiva -, com grandes chances de levar o título que não vinha desde 2010. Afora o peso da simbólica edição do torneio, de ser o aniversário da cidade e do próprio clube, havia o desejo de poder dedicar o título para aquela pequena são-paulina, guerreira como milhares de outras pessoas pelo mundo, que luta pela sobrevivência e tem no esporte um refúgio para os pesares da vida.

Nos vestiários, lá estava ela. Linda, sorridente e ansiosa para ver os garotos do São Paulo em mais uma partida no Pacaembu. Ela recebeu o grupo ainda na descida do ônibus e fez questão de abraçá-los, um por um, com efusivo destaque para Antony, com quem já criara uma proximidade maior. Antes de entrar em campo, boa parte raspou o cabelo para homenageá-la. Dentre eles, Rodrigo Nestor, que pediu para que Larissa pessoalmente raspasse o seu cabelo. Ele houvera perdido, recentemente, uma irmã de dezesseis anos, em razão de uma leucemia.

Sobre o jogo, o time brilhou. Apesar do empate e da ida para os pênaltis, a luz estava presente desde o momento em que foram conhecer a pequena Larissa. Os sonhos dela, naquele momento, confundiam-se com os dos ainda jovens promissores garotos, que conseguiram mais um troféu para a vitoriosa equipe de Cotia. Mas o gesto nobre do elenco em acolher e homenagear a menina não pode passar despercebido.

Mais do que um título de Copinha, o que fica, em uma tarde comum de garoa em São Paulo, é o sentimento de que sempre há espaço para a compaixão, a esperança, o amor e o cuidado em todos os âmbitos da vida. O esporte, sem dúvidas, perfaz-se como grande válvula de escape para muitas outras crianças que passam pelo mesmo problema de Larissa. Ali, quando da taça levantada, no colo de Antony, não estava mais apenas uma garota. Estava um anjo, no auge de sua felicidade, comemorando a conquista de sua equipe do coração.

Não é questão de falar de esporte ou de solidariedade. É expor que isso não é, nem na base, apenas um jogo. A grande vencedora da Copa São Paulo de 2019 se chama Larissa. E ela brilha, intensamente, na vida e no coração de cada um que conheceu a sua história. Viva, pequena Larissa.   

Matheus Conceição

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