Na estreia de Crespo, São Paulo escancara falta de criatividade | OPINIÃO

Rubens Chiri / saopaulofc.net

No último domingo, o São Paulo estreou no Paulistão 2021 contra o Botafogo-SP, dois dias depois de ter vencido o campeão do Brasileirão, o Flamengo. A partida terminou empatada em 1 a 1. O Tricolor saiu atrás no primeiro jogo de Crespo, mas buscou o empate com Arboleda.

Para não entrar nesta questão mais adiante no texto, o gol anulado de Pablo por conta do impedimento de Daniel Alves é, minimamente, discutível. A cabine, comandada por Raphael Claus, posicionou a linha do jogador são-paulino na manga da camiseta, o que caracterizou o impedimento, mas a imagem não chega perto de ser conclusiva. No apagar das luzes no Morumbi, o VAR voltou a entrar em ação, dessa vez para checar um possível pênalti em Hernanes. A bola havia saído em escanteio para o Tricolor, mas o árbitro, após a checagem concluída, encerrou a partida. Abordada essa questão, vamos à análise sobre a atuação (ou a falta dela).

São Paulo e Botafogo empatam no Paulistão
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Ao longo do jogo, o São Paulo trocou 587 passes e teve mais de 77% de posse de bola de acordo com o Footstats. Com essas estatísticas, era de se esperar uma superioridade absurda e ela de fato existiu, mas não se transformou em chances e, muito menos, em gols. O resultado pode até não espelhar o que foi a partida, mas deixou claro uma deficiência que Hernán Crespo terá de corrigir.

O elenco do São Paulo não é criativo ou, ao menos, não está em uma fase de tanta criatividade. O time entrou em campo com um esquema já velho conhecido do torcedor, o 3-5-2. O elenco jogou com Reinaldo e Igor Vinicius abertos como alas e três meias, Igor Gomes, Gabriel Sara e Daniel Alves, esse último que jogava mais atrás, perto dos zagueiros. Pela ausência de Luan e a escolha pelo esquema com três zagueiros que fornece, em tese, maior solidez defensiva, Crespo abriu mão de um volante de contenção e deu mais liberdade para os meias tricolores pensarem o jogo. Não foi o que aconteceu.

O primeiro tempo foi de pouquíssima, para não dizer nenhuma, inspiração. O time finalizou seis vezes, três no alvo. O que impressiona é a contagem de cruzamentos. Na primeira etapa foram 26 cruzamentos, com apenas quatro certos. Igor Gomes era o único que tentava algo diferente, se infiltrando entre as linhas do Botafogo e tentando furar a marcação do adversário com passes em profundidade.

Aos três minutos do segundo tempo, o Botafogo-SP, na sua única finalização certa, abriu o placar. Aí a criatividade foi para o espaço. O trunfo do São Paulo virou o chuveirinho. Crespo chegou a ficar incomodado na beira do campo com a quantidade de jogadas aéreas tentadas pelos jogadores e começou a mexer no time. O empate saiu, por insistência, em bola alçada na área.

São Paulo e Botafogo empatam no Paulistão
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Em busca da virada, o técnico argentino sacou Léo e Igor Vinicius e colocou Bruno Rodrigues e Galeano o que deu ao time uma característica escassa nos jogadores tricolores, o drible e velocidade. O segundo gol (e anulado por impedimento) saiu com uma bela jogada do Galeano que tocou para Pablo na pequena área. Mesmo assim, o time continuou cruzando bolas para a área. Ao longo dos 90 minutos, a equipe do Morumbi cruzou 54 bolas, com apenas 10 acertos.

Não é novidade que falta um jogador de velocidade pelo lado do campo, mas a ausência dessa característica entre os atletas tricolores faz com que o São Paulo fique previsível. Sem conseguir construir jogadas com triangulações pelo meio, o time fica refém de bolas lançadas na área. Esse é um dos maiores desafios de Crespo à frente do São Paulo Futebol Clube, mudar esse marasmo que impera no Cícero Pompeu de Toledo.

Que fique claro. Não há como julgar o trabalho de Hernán Crespo durante o Paulistão. Sem treino, sem folga e conhecendo os atletas e o futebol brasileiro, não há como definir o desempenho do técnico argentino. Simples assim.


*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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