O São Paulo caminha na direção do Cruzeiro, sem um Ronaldo para comprá-lo | OPINIÃO

Salão Nobre Morumbi - Foto: Marcos Ribolli

A cada dia que passa, vemos o desempenho do time em campo frustrar a torcida com resultados ruins, inúmeros reforços de qualidade duvidosa e questões extracampo, lembrando o que aconteceu com o Cruzeiro, recentemente.

Porém, em paralelo ao que é apresentado nas quatro linhas, vamos acompanhando situações muito preocupantes, sem os holofotes para a grande massa da torcida, e extremamente danosas ao São Paulo FC.

Além de todas as coisas que tenho comentado aqui nos últimos anos, e não quero ser repetitivo, há duas situações recentes, que mostram um pouco mais sobre o tenebroso caminho que o clube vai caminhando.

Empréstimos

Mesmo sem a publicação do balanço financeiro do São Paulo, surgiram na mídia algumas publicações sobre superávit nas contas do clube, mas ao mesmo tempo, vários empréstimos com bancos, foram aprovados pelo conselho do clube.

A estratégia do clube é trocar pendências de curto prazo pelas de longo prazo. Assim, o Tricolor ganharia fôlego para equacionar débitos e ganhar musculatura financeira com maiores receitas e uma política de austeridade. Porém, para cada empréstimo, é preciso dar garantias e se comprometer com receitas futuras, caso não consiga honrar os pagamentos.

Há uma aprovação interna no conselho, para que o São Paulo possa captar R$120 milhões em empréstimos, porém, esse valor já teria sido ultrapassado.

De acordo com o levantamento de Alexandre Giesbrecht do Anotações Tricolores, somente em 2022, foram captados um total de 13 empréstimos com um valor total estimado entre R$ 83M a R$ 97M, já que nem todos os valores foram revelados.

Nos quatro primeiros meses de 2023, já foram aprovados 7 empréstimos com valor total estimado de R$ 50M. Veja a lista completa abaixo:

Empréstimos realizados pelo São Paulo em 2022: entre R$ 83 milhões a R$ 97 milhões

  • 15/3 – Banco Rendimento – valor não revelado
  • 15/3 – Tricury – valor não revelado
  • 19/4 – BTG Pactual – R$ 20 milhões
  • 23/5 – Tricury – valor não revelado
  • 27/6 – Daycoval – R$ 12,2 milhões
  • 27/6 – Banco Rendimento – R$ 5 milhões
  • 27/6 – Banco Rendimento – R$ 8 milhões
  • 18/10 – Daycoval – R$ 5 milhões
  • 18/10 – Banco Rendimento – R$ 5 milhões
  • 18/10 – Tricury – R$ 9 milhões
  • 1/12 – Tricury – R$ 3,5 milhões
  • 1/12 – Bradesco – R$ 11 milhões
  • 1/12 – Rendimento – R$ 5 milhões

Empréstimos realizados pelo São Paulo em 2023 (até 14/04): R$50 milhões

  • 20/3 – Banco Rendimento – R$ 4 milhões
  • 20/3 – Banco Rendimento – R$ 6 milhões
  • 20/3 – Banco Daycoval – R$ 1,034 milhão
  • 20/3 – Banco Tricury – R$ 22 milhões
  • 13/4 – Banco Daycoval – R$ 10 milhões
  • 13/4 – Banco Rendimento – R$ 5 milhões
  • 13/4 – Banco Rendimento – R$ 2 milhões

Solicitar empréstimos para organizar as finanças, não é um problema. Porém, é necessário um controle muito rígido, auditoria e transparência nas informações para evitar tragédias ou danos irreversíveis para o futuro.

Atuação de conselheiros

Outro ponto muito preocupante, são as questões envolvendo conselheiros e pessoas ligadas ao clube em supostos casos de corrupção. O São Paulo tem sem seu histórico recente, a prática de “resolver internamente” cenários como esses.

Em 2021, o Ministério Público apontou fraude e lavagem de dinheiro, acusando membros que trabalhavam em administrações anteriores, mas que estão não oficialmente ligados à gestão atual do São Paulo FC.

A justiça absolveu os réus em 2022, alegando que o clube reconhecia as pendências de pagamento com o escritório de advocacia, envolvido na denúncia daquela ocasião.

O site Tricolornaweb, trouxe mais um caso, que foi tratado internamente com um acordo de afastamento ao invés de expulsão.

Expulsão convertida em suspensão por um ano

Segundo a informação, na última reunião de conselho, foi solicitado o afastamento por apenas um ano, da conselheira Carla Berger pela acusação de comercializar ingressos para os shows da banda Coldplay, realizados no Morumbi.

Na prática, ela não foi a “vendedora”, mas seu marido, que também vendia ingressos de jogos, que ambos solicitavam a diretores de vários departamentos do clube.

Na época, a conselheira explicou que havia levado dois ingressos à Assembleia Legislativa, onde trabalhava, pois colegas seus, são-paulinos, queriam comprá-los e isso facilitaria para eles. Mas, segundo a apuração do site, provou-se que não foi essa a conduta.

A Comissão de Ética do Conselho Deliberativo teria constatado ao menos dez transferências para sua conta pessoal, em decorrência da venda de ingressos dos shows, que recebeu por ser conselheira do clube. A expulsão, no entanto, transformou-se em um acordo.

Nos comentários desta postagem no site Tricolornaweb, há vários apontamentos e uma ressalva, de que a conselheira Carla Berger realizava essa prática de forma indiscriminada e é muito ligada a pessoas da gestão atual.

O que podemos esperar pro futuro?

Sinceramente? O futuro do São Paulo é desolador e não apenas pelo que acontece nos campos, mas especialmente por tudo o que vem acontecendo nos bastidores e não desperta tanto interesse da maior parte da torcida.

Enquanto o foco está nas críticas a Rogério Ceni (e muitas são justas e necessárias), muita coisa acontece para que o clube tenha cada vez menos relevância no cenário nacional, além de pouco poderio financeiro para deixar de ser um coadjuvante nas competições.

Os caminhos se assemelham aos do cenário do Cruzeiro, que chocou a todos que não acompanhavam de perto, quando foi rebaixado e quase fechou as portas pelas dívidas. O problema, é que o São Paulo talvez não tenha um “Ronaldo” interessado em comprar o clube e SE esse mesmo conselho aprovaria tal operação.

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*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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