O sempre ídolo, Rogério Ceni

Foto: Rubens Chiri / São Paulo FC

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Amigos Tricolores

A palavra ídolo está um pouco desgastada no futebol, ainda mais dentro do nosso time. Quem acompanha a torcida nas Redes Sociais, sabe o que estou falando. É uma onda de eleger ídolo que nunca ganhou título importante, ou mesmo quem nunca ganhou! Uma onda de ser viúva de argentino que não está nem ai para o São Paulo, uma onda de eleger ídolo jogador meia boca, que em outras épocas, não jogariam nem no time D do São Paulo, mas que para uma parte da torcida, que conhece muito de futebol no vídeo game, esses caras são quase “Deuses”.

Eu leio cada jogador colocado no status de craque e ídolo, que fico tentando achar um espaço para Raí, Zetti, Leônidas, Pedro Rocha, Toninho Guerreiro, Roberto Dias. Se Reinaldo, é craque, se Calleri é ídolo, Raí é o que? E Pedro Rocha? E Rogério Ceni? Não podemos colocar no mesmo barco Reinaldo e Leônidas, e chamar esse barco de “craque”. Não se pode colocar Aloisio Boi Bandido e Müller no mesmo barco e chamar esse barco de “ídolo”. Mas a torcida do vídeo game o faz.

M1TO. Sempre.

Contar aqui a história do Rogério Ceni no São Paulo, precisaria de pelo menos umas 32 páginas, isso se eu resumir a história! Falar que é o maior goleiro artilheiro e todos os recordes do Rogério é falar o que todo o São Paulino sabe. Ou deveria saber! Mas ídolo não se faz apenas com recordes ou tempo no clube. Ídolo se forma dentro e fora de campo. Ídolo tem caráter (não que Reinaldo, Aloísio, Calleri não tenham), tem amor ao time, tem atitudes. Respeita o clube, os torcedores e honra o manto que veste em campo. Não precisa jogar bem todos os jogos, mas que nunca falte raça e dedicação. Que nunca falte vergonha na cara e que nunca manche o nome do clube.

Rogério Ceni, cumpriu, com perfeição a cartilha do São Paulo para se tornar ídolo, por isso, é o maior ídolo do São Paulo. Sem dúvida, o maior conquistador de títulos pelo tricolor e, na esmagadora maioria das conquistas, foi protagonista. Rogério, no começo da carreira, teve uma missão complicada, substituir Zetti, um dos maiores goleiros do São Paulo. Para mim, tecnicamente, até melhor que Rogério. Eo fez com maestria.

Ídolo fora de campo

A Pandemia chegou com tudo no Brasil. Mais de 60 mil mortes, mais de 1,1 milhão de pessoas infectadas. Sem dúvida é uma crise enorme. O futebol parou, sem jogos, sem renda. A economia parou, os patrocinadores recuaram ou atrasaram cotas para os times. O mundo inteiro está assim!

Os times em todo o mundo reduziram salários. Não porque quiseram, mas porque a renda parou de entrar. Jogadores no mundo todo, aceitaram, mas os mimadinhos brasileiros não. Os caras ganham 400, 500, 600 mil reais por mês e estão bravos porque o time quer reduzir 30% do salário. Que seja 50%. Se um jogador, que ganhou uns 8 milhões de reais só no ano passado, não sobrevive 4 ou 5 meses, com 200 mil de salário, o que será do balconista da padaria da esquina que não ganha nem 2 mil. Fiquei, sinceramente, com nojo dos jogadores mimadinhos do Brasil. Como sempre digo, o 7×1 foi só o começo.

M1TO, ídolo dentro e fora de campo, fez o que se espera de um ídolo! Ele aceitou atrasar seus salários para que o Fortaleza arque com os demais funcionários. O presidente do Fortaleza Marcelo Paz, pediu a Rogério Ceni que aceitasse o atraso de um mês de remuneração para que pudesse manter a folha salarial dos demais funcionários em dia. O treinador concordou prontamente com a oferta feita pelo mandatário. Os seus auxiliares também toparam as condições apresentadas. Isso que se espera de um ídolo! Não é com post fofinho nas Redes Sociais ou com piadas na São Paulo TV que se faz um ídolo!


Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br

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Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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