Manter Diniz significa desistir de qualquer chance de título | OPINIÃO

Foto: Miguel Schincariol / São Paulo FC

O São Paulo Futebol Clube não venceu ainda em 2021. Em janeiro, foram disputados 18  pontos, mas o time comandado por Fernando Diniz somou apenas dois. A gestão Casares já bateu o recorde de mais jogos até conseguir a primeira vitória após assumir o mandato, são seis partidas sem vencer até o momento, de acordo com levantamento do Alexandre Giesbrecht .

Pelo Brasileirão, a equipe chegou a abrir sete pontos de vantagem sobre o vice colocado e hoje observa uma situação muito desfavorável. Com a vitória do Internacional sobre o Red Bull Bragantino, o Colorado abriu sete pontos de distância do Tricolor.

A pergunta é, vale a pena ou não manter Fernando Diniz até o final da temporada? Ainda restam cinco partidas e, matematicamente, ainda há chance de título, mas com a atitude dos jogadores e de seu comandante, uma vaga para a Libertadores já estará de bom tamanho. Então, ao analisar toda a temporada, qual o veredito?

Fernando Diniz coleciona, aparentemente com orgulho, fracassos como técnico do São Paulo. No Paulistão, foi eliminado em casa para o Mirassol, time que perdeu 18 jogadores por conta da paralisação do campeonato por conta da pandemia do coronavírus. Mesmo assim, a equipe do Morumbi foi eliminada. Erro de percurso? Realmente, pode acontecer, então vamos para o próximo.

Na Libertadores, o time perdeu para o fraquíssimo Binacional, do Peru, e tomou quatro gols da LDU, culpa atribuída à altitude, obviamente. O resultado? Eliminação na fase de grupos que levou o time à disputa da Copa Sul-Americana contra o Lanús, da Argentina. A partida de ida ocorreu no dia 28 de outubro e o time argentino não atuava desde março. O normal seria o São Paulo correr mais, estar mais pronto fisicamente, mas o time desafiou a lógica e perdeu o jogo. Na volta, chegou a ter o placar para se classificar e não conseguiu manter o resultado. Mais uma eliminação, mais uma em casa.

Na Copa do Brasil, competição na qual o São Paulo nunca foi campeão, o time demonstrou mais maturidade. Sobreviveu a uma disputa de pênaltis contra o Fortaleza, eliminou o Flamengo, ainda conturbado com a chegada de Rogério Ceni, e chegou à semifinal para enfrentar o Grêmio. Contra os gaúchos, o time paulista jogou bem a partida de ida, mas saiu com a derrota. Resultado normal, sem motivo para desespero. No Morumbi, Diniz não conseguiu sair da marcação montada por Renato Gaúcho e o time acabou eliminado. Mais um vexame? Desta vez não, era algo compreensível ser eliminado para o Grêmio, um time com fama de “copeiro”.  As reclamações se justificavam por conta da atuação do time? Com certeza, mas dentre as eliminações, era a mais compreensível.

Por mais incrível que possa parecer, a eliminação que tinha a maior possibilidade de acontecer foi a que mudou as coisas no São Paulo. O time não venceu desde aquela partida e somou episódios vergonhosos, como a discussão entre Tchê Tchê e Fernando Diniz, as goleadas para Bragantino e Internacional e derrota para o time reserva do Santos.

Ninguém sabe dizer ao certo o que aconteceu com os jogadores do São Paulo e com a sua comissão técnica, mas é fato que, depois da partida contra o Grêmio, o time simplesmente não jogou mais futebol.

Mesmo concentrado em uma competição, com semanas para treinar e aperfeiçoar o que ainda não está bom, como a recomposição defensiva, o time parece piorar com o passar das rodadas e Fernando Diniz não sabe o que fazer. O São Paulo é refém de um único jeito de jogar, sem alternativas para quando o adversário neutraliza o jogo de toque de bola.

Somando os fracassos da temporada ao período no qual o time entrou em uma espiral de vitórias, tenho certeza que nenhum torcedor acredita que o “trabalho é mais positivo do que negativo”, frase cunhada por Raí e defendida por Diniz. A torcida não cobra que o time seja campeão de tudo de um ano para o outro, mas sim que lute por todos os títulos, o que não aconteceu ao longo da temporada. Eliminado precocemente no Paulista, na Libertadores e na Sul-Americana, o time disputou a Copa do Brasil e, praticamente, abriu mão de lutar pelo Brasileiro mesmo após ter uma margem de segurança na liderança.

Manter Diniz com os recentes resultados é basicamente desistir do título. É difícil voltar à disputa? Com certeza, mas com Fernando Diniz é impossível. Então a nova diretoria tem que ser pragmática e colocar um treinador para jogar os últimos cinco jogos da temporada? Talvez. Talvez uma possível troca no comando traga aquela questionável injeção de ânimo para os jogadores, como Vitor Bueno e Tchê Tchê, que demonstram precisar disso.

Enquanto isso, a torcida busca confiar que a nova administração não siga os mesmos caminhos que o ex-presidente Leco. É fundamental que a nova gestão mostre o porquê de ter sido eleita e acabe com o jejum de oito anos sem conquistas que o São Paulo carrega em seus ombros.


*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Miguel Schincariol / São Paulo FC

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