Neste texto, eu, como torcedora fanática e louca pelo São Paulo, vou deixar todo o meu clubismo de lado para analisar friamente alguns pontos do atual campeão da Libertadores da América, o Palmeiras, pontos estes que deveriam ser levados em consideração pelo Tricolor Paulista para que uma renovação ocorresse.
Nunca é legal ver um rival ganhando um título, ainda mais um grande e tão querido por nós que é o da Libertadores, que já conquistamos em três ocasiões. Eu acompanho de perto o Palmeiras por ser casada com um palmeirense (fazer o que, né?!). Então, assisto os jogos, conversamos sobre o momento dos times, zuamos um ao outro sempre de maneira natural e respeitosa como o futebol deve ser.
Enfim, voltando ao Palmeiras em si…
Ontem, 30 de janeiro de 2020, aconteceu a final da Libertadores e na disputa estavam dois times paulistas e nenhum deles era o São Paulo, mas sim o Santos e o Palmeiras.
A partir daqui quero trazer os pontos que quero analisar do time alviverde e já vou direto ao que mais me chama a atenção…
O TÉCNICO ABEL FERREIRA
Abel Ferreira foi anunciado no Palmeiras no dia 30 de outubro de 2020, após a demissão do treinador Vanderlei Luxemburgo no dia 14 de outubro. O experiente treinador havia sido Campeão Paulista em cima do maior rival, o Corinthians, mas vivia um momento turbulento no Campeonato Brasileiro, e com a pressão da torcida foi demitido.
Vamos voltar à realidade do São Paulo por um momento. Sempre ressaltamos que a troca de técnicos não é a solução para o problema do Tricolor e concordo com isso, são diversos fatores que colaboram para o mau momento vivido há anos. No entanto, não adianta se insistir em algo que não tem perspectiva de mudança e foi isso que o Palmeiras enxergou ao mandar Luxemburgo, um treinador experiente, vencedor e com bagagem, embora e trazer um técnico jovem e, até então, desconhecido, como o Abel Ferreira, que estava no PAOK, da Grécia.
Podemos notar o trabalho dos bastidores do clube que encontraram um treinador e o trouxeram juntamente com uma equipe que estuda e vive futebol, profissionais competentes e que mudaram o cenário do clube. Nesse quesito, conta-se com a capacidade de um profissional que entenda de futebol, compreenda o contexto do clube e vá em busca de uma comissão técnica que se encaixe e consiga resultados, foi o que aconteceu.
Com três meses de trabalho, Abel Ferreira esteve à frente do Palmeiras em 25 ocasiões com 14 vitórias, seis empates, cinco derrotas e um título, e não foi qualquer título. Além disso, leva o time à disputa do Mundial e da Recopa e está na final da Copa do Brasil. Competência, estudo e trabalho que geram resultados. Parafraseando Daniel Alves: “Quem me dera que todo ser humano tivesse um Abel Ferreira em sua vida”. Vale ressaltar: contém humor.
Dito isso, vamos a outro ponto…
INVESTIMENTO FINANCEIRO
Como rivais, é óbvio que sempre vamos zuar e tirar sarro de tudo que envolva o time adversário, e digo e repito: isso faz parte do futebol. Mas a teor de análise, dinheiro faz toda a diferença no futebol, e não digo só pelo patrocínio da Crefisa, que é muito importante para o Palmeiras, mas toda uma gestão de gastos, construção de marca, arrecadação com público (antes da pandemia), premiação com títulos e outros.
Com isso, montaram um bom elenco e vem ganhando títulos importantes ao longo dos anos, não ganharam tudo, até porque vai muito além de se ter boas peças, mas estão sempre disputando e, afinal, para se ganhar algo precisa estar na disputa, e já faz alguns anos que vemos o Palmeiras sempre como favorito nas competições.
Depois que caiu para a série B em 2012 e retornaram à série A em 2013 eles conquistaram: Copa do Brasil em 2015, Campeonato Brasileiro em 2016 e 2018, Campeonato Paulista em 2020 e Copa Libertadores de 2020.
Não! Definitivamente não acho que o São Paulo tem que cair para a segunda divisão para se reconstruir porque se isso acontece acredito que seria o oposto de uma mudança positiva que viveríamos, mas precisamos ressaltar a transformação que os nossos rivais viveram, começando internamente. Estou cansada de nos últimos anos apesar conquistar o título de ‘Time grande não cai’, nós precisamos de muito mais que isso.
Outro ponto que o São Paulo precisa aprender com o Palmeiras:
PROFISSIONALIZAÇÃO
O autor do gol do título da Libertadores do Palmeiras foi Breno Lopes, que chegou no clube em novembro do ano passado após se destacar no Campeonato Brasileiro da série B pelo Juventude que, aliás, sob o comando do ídolo Tricolor, Pintado, está de volta à elite da competição nacional.
Enfim, Breno Lopes fez poucos jogos ainda com a camisa alviverde e havia marcado um gol contra o Vasco. Quando Abel Ferreira o colocou na segunda etapa da partida contra o Santos, até mesmo eu pensei: “Por que ele não colocou o Willian?”, e brilhou a competência do treinador, visto que ele precisou de pouco mais de dez minutos em campo para marcar o nome na história.
Apenas uma observação: as substituições foram feitas para mudar o parâmetro do jogo e não trocar seis por meia dúzia.
Seguimos…
Breno Lopes é apenas um exemplo de jogador descoberto pela equipe de análise do Palmeiras que foi trazido e rendeu um bom resultado. Gustavo Gómez, vindo do Milan, capitão do time e um dos melhores zagueiros do Brasil atualmente, é outro exemplo.
Outro ponto:
A UTILIZAÇÃO E MANEIRA DE LIDAR COM A BASE
Nós nos orgulhamos da nossa base e com toda razão. Nesta última semana, fomos campeões da Copa do Brasil Sub-17 e estes títulos na base realmente são frequentes, Cotia forma grandes jogadores, mas não sabemos aproveitá-los muito bem e o discurso aplicado às vezes não condiz com o anseio por conquistas no profissional.
O Palmeiras, nos últimos anos, não tinha histórico de aproveitar tanto a sua base, com exceção de Gabriel Jesus, que conquistou título e foi vendido a um alto valor ao Manchester City, agregando diversos tipos de valores ao clube e não apenas financeiro. Todavia, de um tempo para cá, mais especificamente nesta última temporada tem utilizado os seus meninos formados na Academia e tem dado muito certo.
Patrick de Paula, destaque da ‘Taça das Favelas’, em seu primeiro ano como profissional bateu o pênalti que deu o título do Campeonato Paulista ao Palmeiras em cima do maior rival e, detalhe, pediu para bater o pênalti, chamou a responsabilidade.
Além dele, Gabriel Menino, jogador polivalente que já fez gol em Libertadores, é decisivo e já foi convocado para a Seleção Brasileira pelo técnico Tite, e ao que tudo indica continuará a ser chamado. Entre outros exemplos, como Danilo, meia que foi um dos melhores em campo na final contra o Santos.
Nós temos diversos talentos e jogadores formados em Cotia que fazem parte do elenco atual e que, SIM, são bons e muito competentes, e não tenho dúvida de que quando forem vendidos farão diferença nos times da Europa como Antony, David Neres, Casemiro, Lucas Moura e outros. Só que algo precisa ser mudado.
Lucas Moura é diferenciado, ele também chamou a responsabilidade e foi o protagonista do título do São Paulo da Copa Sul-Americana de 2012, é isso que queremos e esperamos dos nossos meninos.
O problema do Tricolor Paulista vem de tempos e entendo completamente a diferença de um garoto estar em um elenco estruturado como o do Palmeiras em comparação ao atual momento do São Paulo que luta para sair de um jejum de mais de oito anos sem títulos, são situações totalmente diferentes e entendo isso. Portanto, a crítica é geral, visto que os responsáveis por orientar e colocar estes atletas no time principal precisar ter apoio e é necessário que se exista o entendimento de como agir em relação a eles.
Você pode estar pensando: “Ah, mas o Palmeiras tem um elenco cheio de opções, o São Paulo não”.
Por isso, eu trouxe apenas alguns pontos, aqui não se tem a solução para os problemas do São Paulo, realmente é só uma análise e um desabafo de torcedora. E, como citei acima, o investimento financeiro do nosso rival em montar um elenco com opções fez toda a diferença, e nesse meio tempo eles também erraram muito, até o momento que acertaram.
Precisamos nos reestruturar, pagar as dívidas, contratar jogadores pontuais e trazer identidade para o time, voltar a ter mentalidade vencedora, buscar profissionais para os bastidores do clube que entendam a realidade que o São Paulo está inserida e formem um grupo competitivo.
Enfim, precisamos voltar a vencer, conquistar títulos e aos tempos de glórias. O São Paulo Futebol Clube é GIGANTE, o time brasileiro com mais títulos internacionais, que das três vezes que foi ao Mundial voltou com a taça nas mãos. Por estes e outros motivos que os nossos representantes dentro de campo e nos bastidores do clube precisam entender o tamanho da responsabilidade que tem nas mãos e nos pés (literalmente) ao representar milhões de torcedores por todo o mundo que vibram pelas três cores do time da fé.
Fé, isso é o que não falta a nós, torcedores, que torcemos sempre até o fim e assim continuaremos, tenho esperança que bons tempos estão próximos, mas sim, precisamos de renovação, transformação e mudanças.
Eliminações vergonhosas, vexames, falta de vontade, essas e outras coisas não devem fazer parte nossa história. Precisamos de jogadores que estão dispostos a ir até o fim, disputar todas as bolas e lutar por grandes conquistas. Só para citar também o outro finalista da Libertadores, o Santos, passa por diversos problemas como atrasos de salários, punição da FIFA, impeachment do presidente e outros, mas os jogadores e a comissão técnica conseguiram passar por cima de todos estes percalços e honraram o time que representam, chegando a uma final com méritos, mas apenas um pode ser o vencedor.
Que voltemos aos tempos de glórias, às vitórias, aos títulos…Enfim…
“Salve o Tricolor Paulista…”
*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site
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Foto: Rubens Chiri / São Paulo FC
