Participação de Vinícius Pinotti no Estádio 97

Por Bruno Giardino

O ex-diretor de futebol Vinícius Pinotti falou hoje pela primeira vez desde que deixou o São Paulo FC, em uma participação no programa Estádio 97 da Rádio Energia 97 FM.

Em resumo, Pinotti deu a sua versão a respeito de vários fatos polêmicos que aconteceram durante sua passagem pelo Tricolor e criticou bastante o atual modelo de gestão do clube, dizendo ser necessária uma reformulação completa para que o clube reencontre o caminho das vitórias.

A seguir, reproduzimos os principais trechos da entrevista. O texto não representa a opinião [deste colunista/do site].

Gestão: O São Paulo FC tem problemas sérios de gestão e governança, segundo Pinotti, que derivam da excessiva centralização no processo decisório e defesa de interesses alheios. Pinotti atribuiu a sua saída ao fato de ter se oposto a este modelo. Citou como exemplo a tentativa da venda de Lucas Pratto ao Cruzeiro sem a sua anuência e a demissão do técnico Rogério Ceni. Em sua opinião, o SPFC precisa de uma renovação completa e de pessoas com coragem de tomar as atitudes corretas, sem privilegiar interesses. Neste sentido, Pinotti vê a profissionalização da gestão, com a indicação de profissionais competentes para a diretoria, como o único caminho para quebrar o “ciclo vicioso” de ausência de conquistas (que leva à redução na arrecadação e nos investimentos).

Diretoria de futebol: Pinotti afirmou que sua escolha como diretor de futebol deveu-se ao bom trabalho como diretor de marketing, e não por (supostamente) ter ajudado Leco em sua reeleição. Admitiu que faltou experiência na função, que disse ser mais complexa do que parece. Pinotti acredita que Raí não tem “carta branca” e que este corre o risco de ser “queimado” como foi Ceni. Lugano, segundo Pinotti, deveria ser o elo entre comissão técnica, jogadores e diretoria – necessidade apontada pelo ex-diretor durante sua gestão.

Elenco: Quando perguntado se o São Paulo era um “resort”, Pinotti rejeitou a hipótese dando como exemplo a multa que aplicou a Cueva, em novembro de 2017, quando o jogador se atrasou à reapresentação após servir a seleção peruana – segundo ele, “uma das maiores multas da história do clube”. Pinotti minimizou eventos como a troca de farpas entre o jogador peruano e Rodrigo Caio. Segundo ele, tais eventos ganham grande proporção devido à escassez de títulos e pela forma como são divulgados (vazados pela imprensa).

Diretoria de Marketing: Pinotti defendeu a contratação do ex-diretor de marketing Alan Cimerman, por este ser um profissional competente. Ao tomar conhecimento de que este havia sido acusado por lesar o clube, prontamente defendeu sua saída. Com relação a um empréstimo que teria feito em favor de Cimerman, disse ter sido uma ajuda em um momento de necessidade e que não havia relação com seu cargo no clube.

Venda de jogadores: O ex-diretor de futebol negou que a dívida do clube com ele tenha relação com a negociação de jogadores. Segundo ele, o desmonte parcial do elenco em 2017 foi inevitável, diante de um orçamento apertado. A proposta por Luiz Araujo, por exemplo, foi irrecusável. Pinotti negou que a dívida seja de R$29 milhões (como sugerido por um dos entrevistadores), e disse que a dívida tem sido honrada regularmente pelo clube.

Contratações polêmicas: Pinotti alegou que teve o aval do departamento médico para a contratação de Maicosuel – que havia sido previamente indicado por Rogério Ceni. Sem revelar valores, admitiu que jogadores como Maicosuel e Aderlan são muito caros (em termos de remuneração). Pinotti disse ter arquitetado a contratação de Hernanes, a partir de uma lista de jogadores com perfil “vencedor” e que poderiam estar ao alcance do Tricolor. A influência de empresários em contratações, segundo Pinotti, continua sendo nociva ao clube.

Rogério Ceni: Pinotti atribuiu a demissão do Mito a uma decisão de Leco (à época, a imprensa noticiou ter sido uma decisão do departamento de futebol). O ex-diretor afirmou ter sido um dos grandes incentivadores da ideia de ter o ex-goleiro como treinador.

Base: A falta de coragem para escalar as promessas e problemas de relacionamento entre Cotia e a Barra Funda foram apontados por Pinotti pelo insucesso no aproveitamento dos jogadores de base.

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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