Queria o São Paulo ser o vizinho chato do Abel Ferreira | OPINIÃO

Foto: Rummens

Após a partida em que eliminou o Galo e alcançou sua inédita segunda final seguida de Libertadores da América, o técnico Abel Ferreira mandou uma provocação: fez um gesto de silêncio direcionado às câmeras do jogo. A princípio, pensou-se que seria um recado a atleticanos ou críticos; descobriu-se, contudo, pela própria boca do técnico português, que era apenas uma indireta a um vizinho chato do prédio onde o palmeirense reside. Não era sobre nenhum adversário. Mas antes fosse para o São Paulo.

Veja bem. O vizinho de Abel Ferreira o incomoda ao ponto de deixá-lo tão irritado que ele, diante de uma classificação histórica, fora de casa, com todas as adversidades possíveis, concentrou esforços em desabafar contra o chato para todo o Brasil notá-lo. Esse cara, de fato, deve provocar em Abel sentimentos primitivos tais que a simples indiferença não se mostra suficiente. Ele precisou demover uma emoção direcionada, com tons de deboche, para tentar atingir esse tal vizinho inconveniente. Coisa que o outro vizinho, o de Barra Funda, não faz há tempos. Na gestão de Abel, jamais.

Novamente, veja bem: os números do Choque-Rei ultimamente são amplamente favoráveis ao Tricolor. Apenas neste ano, foram 6 jogos, com 3 vitórias do São Paulo, 2 empates e apenas 1 vitória do Verdão. O São Paulo, inclusive, foi campeão em cima do rival sem sequer tomar gols nos três confrontos do Paulistão. Antes da eliminação da Libertadores, o Palmeiras não vencia o São Paulo desde o Brasileirão de 2019. De lá para cá, foram oito jogos de série invicta do time do Morumbi, com 3 vitórias e 5 empates – além de uma inédita sequência de 4 jogos sem perder no Allianz, com duas vitórias. Mas isso chegaria a incomodar Abel? De logo, antecipo: jamais. No jogo que valia, de fato, o Palmeiras colocou o São Paulo em seu devido lugar de coadjuvante.

A verdade é que, de 2014 para cá, quando escapou por 1 ponto do rebaixamento, o Palmeiras se tornou protagonista do futebol nacional. Foram 1 Paulistão, 2 Copas do Brasil, 3 Campeonatos Brasileiros e 1 Libertadores. De 2020 até hoje, o Palmeiras foi finalista de todos os torneios que participou. É um verdadeiro bicho-papão tupiniquim e talvez o time mais competitivo da história recente nacional. Já o São Paulo, coitado, conquistou apenas 1 Paulistão e comemorou como Copa do Mundo. Além de uma coleção incontável de eliminações vexatórias, que vão de um Mirassol com uma dezena de desfalques a uma pré-Libertadores contra o inexpressivo Talleres. É um retrato fiel do que se tornou o outrora respeitável clube do Morumbi: apequenou-se.

O sonho de qualquer são-paulino, certamente, seria que o São Paulo não apenas dividisse muro fisicamente com a equipe alviverde. O retorno aos tempos gloriosos, com equipes aguerridas e competitivas, parece cada vez mais distante diante de um Tricolor endividado, carente de ídolos e sem alma. Os dias atuais são deveras duro para quem doa atenção ao “Clube da Fé”, que perdeu sua hegemonia nacional e assiste ao rival colecionar façanhas dentro e fora do Brasil. Tempos em que até o vizinho do técnico rival incomoda mais do que o gigante Tricolor da Barra Funda.

Admita, Tricolor: bate um besta ciúme do vizinho do Abel.

*A opinião do colunista não reflete a opinião do site

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