Raça Tricolor – O São Paulo é o reflexo do que fizeram com ele durante os últimos anos

A coluna Raça Tricolor é publicada aos sábados e escrita pelo Gustavo Torquato, e conterá muita paixão sobre o Tricolor Paulista. Confira o índice da coluna aqui.

Amigos tricolores, o São Paulo Futebol Clube estreia na Libertadores da América 2019 na próxima quarta-feira, na Argentina, contra o Talleres.

Desde o início da temporada só se fala neste jogo, como se o ano tricolor estivesse resumido a um duelo de 180 minutos. E assim foi encarada a preparação do time para esse momento, para esse jogo. Depois de um mês de treinamentos e jogos a situação do tricolor é desanimadora. Em quatro partidas oficiais no ano já são duas derrotas e o time não rende nada daquilo que foi prometido por diretoria e comissão técnica ao torcedor.

Dúvidas e mais dúvidas pairam na cabeça do são-paulino e o pior é que as soluções não parecem muito claras para essa versão 2019 do São Paulo.

Que Jardine é um técnico contestado todo mundo tá cansado de saber, mas o que preocupa o torcedor é o fato do jovem treinador não responder bem as críticas em relação ao desempenho do time no começo da temporada.

Pior que os resultados obtidos nos dois últimos jogos é o futebol apresentado pela equipe, capaz de causar dor de cabeça na iminência de um mata-mata de libertadores.

Os jogadores não respondem dentro de campo ao que é descrito pelo técnico nas entrevistas coletivas. No segundo texto aqui para a coluna, chamei atenção para aquele que seria, na minha opinião, um dos maiores desafios de André Jardine nesse time do São Paulo: o resgate da alma vitoriosa do clube. Porém, até conseguir isso, são muitos percalços, dentre os quais passa o respeito pela condição de treinador e o compromisso dos jogadores com as ideias desenvolvidas pelo comandante. Nenhuma dessas situações parece está refletida dentro de campo. Que os jogadores treinam quase que diariamente ninguém duvida, até porque a TV do clube faz questão de transmitir imagens dos treinamentos, além de reproduzir as falas de alguns jogadores.

Mas por qual motivo tenho a impressão de que o São Paulo é um time sem direção? E aqui eu não falo da parte administrativa do clube, embora o torcedor possa fazer uma associação dentro do contexto vivido há algum tempo. Refiro-me a equipe de futebol, um todo desorganizado e sem foco.

A distribuição do time em campo, com jogadores distantes uns dos outros, sem jogadas ensaiadas ou até mesmo falhando nas execuções mais básicas do futebol, demonstram que o São Paulo é uma equipe que carece de COMANDO. Não é meu dever aqui achar culpados para atuações verdadeiramente preocupantes, mas o torcedor quer respostas, o torcedor busca soluções para uma equipe sem identidade alguma. O são-paulino merece e precisa acima de tudo saber qual será a direção dessa equipe na temporada 2019.

Jogadores nitidamente abaixo do que apresentaram em 2018, como Reinaldo, o trio de zaga que revezou posição no time titular durante todo o ano passado e já assusta pelos erros bobos de posicionamento, após uma temporada melhor que as dos últimos 11 anos do São Paulo no quesito defesa, Diego Souza ainda procurando uma zona para jogar dentro de campo, os volantes que não correspondem aos anseios de um time lento, parado e com inúmeras dificuldades em jogar futebol. Esses são apenas alguns exemplos que ilustram um São Paulo sem direcionamento nos primeiros jogos da temporada. Poderiam ser apenas alguns detalhes de preparação de elenco, se não fossem os mesmos erros que contribuíram para o fracasso do time nos últimos anos e também se não estivéssemos diante de um confronto eliminatório na Libertadores.

O São Paulo contratou 7 jogadores para integrar o elenco nesse ano. Desses, apenas dois jogaram como titulares nos quatro jogos da atual temporada, com exceção de Hernanes que jogou 25 minutos no último jogo. Qual foi o erro de planejamento que fez com que o time chegasse diante do Talleres com tanta desconfiança e dúvidas, mesmo quando esse momento já era esperado desde o final de 2018? O que justifica a dificuldade de Jardine em preparar um time base para o duelo contra os argentinos?

Essas respostas estão espalhadas por todos os anos de fracasso experimentados pelo São Paulo na última década. Entendam, não existe fórmula mágica no futebol, muito menos sorte! Existe trabalho, uma conta simples e eficaz. Se o momento era de preparação, não existe motivo para o treinador ter modificado pouco a equipe, mesmo quando era evidente o mau desempenho dentro de campo de vários dos jogadores, a não ser que ele próprio enxergasse que as demais peças do elenco seriam incapazes de fazer diferente e esse aspecto é mais um ponto negativo para o planejamento do clube.

Quando 7 jogadores são contratados é inadmissível que o elenco sofra tanto com pouca rodagem, afinal ninguém está ali apenas para esquentar banco de reservas, ou nem mesmo ser relacionado para os jogos. Os erros do time não ocorrem pela falta de ritmo, afinal a finalidade da Florida Cup foi justamente dar tempo de jogo ao elenco, ou não? Teria sido ela um grande empecilho, um erro de planejamento graças ao Marketing na terra do Mickey? Os jogadores erram fundamentos básicos do futebol, como passes e cruzamentos. Seria preciso até isso ensinar a jogadores com quase ou mais de 30 anos? Por qual motivo o São Paulo não tem opções para suas laterais? Para o meio-campo? As lesões continuam como no ano passado e o banco não parece ser tão “farto” como o número de contratações faz pensar que seja.

O São Paulo não é favorito contra nenhum adversário no momento, seja ele qual for, muito menos contra os argentinos do Talleres. O São Paulo é um time previsível, parado no tempo e que causa sustos e preocupação em sua torcida. O São Paulo é o reflexo do que fizeram com ele durante todos esses últimos anos. O que nos resta é paciência e torcer para que devolvam o São Paulo ao torcedor, essa fase vai passar! Até breve!

Gustavo Torquato. Advogado, fanático por futebol e são-paulino desde sempre. Minha relação com futebol começou nos primeiros meses de vida, quando meu pai, radialista esportivo, me presenteou com a camisa do São Paulo Futebol Clube. Um objeto guardado com amor e saudosismo e que sobrevive há 26 anos, assim como meu amor pelo Tricolor.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rummens

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