São Paulo FC é candidato ao título! O que fez minha opinião mudar tanto?

Por Rodrigo Chamorro – Papo de Arquibancada

Em 2017 o São Paulo escapou de um rebaixamento certo, com todos os ingredientes já testados e aprovados em outros times grandes.

Começou 2018 com a pior notícia possível. A saída precoce de Hernanes, chamado de volta pelos chineses. A única esperança estava dando adeus.

Raí recém-chegado “convoca” Ricardo Rocha e Lugano para tentar resgatar a alma Tricolor.

Mas as contratações e algumas decisões pareciam não combinar com o discurso.

Para mim, os descompromissado Diego Souza, o decadente Nenê, a volta de Reinaldo e a manutenção do apático Dorival estavam levando o São Paulo para mais um ano de preocupação.

E assim começou. O começo do ano foi terrível. Sendo piada e presa fácil para os rivais.

Até que no início de março a história começou a mudar.

Depois de uma derrota para o Palmeiras por 2×0, Dorival Junior é demitido. Raí teve que engolir seco suas convicções que gritavam pra ele que era um absurdo fazer uma pré-temporada com um treinador e nem 60 dias depois mandá-lo embora.

Mas apesar de eu também achar isso um erro, hoje sou obrigado a dizer que esse foi um grande acerto. O acerto número 1.

Na sequência Lugano convenceu Raí e R Rocha que Diego Aguirre seria o substituto ideal. Treinador de fibra, mas também moderno, capaz de resgatar a vibração do time.

Eu achei que era um grande erro. Não gostei do Aguirre no Galo, sem padrão de jogo.

Errei outra vez. Aguirre e sua maneira de comandar e treinar ressuscitaram o São Paulo. Acerto número 2.

Aguirre chegou acertando, porque deu muita moral para o André Jardine. Ouviu a opinião dele, fez questão de conhecer as jóias da base e prometeu dar chances a todos. Hoje o São Paulo usa de maneira inteligente os garotos, sem queimar e eles estão entregando. Ontem contra o Cruzeiro fora de casa a dupla de volantes titular foi Luan Santos e Liziero, com ótima apresentação. Acerto número 3.

Não parou por aí. Outras boas decisões foram tomadas.

Diego Souza naquela altura já era considerado uma péssima contratação. Lento, com a cabeça na seleção brasileira, vivendo o dilema meia ou centroavante.

Muitos pediram a cabeça dele. Inclusive eu. O único elo de sustentação era Raí, que não poderia assumir tão rápido o fracasso da escolha. Ele conversou com Aguirre e os dois resolveram agir.

Colocaram Diego Souza dentro da sala, explicaram a expectativa que tinham dele e como não estava correspondendo. Deixaram claro a insatisfação com a falta de entrega nos treinos e nos jogos. E prometeram uma chance, caso ele quisesse mudar seu destino no Tricolor.

Essa conversa foi primordial. Diego acordou, deu entrevistas elogiando Aguirre e sua atitude. De lá pra cá ele é outro jogador, essencial para o time. Acerto 4.

O acerto número 5 se chama Nenê e seu novo posicionamento dentro do campo. Com Dorival ele fica na ponta, com 36 anos e a obrigação de cobrir a lateral, armar, finalizar e aguentar tudo isso. Aguirre chegou e o colocou no meio, com liberdade para atuar. Nenê hoje é um comandante técnico e moral dentro de campo. Corre feito um menino e já deu valiosas contribuições no campeonato.

A próxima boa escolha também contou com a sorte. Éverton estava jogando muito no Flamengo. Em um time cheio de estrelas que não entregam 100% ele era um coadjuvante que entregava 150%. Mas não era devidamente reconhecido.

Carlos Leite, o empresário dele, procurou o São Paulo e prometeu que ao pagar a multa recisória do atleta e trazê-lo para o Morumbi estariam fazendo um grande negócio. Ele até emprestou ao clube boa parte dos 10 milhões da multa.

Raí aceitou. Éverton chegou e arrumou o time. A lentidão do começo do ano foi substituída por um ataque muito eficiente, veloz, técnico e raçudo. O Éverton era a propulsão que o time precisava. Acerto número 6.

Pra terminar, deixei por último talvez o maior de todos os acertos.

Faz anos que o São Paulo é refém de bons jogadores que rendem bem quando querem. Nada era feito contra eles porque o medo era enorme de irritá-los e perder a única esperança de diferenciação. Lembra quantos jogos ruins do Ganso a torcida teve que aturar calada?

A situação do começo de 2018 não era diferente. O que mudou é que os dirigentes tricolores finalmente tiveram coragem de agir e desapegar!

Cueva, não quer jogar o que sabe aqui? Tchau!

Rodrigo Caio, você é joia da base mas não está entregando faz tempo. Banco!

Atlético-PR quer muito no Marcos Guilherme. Leva de volta!

Petros, recebeu proposta da Arábia? Boa sorte!

Não foi mantido no elenco quem não quer o São Paulo ou quem o São Paulo não quer. Grande acerto número 7!

Eu poderia listar outras boas atitudes aqui, como Rojas, a humildade do Aguirre, etc. Mas ainda acho cedo.

Só não acho cedo afirmar que sim, o São Paulo pode lutar pelo título. Passou muito bem por uma sequência muito difícil e agora tem 5 jogos mais fáceis pela frente.

O tempo dirá.

Abs

Fonte: Papo de Arquibancada

Foto: Rummens

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