São Paulo e Milan: Do topo à vala comum

Foto: Matthias Schrader/AP

Os clubes que fizeram o chamado “Jogo do Século” para os japoneses em 1993, na final do Mundial de Clubes, figuram entre os maiores do planeta por suas tradições, títulos, patrimônio, craques e muitos atributos que podem ser relacionados a poucos.

Donos de estádios gigantes, com a terceira maior torcida em seus países, maiores vencedores internacionais da Itália e Brasil, se assemelham até mesmo nas cores. Há alguns anos, porém, São Paulo e Milan vem sofrendo com o ostracismo que não estão acostumados.

Grandes papa-títulos, especialmente nas últimas 3 décadas dentro e fora de seus países, ambos vem maltratando o coração de seus torcedores.

Há 10 anos, o Milan era o campeão da Europa pela sétima vez, e conquistava seu quarto título mundial de clubes. O “rossonero” também conquistou a Supercopa Européia e vivia sua melhor fase desde o começo dos anos 2000.

Até 2012-2013, o Milan ainda fez boas campanhas no Italiano (um título em 2010-11, um vice em 2011-12 e três vezes 3º colocado), conquistando uma Supercopa da Itália (2011-12), mas já não conseguindo ir longe na Champions League, alcançando no máximo, as quartas-de-final em 2011-12.

Por aqui no Brasil, em 2008, o Tricolor do Morumbi conquistava o inédito terceiro título nacional consecutivo, somando ao todo, 6 conquistas do Brasileirão.

O clube vivia um momento único, após ter conquistado seu terceiro título mundial e da Copa Libertadores em 2005, sendo modelo de gestão e o clube a ser batido no futebol brasileiro.

Após este momento mágico, o clube ainda alcançou um 3º lugar no Brasileirão de 2009, um vice-campeonato em 2014 e apesar de duas semifinais de Libertadores em 2010 e 2016, apenas um título: a Sul Americana de 2012.

Tudo começa e termina na gestão

A derrocada dos clubes se relaciona com a forma com a qual são administrados. Embora muitos torcedores insistem na ideia de que um presidente não entra em campo e “quero saber de gols e títulos”, tudo está relacionado à maneira como são gerenciados.

Sílvio Berlusconi, magnata italiano, três vezes primeiro-ministro de seu país, dono da principal emissora de televisão, foi proprietário do Milan por muitos anos. Embora tenha sido o responsável direto por erguer o clube no fim dos anos 80, teve sua imagem manchada por diversos escândalos, o que enfraqueceu o clube com dívidas e muitos erros.

O resultado? Contratações caras e sem retorno, trocas constantes de treinador, saída de ídolos, perda de receitas, já que o clube não se classifica para Champions League, os torcedores começam a consumir menos produtos e o clube finalmente, precisou ser vendido a um consórcio asiático.

No São Paulo, a história é conhecida por todos. Escândalos de corrupção com ingressos de shows, comissões indevidas, amigos de amigos em cargos remunerados, decisões políticas sobressaindo às técnicas e contratações provavelmente mais benéficas a empresários do que ao clube.

Os clubes deixaram o topo do mundo para perambular no limbo entre não se classificar aos torneios continentais e escapar da Serie B.

O Milan ainda tem uma esperança, que é a injeção financeira que o novo grupo proprietário pode fazer e, além disso, está na Europa, onde há inúmeras possibilidades econômicas para se reerguer.

Já o São Paulo, continua seu calvário com uma arquitetura política que privilegia um feudo comandar e gerir o clube como uma associação de bairro.

Aqui no Brasil, não há interesse e nem legislação para que um magnata ou grupo empresarial de outro país invista dinheiro num clube de futebol, portanto, o Tricolor precisará encontrar formas mais criativas para mudar este panorama e começar a colher resultados dentro de campo.

Que seja possível ver um São Paulo x Milan em breve, valendo algo importante novamente.

Foto: ESPN
Foto: ESPN

 

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