São Paulo melhora, mas está longe de jogar bem | OPINIÃO

Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

A gestão de Julio Casares comemorou a primeira vitória desde a mudança no comando do São Paulo Futebol Clube. No total foram 45 dias para vencer o primeiro jogo após a saída de Leco e a entrada de Casares. Neste período o time somou oito jogos, com quatro derrotas, três empates e apenas uma vitória. A equipe conquistou apenas seis pontos de 24 possíveis e marcou nove gols contra 16 sofridos. Os números mostram o quão fraco foi o desempenho no primeiro mês de 2021.

O time voltou a vencer. Jogou bem? Definitivamente melhor do que vinha se apresentando contra Internacional, Atlético Goianiense, Coritiba e Ceará, mas ainda não apresentou soluções para problemas graves em seu estilo de jogo. Contra o Grêmio, vimos uma cena incomum, Tiago Volpi batendo tiro de meta com lançamentos e optando mais vezes pela ligação direta (muito por conta da falha grotesca contra o Ceará). Em levantamento feito pelo jornalista Ricardo Spinelli, 91,7% dos passes de Volpi contra o Grêmio foram longos, contra apenas 51,4% no fatídico jogo contra o Ceará.

O time não abandonou, e nem deve, a saída com posse de bola e triangulações, a questão é saber calcular o risco e entender quando utilizar essa estratégia. Em inúmeras oportunidades, o time criou um buraco no meio do campo, originado pelo recuo do Daniel Alves e Luan e pela falta de um armador nato, visto que Vitor Bueno já havia sido substituído – decisão certeira de Vizolli, já que o jogador não apresenta futebol nem para ser reserva – por Toró, jogador mais de lado de campo.

A criação de jogadas continua a ser um problema do Tricolor. Com as ausências de Igor Gomes e Gabriel Sara (é verdade que Sara não joga bem há algum tempo) o time perde muito em criatividade e objetividade. Tchê Tchê, embora tenha marcado o gol de empate, não possui o mesmo dinamismo e criação dos outros meias, mesmo que essa estratégia, de colocá-lo mais a frente, tenha dado resultado contra o Atlético Mineiro.

Vamos aos gols. Sinceramente, o São Paulo encontrou o primeiro gol com um chute de fora da área de Tchê Tchê e esse é um aspecto que está em falta não só no São Paulo, mas no futebol brasileiro. O chute de fora da área. Na partida de domingo, o São Paulo arriscou mais, embora pudesse ser ainda mais agressivo de média distância. A partir do empate, o time ficou mais confiante e cresceu no jogo, muito por conta do empate, mas também por conta da inconsistência do Grêmio ao longo das partidas. A equipe de Renato Gaúcho oscila muito dentro das partidas, vide os jogos contra Palmeiras e Santos.

A virada veio com uma jogada isolada, um lançamento equivocado de Volpi, Luciano estava ligado, pegou a segunda bola desviada pela defesa e, após bela jogada individual, colocou o São Paulo na frente do placar. Foi a primeira virada do time do Morumbi desde o dia 14 de novembro de 2020, oportunidade na qual o próprio Luciano virou a partida contra o Fortaleza na Arena Castelão.

Falar em título é, matematicamente, possível, mas uma irresponsabilidade das grandes. Para o São Paulo ser campeão precisa vencer os seus três jogos restantes (Palmeiras, Botafogo e Flamengo), torcer para Flamengo e Internacional empatarem e ainda esperar uma vitória do rival de Itaquera sobre o Colorado em Porto Alegre na última rodada. Um empate neste último jogo serviria, mas o time teria que tirar uma diferença de saldo que, atualmente, é de nove gols.

De acordo com o site americano FiveThirtyEight, o Tricolor tem 1% de chance de se tornar campeão brasileiro. Neste cenário, o clube seria campeão com 71 pontos, menor pontuação para um campeão desde 2009*, ocasião em que, coincidentemente, Flamengo, Internacional e São Paulo disputavam o título.

*Corinthians foi campeão em 2011 com os mesmos 71 pontos.


*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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