Saudades do Dagoberto

Foto: Rubens Chiri / São Paulo FC

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Amigos tricolores

Em época de pandemia, temos que ficar em casa. A saúde em primeiro lugar, mas isso não impede de sentirmos saudades do nosso São Paulo em campo, mesmo que seja, para xingar o Reinaldo! Saudades desse tempo, quando éramos felizes e não sabíamos. Brincadeiras à parte, esse tempo de pandemia está resgatando a riquíssima história do São Paulo, seja na TV, com reprises dos títulos, ou mesmo em jogos sem muita importância, de meio de campeonato. Os canais de esporte, estão sem pauta, logo, estão reprisando tudo o que podem.

Nas Redes Sociais o que mais tenho visto são perfis postando de gols do São Paulo. Confesso que assisto todos, relembro de alguns jogos, mato as saudades. Sempre tento lembrar o time daquele jogo, ao ver os jogadores se abraçando vou tentando montar, mentalmente o time. Um exercício prazeroso, já que nesse momento é o que temos.

Dagol

Quando esse jogava no São Paulo, eu nunca escondi a minha admiração por ele. Consegui, uma vez, até falar para ele isso. Estava eu, almoçando em um restaurante em Perdizes, bairro que muitos jogadores moram por ser próximo ao CT da Barra Funda. Ao sair, Dagol estava na porta, esperando alguém chegar. Bem naquele dia, eu estava sem celular, tinha saído correndo e esquecido em cima da minha mesa, em uma agência que trabalhava naquele bairro e bem perto do restaurante. Ao sair, dei de cara com ele, só deu para dizer o quanto eu o admirava e agradecer por tudo, ele sorriu, simpático e me disse que tinha muito a fazer. Infelizmente, pouco tempo depois ele foi anunciado como atacante do Internacional de Porto Alegre.

O São Paulo pagou 5,4 milhões de reais pelo seu passe junto ao Athletico Paranaense, onde, em 2001, começou sua carreira profissional. No Paraná, Dagol levantou o Brasileiro de 2001. A sua saída do time paranaense não foi nada amigável e ele quase não veio para o São Paulo, pois tinha uma proposta para jogar na Alemanha, mas recusou.

Em 4 anos no São Paulo, Dagol marcou 61 gols, entre eles, alguns golaços como de cobertura no Palmeiras ou aquele chute de fora da área contra o Flamengo. Dagol representou o São Paulo, ganhou os títulos brasileiro de 2007 e 2008 sob o comando de Muricy Ramalho. Chegou a jogar um período ao lado de Lucas Moura, uma dupla de ataque de respeito, mas pena que foi por pouco tempo.

Dagol raramente tinha uma partida ruim, porém, eu me lembro que o esquema tático nem sempre o ajudava. Dagol fez dupla com o pesado Washington, me lembro de jogos que no contra-ataque Dagol chegava no ataque sozinho contra 4 zagueiros, pois o ataque estava ajudando a defesa. Dagol acabava levando a fama de mal jogador, mas quando você olha os gols que fez, não era um jogador tão ruim, na verdade, para mim, entre os anos de 2000 – 2010 foi um dos melhores atacantes que passou pelo São Paulo ao lado de França, Luis Fabiano, Amoroso e Lucas Moura.

Em 2009, o São Paulo poderia ter vendido o atacante ao Bayern de Munique, mas recusou, pois Muricy queria um time forte para a Libertadores daquele ano, porém, o time não foi tão bem como esperado, inclusive, depois da eliminação Muricy ter sido demitido para a chegada de Ricardo Gomes, que comandou o São Paulo a um vice campeonato nacional naquele ano. Em 2011, Dagol chegou a marcar 22 gols com a camisa do São Paulo, sendo o artilheiro da equipe naquele ano, além de ter um dos maiores números de assistências do time, porém, seu tempo no São Paulo tinha se encerrado, com brigas com técnico e altas críticas por parte da torcida.

Um vencedor

Além dos títulos nacionais pelo Athletico Paranaense e São Paulo, Dagol venceu o Brasileiro em 2013 e 2014 pelo Cruzeiro, sempre como protagonista. Com 5 títulos nacionais, ele é um dos maiores vencedores da competição, como jogador. Ele ainda chegou a jogar no Vasco, Vitória e San Francisco Deltas.

Por onde passou, Dagol levantou taça. Campeão Gaúcho em 2012 com o Inter; Carioca, em 2015, com o Vasco; Baiano em 2016 com o Vitória e da North American Soccer League em 2017 com o San Francisco Deltas. Pouco jogou pela seleção, entrando na seleta lista de craques que poderiam tranquilamente ter disputado uma Copa do Mundo, como Alex, Djalminha, entre outros. Em 2010, por exemplo Dunga levou Robinho e Luis Fabiano, titulares, mas no banco estavam Julio Baptista, Nilmar e Grafite. Dagol, era muito mais jogador que os 3.

Em 2018, voltou ao Brasil para defender o Londrina, mas em 2019 anunciou a sua aposentadoria. No mesmo ano, participou, com a camisa do São Paulo, da Legends Cup, onde mostrou excelente forma. Muitos torcedores pediram a sua volta ao Morumbi, para 2020, uma vez que ele ainda poderia agregar muito ao futebol, mas a diretoria não se sensibilizou com o pedido. Hoje, ele tem uma rede de hamburguerias em Curitiba.


Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rubens Chiri / São Paulo FC

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