Tabelinha Tricolor – Os outros e o São Paulo

Foto: Divulgação

A coluna Tabelinha Tricolor é publicada às segundas-feira pelo Thiego Goulart e aproveita para quase sempre fazer um resumo da rodada do final de semana. Confira o índice da coluna aqui.

Estamos vivendo um momento diferente no futebol. Nem pior, nem melhor, mas muito diferente do futebol que aprendemos a amar.

O jogador de futebol se tornou uma celebridade ou quase um “influencer digital”, como se diz.

Há de ter ponderação quando cobramos atitudes de jogadores que somente um torcedor apaixonado pelo clube teria. Mas há seu limite.

O atleta profissional se tornou mais atleta e menos jogador. Uma pena.

Entender que o jogador está mais conectado, que sua vida envolve patrocinadores, ações de relacionamento com fãs, assessores, parças, media trainning e etc, não o exime da responsabilidade com o seu empregador – o clube. E muitos, muitos jogadores estão confundindo isso. Para eles, o “estar” no clube é mais forte que o “ser” parte do clube.

O que estamos vendo é uma ecatombe de jogadores indolentes com a derrota. Jogadores que não se importam ou não se interessam com a atmosfera que os rodeiam. Alguém se recorda do lateral Roberto Carlos deitado no banco de reservas em um jogo decisivo do Brasil na Copa de 2006? O mesmo lateral que deixou o rival na mão após o “Tolima Day”.

Neste domingo, presenciamos o Reinaldo – ou King – para alguns (sic), saindo do gramado sorrindo e abraçando seu colega Jadson, após mais uma derrota da equipe no estádio do rival, e pior, após 4 (QUATRO!) dias de um dos maiores vexames da história do clube.

Penso que o pior que pode acontecer com um clube grande não é a segunda divisão, longe disso, ela é uma consequência de uma série de falhas ou circunstâncias. Para mim, o pior que pode acontecer com um clube é o seu apequenamento de mindset, é a conformidade com a derrota, é a aceitação do fracasso, é a indolência com o resultado negativo, é a dispersão de realidade.

Hoje o São Paulo é um clube de incompetentes sim, é obvio, mas também é um clube formado por profissionais fracassados (exceto Raí), que não se importam com a derrota, pois ela sempre fez parte de suas vidas. Como se surpreender com algo que sempre foi rotina?

E quando falo deste perfil de profissional, me refiro ao clube inteiro, do presidente ao treinador, do marketing ao futebol.

Uma marca grande, pensa grande. Um clube grande, sonha grande. Pessoas grandes, estão ao lado de pessoas grandes.

O que vemos no São Paulo é um clube gerido pela mediocridade, no sentido mais literal da palavra.

Seu estádio é lindo, tradicional, mas é antiquadro. A torcida anseia por reformas drásticas. Hoje se comemora uma demão de tinta nos vestiários.

Sua camisa é um manto, pesado, mas está sucateada. As grandes marcas já não a olham com grande interesse, sobram patrocinadores pequenos, pontuais e sem expressão.

Sua história é gigante, mas está sob um mar de nevoa. Vende-se jogadores jovens e promissores por um caminhão de dinheiro, contrata-se jogadores veteranos e nada promissores por outro caminhão.

Sua galeria de títulos é surreal e invejável, mas está empoeirada. Perdeu tanto o protagonismo que se comemora vaga na pré-libertadores, nem dela conseguiu passar. Não consegue chegar a uma final sequer.

A atitude de jogadores indolentes, biquinhos e afins, nada mais é do que um reflexo do que os rodeiam, os medíocres. Fariam isso num grande clube da Premier League? Nem a pau.

Alguns iludidos torcedores dizem: “Ah, mas todos os outros clubes do Brasil são assim.”

Eu respondo como minha mãe responderia: “O São Paulo Futebol Clube que eu aprendi a amar NUNCA foi os outros.”

Por dias melhores.


Thiego Goularte. Publicitário, paulistano e, acima de qualquer coisa, fanático pelo Tricolor mais querido do mundo!! Escrevo sobre o olhar de um mero torcedor de arquibancada, mas que teve um ídolo que vestiu a camisa 01 e que lhe mostrou que homens não somente podem voar, mas também serem protagonistas. Me siga no Instagram: @thgoularte.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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