TRIbuna do Braga – Desconfiança x Esperança

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

A TRIbuna do Braga é escrita pelo Rodrigo Braga em todas às sextas.

2019 começa para nós, são-paulinos, sob o signo da desconfiança.

Nestes últimos anos, tivemos que aprender a olhar tudo de maneira mais desconfiada. Também pudera, pois sofremos como só haviam sofrido antes aqueles tricolores (não é o meu caso) que viveram a década de 1960, época em que a prioridade era pagar as contas do nosso maior orgulho, o Morumbi, e as taças sumiram. Desde então, nunca havíamos ficado seis temporadas inteiras sem comemorar um mísero título sequer (nem na segunda metade dos anos 1990, época das famosas reformas no Morumbi em que o dinheiro também rareou). Ou seja, trata-se de um momento pouco comum para o torcedor tricolor. Para a grande maioria, um momento único até hoje.

Não bastasse a seca de 6 anos desde a Sul-Americana de 2012 (naquele jogo que não acabou), são 10 anos sem título nacional, 13 sem taças estaduais (e sem finais no Paulistinha) e os mesmos 13 sem Libertadores – período já superior aquele intervalo entre o bi de 1993 e o tri de 2005.

Não à toa, portanto, nos tornamos desconfiados de tudo. Mesmo com bons reforços, seguimos desconfiados de alguns. Do elenco que perdeu gás na reta final de 2018, idem. Do técnico-aposta, de currículo invejável na base mas que a rigor é uma enorme interrogação no comando do elenco profissional, a mesma coisa. Mas 2019 também tem se mostrado um ano de boas esperanças. Acreditamos no nosso eterno ídolo Raí, que tem se mostrado craque também como dirigente, capaz de cumprir a promessa de recolocar o São Paulo na condição de protagonista.

A atuação do clube no mercado tem sido certeira, dando continuidade a um trabalho que já foi bem feito em 2018 (ainda que em alguns momentos tenha gerado na torcida e até no clube expectativas maiores do que as que realmente poderia entregar). Raí e a equipe que ele lidera nos entregam em 2019 um elenco muito mais qualificado, com menos “pontos fracos”, do que o do ano passado. Acreditamos também na capacidade do agora dirigente Lugano de incorporar o espírito vencedor ao vestiário. Raí e Lugano são o exemplo vivo do São Paulo protagonista, portanto podem cobrar a mesma postura de quem estará em campo durante a temporada.

Por falar no elenco, acreditamos na capacidade de Hernanes de ser esta liderança vencedora dentro de campo. O São Paulo não pode mais aceitar passivamente esta condição de coadjuvante que foi nossa dura realidade nos últimos anos. E 2019 tem, sim, todas as condições de ser o ano em que essa virada vai começar.

Ruim, mas nem tanto

Nunca é bom iniciar o ano com derrota. Mas paramos por aí. Seria injusto criticar um revés por 2 a 1 em um primeiro jogo, amistoso, contra um adversário europeu que está no meio da temporada. E com dois times diferentes em cada tempo.

Mas ficam alguns pontos de atenção. Bruno Peres segue sem função clara em campo. Além dele, Anderson Martins também não foi bem, justamente os dois titulares do Jardine que não seriam meus e de muita gente.

Dos pontos positivos, Hernanes no primeiro tempo e Nenê no segundo mostraram credenciais pra comandar o time quando necessário. Liziero (gosto muito) mostrou que pode ser titular desse meio-campo, e o garoto Helinho, ainda que tenha muito por amadurecer, mostrou potencial pra ser uma opção importante no elenco. O resto foi treino.

Florida Cup

Não vejo com muita empolgação esta participação do tricolor na Flórida Cup, torneio amistoso que por força das circunstâncias ganha ares de pré-temporada. Ainda mais pensando que em menos de 25 dias teremos duelos decisivos pela Libertadores, que definirão todo o restante da temporada. Mas já que o clube resolveu ir para lá, e os adversários ao menos são qualificados, nos resta tirar o melhor proveito desses dias. Independente de resultado nesse primeiro jogo e no próximo, mostrar algum padrão de jogo e ter um time minimamente entrosado para os duelos com o Talleres no início de fevereiro é o mais importante.

Meu time titular

Com todo o elenco à disposição, incluindo os meninos da base que estão na Seleção Sub-20 e na Copinha, e os lesionados, meu time ideal hoje, seria esse: Tiago Volpi; Araruna (Hudson), Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo; Hudson (Luan) e Liziero; Everton, Hernanes e Pablo; Diego Souza. Daria pra fazer algumas variações interessantes dentro do próprio jogo. A conferir o que fará Jardine com todo mundo à disposição.

Rodrigo Braga

Rodrigo Braga. Tenho 40 anos, sou um paulista, paulistano e são-paulino radicado em Santa Catarina, onde há mais de 20 anos atuo como jornalista. Fui editor de esporte e participei de coberturas de Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos e outros eventos internacionais. Sou louco por futebol, mas, principalmente, sou louco pelo São Paulo Futebol Clube.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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