Uma ode a nossa história – Por Matheus Conceição

Há setenta e cinco anos, bastaria uma moeda atirada para cima, segundo quem estava na reunião do arbitral do Paulistão daquele ano, para definir quem seria o campeão: Palmeiras ou Corinthians. Naquela oportunidade, porém, deu São Paulo. A moeda não caiu de face.

Após um longo período de temporadas vergonhosas – exceção feita aos anos de 2014 e 2016, em que fomos, respectivamente, vice-brasileiros e semifinalistas da Libertadores -, onde colecionamos eliminações ridículas e vexatórias, finalmente um ano em que o São Paulo parece se reerguer do pó. O time está se reinventando e buscando raízes em seu passado vitorioso, tanto em campo quanto nos bastidores.

Parece que o presidente Leco entendeu que o seu papel é mesmo de um coadjuvante. Deixou vaidades de lado, reuniu um trio de ídolos competentíssimos para a diretoria, resgatou a tradicional reverência ao passado e reorganizou o sistema de reposição de jogadores da base, dando aval para a retomada do clube como protagonista nacional. O São Paulo sempre à frente!

Por óbvio, esse processo não acontece de um dia para o outro. Basta lembrar que Telê Santana chegou ao São Paulo taxado de “pé-frio“, após vinte e um anos sem título expressivo, e ainda viu seus comandados serem vice-campeões, em pleno Morumbi, para o Corinthians. Sendo que já éramos vice de 1989 para o Vasco em nossa casa. O que se sucedeu, com a manutenção do trabalho de então, todos nós, tricolores, sabemos muito bem. Vieram os anos dourados de nossa história.

Em 2018, o tricolor voltou a ser visto como grande que é. Conquistou um padrão de jogo, contratou um técnico competente e arrumou a casa. Desfez-se, também, de certos jogadores problemáticos, fazendo o vestiário, agora, ter um ambiente invejável. A torcida, que não abandonou o clube nem nos piores anos, abraçou a ideia e faz a diferença nos jogos em casa.

O brilho no olho parece ter voltado.

Mas o torcedor precisa entender que se reestruturar leva tempo. Não é compreensível que haja imediatismo em um time que até outrora se contentava em participar dos torneios e lutar para não cair.

É preciso apoiar, mais do que nunca, um projeto que parece estar levando o tricolor ao caminho das glórias novamente. Derrotas virão, o que é normal. O que precisamos aprender é diferenciar a maneira que elas acontecem.

Voltamos a vencer fora de casa. A nos orgulhar de ver o São Paulo incomodar os adversários e a conquistar clássicos. Resgatamos nosso sorriso de domingo, bem como nossos sonhos. A constelação posta no piso do Salão Nobre do Morumbi deve ser a exata referência para o que precisamos manter: a esperança de um time vencedor por sua própria natureza.

Podemos cair, por vezes. Basta lembrar do Paulista diante do rival. Mas já foi diferente, nos pênaltis, vendendo caro a classificação. Assim como na Sul-Americana, onde o time venceu mais uma fora de casa e a infelicidade se deu nas cobranças de penais. Só não se pode abaixar a cabeça e desacreditar, pois isso não é o São Paulo. O Tricolor é tradicionalmente o time da fé.

Somos a personificação de uma alma que, seja brasileira, celeste ou mesmo argentina – salve, Poy! -, vai estar sempre vibrante.

Cairemos em jogos, sim. Todavia, na história, prezamos por cair de pé e lutando. Foi assim no Paulista, foi assim na Sul-Americana e é assim que tem que ser. Da queda, o aprendizado e a correção. Com paciência e confiança em um trabalho que se mostra sério, a certeza de que, como em 1943, podemos enxergar nesse trabalho de agora uma moeda bela e diferente.

Uma moeda, senhores, que cai, mas cai de pé.

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