Vamos falar de São Paulo – Um clube de “Jucileis”

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

A coluna Vamos falar de São Paulo é escrita pelo Bruno Godinho e será publicada semanalmente. Veja o índice da coluna.

Começo a escrever essa coluna antes do término do primeiro jogo com o Talleres.

Queria escrever assim mesmo, de cabeça quente, com uma visão bem fresca do que acabei de assistir.

O São Paulo Futebol Clube atual é a cara do Jucilei. E olha que eu até gostava do Jucilei. Não mais, não depois do que vi hoje.

O desempenho de Jucilei contra os argentinos de Córdoba é uma das coisas mais vergonhosas que ja vi representando o São Paulo. Até tem (ou já teve) alguma técnica, mas não tem nenhuma vontade de vencer. Não tem gana, não tem a menor noção do que é vestir a camisa do São Paulo.

A postura do Jucilei no jogo de ontem é daquelas para eu, pelo menos, nunca me esquecer. Infelizmente. Não apenas pelas bolas que não dominou. Não apenas pelos passes que errou. Não apenas pela displicência com que atuou. Jucilei, literalmente, OLHOU o time do Talleres fazer dois gols no Sao Paulo. Não se mexeu. Não disputou a bola. Não tentou intervir de nenhuma forma. Foi inerte, apático. Foi inútil.

Se Jucilei não tinha condição de jogo, não deveria ter entrado em campo. Se estava cansado, deveria ter pedido pra sair. Se ficou em campo, deveria ter suado sangue até o apito final. O que vimos, infelizmente, foi o oposto disso.

Jucilei, Bruno Peres, Reinaldo, Nenê, Diego Souza. Todos eles entram em campo com a disposição de uma baleia no deserto do Saara. Brincam fora de campo, dão risada, mas não conseguem representar dentro das quatro linhas, nem por um segundo, o amor de milhões de torcedores que sofrem por esse time. Jogam como se estivessem prestando um favor para alguém. Agem como se o que estão ali representando não fosse nada demais. E talvez, para eles, não seja mesmo.

É impressionante a falta de identificação desses jogadores com o São Paulo Futebol Clube. Parecem estar ali a passeio. Como se uma derrota fosse uma coisa normal e natural. Não lutam, não sentem. Simplesmente, não se importam.

Gostaria muito de defender o Jardine. Gostaria de dizer “Ah, mas não havia outra opção para escalar ali”. Mas não tem como. Jardine é inexperiente e não tem a bagagem necessária para conduzir um time do tamanho do São Paulo, em um jejum tao grande de títulos. Não tem lastro para aguentar a pressão. Nem para comandar um elenco com tamanha quantidade de “Jucileis”. Tem que sair? Talvez. É o principal problema? Longe disso.

Jardine está lá porque assim Leco quis. Leco, um presidente omisso, que tem interesses maiores do que o sucesso do São Paulo.

Um politiqueiro de marca maior e que adora queimar ídolos do clube. Que adora contratar escudos. E cujo objetivo parece ser qualquer um que não o bem do clube que preside. Leco é mais um “Jucilei” na historia do São Paulo. E nossos “Jucileis” são o retrato de Leco.

Agora, com um resultado desse na cabeça, Leco, Jardine, os 25 conselheiros e todos os nossos “Jucileis”, representando o clube que um dia já foi o maior da América do Sul, tem uma semana para planejar e operar um milagre.

Uma semana para montar um time e um esquema de jogo que no mínimo respeite o passado de glórias do São Paulo Futebol Clube. Um clube que, há anos, é refém de má gestão, de má vontade. Um clube que, há anos, vive de “Jucileis”.


Bruno Godinho, 38 anos, administrador de empresas e cantor nas horas vagas, é um são-paulino convicto desde os Menudos do Morumbi. Fanático pelo Tricolor Paulista e por futebol, sempre gostou de escrever e falar sobre o assunto, sendo o representante da torcida Tricolor no Sala de Imprensa, da finada Bradesco Esportes FM.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

Receba notícias do SPFC no WhatsApp e Telegram.
Siga-nos no Instagram, no YouTube e no Twitter.

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

TAGS:
Compartilhe esta notícia