17 de junho de 1992. Pela primeira vez a América foi pintada de vermelho, branco e preto

Arquivo Histórico do São Paulo Futebol Clube

Tricolor venceu o Newell’s Old Boys nos pênaltis e viu Raí erguer a taça

No dia 17 de junho de 1992, o São Paulo entrava para o seleto grupo de campeões da maior competição do continente sul-americano. Foi em uma noite de quarta-feira no Morumbi que o Tricolor recebeu o Newell’s Old Boys e venceu por 1×0 no tempo normal e 4×3 nas disputas de pênaltis e deu o título a Telê Santana, Raí e cia.

No fim das disputas de pênaltis, a torcida invadiu o campo e carregou nos ombros o time e o capitão Raí ergueu a taça pela primeira vez. A festa dos torcedores são-paulinos tomou conta da cidade que nunca para, mas que teve que cessar seu ritmo alucinado para ver o desfile dos campeões e dos torcedores entusiasmados.

Porém, quem acha que a Libertadores foi tranquila, a realidade foi completamente diferente. A competição na década de 90 não tinha controle de dopagem e era considerado uma competição violenta.

Por isso, no primeiro jogo o técnico Telê Santana escalou um time misto e foi derrota por 3×0 pelo Criciúma. E na sequência a equipe teve que subir o morro para enfrentar o San José, da Bolívia.

O grupo 2 além de Criciúma e San Jose também tinha o Bolívar. Ao fim, o Tricolor terminou com 8 pontos com 3 vitórias, 2 empates e 1 derrota.

Avançando o mata-mata, o Tricolor marcou encontro com o Nacional, do Uruguai. Foram duas vitórias, por 1×0 e 2×0 e a classificação para as quartas de final.

Novamente, a equipe enfrentou o Criciúma. A revanche a derrota a primeira fase veio com uma vitória por 1×0 e um empate por 1×1 para garantir a vaga entre os quatro melhores do continente.

O adversário na ocasião foi o Barcelona de Guayaquil. A vitória no Brasil praticamente definiu o confronto já que veio por 3×0, porém, a equipe quase se complicou no Equador perdendo por 2×0, mas a diferença de gol garantiu a classificação para a final.

Do outro lado viria o Newell’s Old Boys que derrubou o Defensor do Uruguai nas oitavas (empate por 1×1 e vitória por 1×0), o San Lorenzo nas quartas de final (4×0 e 1×1), e o América de Cali na semifinal com dois empates por 1×1 e decisão nos pênaltis por 11×10.

Confira a ficha técnica da grande final

17.06.1992 – São Paulo (Brasil) | Estádio Cícero Pompeu de Toledo, Morumbi | São Paulo Futebol Clube 1 x 0 Club Atlético Newell’s Old Boys | Nos pênaltis: 3 x 2 para o São Paulo

SPFC: Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ronaldão e Ivan; Adílson, Pintado e Raí (capitão); Muller (Macedo), Palhinha e Elivélton | Técnico: Telê Santana.

Gol: Raí (pênalti), 22’/2

CANOB: Scoponi, Saldaña, Gamboa (capitão), Pocchettino e Berizzo; Llop, Berti e Martino (Domizzi); Zamora, Lunari e Mendoza |Técnico: Marcelo Bielsa.

Árbitro: José Joaquín Torres Cadenas (Colômbia) | Assistente 1: Jorge Zuluaga (Colômbia) | Assistente 2: John Redón (Colômbia)

Renda: Cr$ 1.072.490.000,00 | Público: 105.185 pagantes

Confira a campanha do Tricolor

Primeira Fase

06.03.1992 – 0 X 3 – CRICIÚMA Esporte Clube (SC)

17.03.1992 – 3 X 0 – Club SAN JOSE (Bolívia)

20.03.1992 – 1 X 1 – BOLÍVAR Independiente Unificada (Bolívia)

01.04.1992 – 4 X 0 – CRICIÚMA Esporte Clube (SC)

07.04.1992 – 1 X 1 – Club SAN JOSE (Bolívia)

14.04.1992 – 2 X 0 – BOLÍVAR Independiente Unificada (Bolívia)

Oitavas-de-Final

28.04.1992 – 1 X 0 – Club NACIONAL de Football (Uruguai)

06.05.1992 – 2 X 0 – Club NACIONAL de Football (Uruguai)

Quartas-de-Final

13.05.1992 – 1 X 0 – CRICIÚMA Esporte Clube (SC)

20.05.1992 – 1 X 1 – CRICIÚMA Esporte Clube (SC)

Semifinais

27.05.1992 – 3 X 0 – BARCELONA Sporting Club (Equador)

03.06.1992 – 0 X 2 – BARCELONA Sporting Club (Equador)

Finais

10.06.1992 – 0 X 1 – Club Atlético NEWELL’S OLD BOYS (Argentina)

17.06.1992 – 1 X 0 – Club Atlético NEWELL’S OLD BOYS (Argentina) 3 X 2 pen.

A grande final

O Tricolor chegou a um Morumbi completamente lotado e crente em uma vitória da equipe. A diferença de um gol não impediu o sonho Tricolor e a equipe mostrou que iria buscar a todo custo a vitória. No primeiro tempo, a equipe de Telê mandou no jogo e finalizou, mas não conseguiu fazer o gol.

No segundo tempo, o treinador colocou Macedo no lugar de Müller e a promessa do Tricolor sofreu pênalti de Gamboa. A cobrança de Raí foi perfeita e a vantagem dos argentinos caiu por terra. Porém, o time Tricolor não conseguiu marcar o segundo e a disputa acabou nos pênaltis.

A comissão técnica com Valdir de Moraes e o reserva Alexandre passaram as informações para Zetti sobre os cobradores do Newell’s.

Berizzo perdeu. Raí marcou novamente. Zamora venceu Zetti, mas Ivan também guardou. Llop empatou, e o placar permaneceu assim, pois Ronaldão errou. Então Mendoza retribuiu o favor e bateu por cima. Cafu pôs o São Paulo na frente, 3×2.

A última cobrança da série normal seria de Gamboa. Zetti foi magistral. Saltou para a esquerda e, de mão trocada, espalmou a bola para fora. Estava decidido. O São Paulo era, pela primeira vez, Campeão da Copa Libertadores da América!

Depois da decisão, a torcida invadiu o campo e festejou com os jogadores e com o treinador Telê Santana. Os torcedores levaram consigo as redes das duas traves, as bandeirinhas de escanteio, tufos de grama, nacos de terra, partes dos uniformes dos jogadores, mesmo dos suplentes e até mesmo um dos bancos de reservas.

Raí ergueu a Taça da Libertadores sobre um palco montado na lateral do campo. O capitão Tricolor comentou ao jornal Folha de São Paulo que o coração dele quase parou quando o juiz apitou o pênalti sobre Macedo, que decidiu a vitória do Tricolor no tempo normal. “A primeira imagem que me veio foi a Libertadores de 74, quando São Paulo teve um pênalti a seu favor no tempo normal, desperdiçou-o e perdeu o título. Pensei internamente: a história não pode se repetir”. Disse o capitão. Ao lado dele, Antônio Carlos, coberto com a bandeira do São Paulo, e Zetti comemoravam.

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