Fim de festa, fim da paciência

Aquela meia luz, pratos com restos de salgados, copos com cerveja morna, garrafas pet de refrigerantes sucateando a mesa, bolinhas de guardanapo jogadas. É essa melancolia de fim de festa que se tornou o fim de ano do São Paulo. E todo mundo, exceto a torcida, tem culpa nessa sensação merda que está sendo acompanhar o time. A diretoria simplesmente largou o barco, com Casares indo viajar pra Europa pra fazer sabe-se lá o que, Zubeldia inexplicavelmente insistiu em escalar esse time que não tá jogando nada e os jogadores, salvo raríssimas exceções, também estão com aquela vontade de mesário de eleição. 

Nada justifica. E a torcida não merece isso. Mais um ano com apoio total e irrestrito deveria ser recompensado com um fim de temporada minimamente digno. Quem vai explicar esse déficit absurdo sem o clube gastar com reforços e aumentar receitas? Quem vai explicar a lesão do Calleri e por que ninguém exige que ele entre em campo? Quem vai explicar a falta de oportunidade para jogadores que a torcida tem curiosidade de ver jogar, sobretudo quando o campeonato não vale nada? 

São muitas explicações a serem dadas e o crédito desse elenco se esfarelou. A Copa do Brasil foi legal pra caralho, mas já passou. Já foi. Esse ano tiveram bons momentos, mas a fotografia final contamina a análise – com razão. A bolinha que está sendo jogada é inadmissível, principalmente contra times piores. Não venceu Criciúma e Bragantino, perdeu pra Juventude e Cuiabá. O elenco do São Paulo é limitado, ok, mas é melhor que esses adversários e fim de conversa. Tinha obrigação de fazer coisa melhor.

Zubeldia cometeu um erro elementar, tão evidente quanto inocente. Ontem era dia para rifar o jogo, colocar Moreira, Santiago Longo, Rodriguinho, Henrique, William Gomes, Nestor, Marcos Antônio… enfim, todo mundo que mal jogou na temporada. Se perdesse, a justificativa estava pronta. Ao escolher o time titular – que ninguém aguenta mais ver jogar – e tomar uma piaba do Juventude, manobrou os canhões para sua própria direção e escutou vaias pela primeira vez. Merecidas, aliás. Não adianta rigorosamente nada a coletiva ser boa se o desempenho no jogo foi horrível. Embora tenha dado o recado que esse time precisa de 5 reforços, o que, pra mim, é o mínimo. Para falar a verdade, falta um goleiro mais confiável, falta meia(!!!!!), faltam 3 laterais (dois esquerdos e um direito), falta um 9, falta um ponta. Se tiver criatividade e observar mercados marginais, consegue trazer bons valores. Exemplos no futebol brasileiro não faltam.

Fato é que Zubeldia passou a bola pra diretoria de maneira mais veemente. Agora precisamos ver como vão reagir a essa espécie de cobrança e pedido. O que não dá é para contratar jogadores que sequer são utilizados – e não é a primeira vez! Santiago Longo é o novo Andres Colorado. Jamal Lewis é o novo André Anderson. Essa diretoria erra sem parar, mas a pindaíba do São Paulo não permite mais escorregões. E a torcida, leal até a medula, não tem mais paciência para conversinha mole. Todo mundo deve explicações: Casares, Belmonte, Zubeldia, jogadores. Fim de temporada em clima de fim de festa. E de fim da paciência também.  

Não era pra terminar o ano assim, agora só queremos que o ano acabe. 

Lucca Bopp é escritor e host do podcast Boppismo, que recebe grandes personalidades do esporte e do entretenimento. São-paulino fanático, Lucca defende as cores do Tricolor no podcast “Os 4 Grandes” e é responsável por redigir textos publicitários para campanhas de grandes marcas.

Confira minhas colunas anteriores aqui no Arquibancada Tricolor.

*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site

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