Orejuela, William, André Anderson, Colorado, Mendez, Nahuel Bustos, Raí Ramos, Jamal Lewis, Bruno Rodrigues, Gabriel Neves, Jandrei, Felipe Alves, Eder, Nikão, Marcos Guilherme, Pedrinho, David, Pato.
Todos esses equívocos, digo, reforços foram contratados por essa gestão. Daria para incluir outros nomes, mas acho que essa quantidade já ilustra bastante a falta de precisão na hora de melhorar o time. O São Paulo, que já foi um sniper no mercado no longínquo período entre 2004 e 2007, passou a ser um primata com uma metralhadora na mão. Teve todo tipo de erro. Jogadores inexplicáveis, apostas mal sucedidas, medalhões em franca decadência. Não só por isso, mas também por isso o clube está nessa pindaíba total.
Mas agora, diante do FIDC e do poder dos rivais, não há mais margem de erro. É simplesmente proibitivo errar na mosca de novo. E não estou falando apenas em nomes, mas no entendimento do que esse elenco REALMENTE precisa. Por exemplo: estão falando em acertar um pré-contrato com Thiago Mendes. Thiago pode ajudar, claro, mas joga numa posição que o time já tem opções. Alisson, Bobadilla, Marcos Antonio, Nestor, Liziero… isso sem falar de Hugo e Negrucci da base. E por mais que Thiago viesse sem valor de transferência, tem luvas e salário para mais um jogador com mais de 30 anos. É a melhor decisão contratá-lo agora? Tenho minhas dúvidas. E também não acho que seria um jogador que faria o time dar um salto significativo de qualidade.
As carências são cristalinas: lateral-esquerdo, direito e meia. Na minha opinião, dois laterais-esquerdos têm que chegar porque, depois de Jamal Lewis ser uma aventura tão coerente quanto os filmes do David Lynch, resta Patryck – jogador que deixou claro não ter condições de vestir essa camisa hoje. Então precisam chegar dois laterais, idealmente um para ser titular absoluto e outro com margem de evolução. Wendell seria um excelente reforço nesse sentido. Ótimo jogador, 31 anos, daria peso a um setor que só existiu esse ano porque Wellington foi enorme. E, na reserva, olho em talentos sulamericanos jovens, bons e baratos. Cabanillas, recém contratado pelo Melgar, poderia ter sido garimpado. Na base nem Riquelme nem Felipe estão prontos, embora tenham futuro. Foco total deveria ser em Wendell. Se for pra gastar, é com ele. E depois do balão que tomamos de Alex Sandro, vai ficar feio se perderem essa também. Peço permissão para sugerir outro nome: Valentin Barco, ex-Boca, 20 anos e que está emprestado ao Sevilla – sem tanto sucesso. Barco é um talento colossal e, com a técnica que tem, poderia ser meia. Numa dessa, matamos dois coelhos com uma paulada só.
Falando na meiuca, há mais opções para contratar. E a necessidade é menor que a lateral esquerda, embora seja grande. Porque nenhum jogador do elenco hoje, nenhum, é capaz de encontrar espaços invisíveis numa metida de bola que ninguém viu – ou anteviu. A falácia de que os meias acabaram ou que não conseguem mais jogar atualmente esfarelou com os campeonatos que fizeram Garro, Alan Patrick e Savarino. Isso sem falar de Almada, Veiga, Matheus Pereira. Há jogadores que valem a consulta, de tamanhos e virtudes diferentes. Ganso, Soteldo, Zapelli, Terans. Ou nenhum desses: um talento sulamericano ou uma pinçada criativa. Zubeldia pode e deve ajudar nessa busca no mercado latino. Inclusive eu perguntaria a ele nominalmente quem ele quer com a grana que tem e iria atrás desses caras especificamente. Se der merda, o técnico banca a responsabilidade.
Benjamin Chandía, 22 anos, que joga no Coquimbo Unido-CHI, é interessante. Leo Scienza, do Heidenheim-ALE, também. Não precisa ser nenhum desses, evidente, mas o ponto é que dá pra buscar nomes fora do radar. Lembrando que as planilhas ajudam, mas não explicam nem nunca vão explicar o futebol ou o sucesso de uma contratação. Ou vocês acham que alguma planilha cravou que Felipe Mello e Fabio seriam campeões da América no Fluminense; ou que Deyverson mais uma vez fosse para uma final de Libertadores; ou que Alisson ia jogar essa barbaridade pelo São Paulo depois de ser rebaixado pelo Grêmio. O futebol é muito mais imponderável do que queremos admitir, então há espaço para sermos surpreendidos. Mas isso não significa que as cagadas não possam ser mitigadas.
Na lateral direita, a montanha russa chamada Igor Vinicius é útil, mas em SEIS anos de São Paulo nunca vestiu a 2 avisando que a posição era dele e acabou. Precisamos de outro jogador tão físico quanto ele porque, sabemos, Rafinha vai parar e Moreira infelizmente sofre com lesões – embora seja o mais técnico, disparado. Nesse sentido, gosto do Matheus Alexandre, que caiu com o Cuiabá e é um tanque fisicamente. Claudinho, do Criciúma, fez um campeonato bem honesto e está acertando com o Vitória. Será que não vale a aposta? Se o Vitória consegue contratar, pelo amor de Deus o São Paulo também consegue. De novo: apostas, mas apostas que fazem sentido – ainda mais numa posição tão escassa aqui e lá fora.
Agora vamos às posições que não estão sendo pensadas como carências, mas que, na humilde opinião deste colunista, precisam despertar atenção. Goleiro, camisa 9 e ponta. Rafael, Rato e Calleri fizeram uma temporada consideravelmente abaixo do que a anterior e não há nenhum ponta confiável. Lucas se desgasta por ali, Ferreira também oscila uma barbaridade, Erick nem se fala, William é moleque ainda. Não são reforços prioritários, mas em breve podem ser. André Silva precisa ser testado pelos lados junto com Calleri, o gol contra o Botafogo saiu na união dos dois e ganhamos poder na bola aérea e na presença de área. E Calleri precisa voltar a jogar bola. Eu usaria o Paulista para avaliar a urgência dessas 3 posições e, enquanto rola o Estadual, já deixaria engatilhado alguns nomes. E aí, meu camarada, pensamos nos ativos desse elenco que podem ser usados como moedas de troca: Galoppo, Michel, Nestor, Rato, Erick, Liziero, Patryck… o São Paulo tem que saber capitalizar em cima dos valores que já têm dentro de casa. A troca entre Everton e Luciano é o melhor negócio feito da década. Por que nunca mais tentamos algo dessa natureza?
Enfim. Se o São Paulo quiser disputar ao menos os mata-mata do ano que vem, a margem de erro tem que ter o valor da conta bancária do clube: zero.
Lucca Bopp é escritor e host do podcast Boppismo, que recebe grandes personalidades do esporte e do entretenimento. São-paulino fanático, Lucca defende as cores do Tricolor no podcast “Os 4 Grandes” e é responsável por redigir textos publicitários para campanhas de grandes marcas.
Confira minhas colunas anteriores aqui no Arquibancada Tricolor.
*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site
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Bopp, na verdade, os reforços para quase todas essas posições citadas estão em Cotia, o São Paulo (leia-se Casares e Zubeldía), só precisa subir o jogador e dar a chance – quanto a goleiro: por que não dar chance ao Young? Lucas Perri e Thiago Couto tiveram poucas chances no time, juventude pesou, claro que oscilariam em algum momento, mas goleiro precisa de sequência de jogos e o próprio Rogério Ceni ao ser treinado pelo Telê nas muitas ausências do Zetti por estar na Seleção, não pense que Rogério Ceni não falhava, São Paulo não perdia jogo ou ele não tomava bronca do Telê – tomou e muita, mas Rogério Ceni melhorou seu posicionamento, defesa passou confiança ao nosso goleiro e o resultado todos já sabemos -.
A questão do Wendell: se ele jogou 2 vezes – DUAS, frise-se em letras garrafais – e recebe o equivalente a 1 milhão de reais, quem garante que ele, 31 anos, não será o James brasileiro e fazer a torcida tricolor morrer de raiva novamente? Algum motivo oculto tem.