Por Fernando Michelutti – Papo de Arquibancada
Como disse aqui na última semana, estamos em reformulação novamente!
Diego Vicente Aguirre Camblor, nascido em Montevideo – 13 de setembro de 1965, é o novo treinador do Tricolor paulista e terá uma difícil missão pela frente. Em resumo, ele terá que fazer o que Dorival Junior, Rogério Ceni, Doriva, Bauza, Ozório e até mesmo Muricy Ramalho não conseguiram nos últimos anos: tornar o São Paulo protagonista novamente no cenário futebolístico nacional.
A tarefa é hercúlea caro torcedor são paulino! Razões para isso não faltam. Para falar brevemente, passam por: presidências fracas, politicagem de conselho, dívidas, times fracos, futebol em mãos equivocadas e etc. E tudo isso somado a pressão absurda de ter ganho o último titulo há 6 anos atrás e vir sofrendo constantemente com: derrotas em clássicos, vexames em mata-mata e quase sermos rebaixados ao longo dos últimos campeonatos brasileiros.
Sentiu o drama? Mas quem é Diego Aguirre e o que podemos esperar dele?
Diego Aguirre foi um jogador mediano. Era um meia atacante muito mais esforçado do que habilidoso. Iniciou carreira no Liverpool de Montevidéu (1985). Jogou no San Francisco de Sales, Playa Honda, Peñarol (1986 a 1987), Fiorentina (1988). Teve uma breve passagem no futebol grego, pelos times do Olympiakos e Alpha Ethniki. Jogou no Internacional (1988 a 1989), São Paulo (1990), Independiente (1992), Marbella (1993 a 1995), Peñarol (1995 a 1996), River Plate-URU (1997 a 1998), C.D. FAZ e Bolívar y Temuco. Seu ápice foi ter anotado o gol que levou o Peñarol a conquista da Copa Libertadores da América em 1987:
Sua passagem pelo Tricolor mais famoso do mundo foi relâmpago! Ele foi levado ao São Paulo pelo empresário Juan Figer, histórico parceiro de transações do Tricolor. Além do agente, outro compatriota teve peso decisivo na contratação: Pablo Forlán, ex-lateral-direito tricolor e pai do atacante Diego Forlán, era o técnico da equipe àquela altura. Em números, Aguirre não foi mal. Pelo contrário. Disputou 17 partidas, teve cinco vitórias, oito empates e quatro derrotas. Fez sete gols, mesmo número de Raí e Mário Tilico. Foram os artilheiros daquele período. Mas o São Paulo era um time em transformação e abalado pela péssima campanha no Campeonato Paulista – soma-se a isso a chegada do mestre Telê Santana, que preferiu investir em um elenco talentoso – ganharia um Brasileiro, dois Paulistas, duas Libertadores e dois Mundiais nos três anos seguintes, Aguirre teve seu curto ciclo encerrado e então continuou sua peregrinação no futebol sem deixar saudades no Morumbi.
E como treinador?
O treinador de 52 anos está longe de viver uma grande fase na carreira. Seu auge foi o vice-campeonato da Libertadores com o Peñarol, em 2011. Neste últimos sete anos, ganhou três torneios no Catar, o Gaúcho de 2015 com o Inter e a Florida Cupa de 2016, com o Atlético Mineiro.
Está desempregado desde setembro do ano passado, quando caiu com o San Lorenzo da Libertadores, nas quartas de final, diante do Lanús.
Aguirre iniciou sua carreira no pequeno Alianza San Agustín e em 2001. Depois passou por Plaza Colônia, Aucas, Montevidéu Wanderers e Alianza Lima até então, já em em 2003, Aguirre conquistou o Campeonato Uruguaio à frente do Peñarol. Contudo, nos primeiros seis meses de 2004 os resultados não foram os mesmos e ele acabou deixando o clube. Também dirigiu a Seleção Uruguaia Sub-20 que disputou o Sul-Americano no Egito. Após classificar a seleção em quarto lugar à próxima fase do torneio, foi desclassificado nas oitavas de final pela Seleção Brasileira. Retornou ao Peñarol, onde conquistou o título nacional de 2009 e 2010. E em 2011, levou o time uruguaio à final da Copa Libertadores da América, mas acabou sendo derrotado pelo Santos.
O vice-campeonato da Copa Libertadores catapultou o técnico ao mercado brasileiro. Em 22 de dezembro de 2014, aos 49 anos, foi anunciado como novo treinador do Internacional, substituindo Abel Braga. No Internacional fracassou por impor um rodízio exagerado que jogadores e imprensa reclamavam. A queixa eram as trocas constantes que não permitiam a equipe ter entrosamento. Além disso, sua Comissão Técnica não teria conseguido condicionar os jogadores. O time seria fraco fisicamente. Foi demitido depois de o clube gaúcho ser eliminado da semifinal da Libertadores pelo Tigres do México. No Brasileiro, a equipe ocupava a décima colocação, em 2015.
Em 2016, sua passagem pelo Atlético Mineiro também teve sérios questionamentos. O elenco era forte, com muitas opções. A expectativa pelo então presidente Daniel Nepomuceno era de conquista da Libertadores de 2016. Só cinco meses bastaram para críticas da imprensa quanto à falta de esquema tático definido e relacionamento com os jogadores. Se ganhou a Flórida Cup, caiu em três torneios seguidos. Perdeu o Mineiro para o Cruzeiro, foi eliminado na fase de grupos da Primeira Liga e da Libertadores, nas quartas de final, para o Tricolor Paulista.
E porque então ele foi contratado pelo Tricolor Fernando? As perspectivas não são nada animadoras não é?
Sim, isso é verdade. O nome não provocou suspiros de admiração. Muito pelo contrário. Conselheiros e membros do Conselho de Administração ficaram decepcionados com a escolha. Assim como grande parte da torcida Tricolor, que esperava por Cuca (com contrato com a Globo, só voltará a trabalhar como treinador depois da Copa do Mundo),
Lugano indicou Aguirre pela personalidade forte do treinador – vale lembrar que Aguirre foi o primeiro treinador do DIO5, no Plaza Colonia. Raí e Ricardo Rocha também apoiaram a indicação e então logo o cancer do #ForaLeco abriu as negociações. Ao contrário de Dorival Júnior, ele é muito exigente em relação à combatividade que exige de seus jogadores. Os times que comandou sempre brigaram, lutaram em campo. Assim como o São Paulo, Diego Aguirre está precisando dar uma guinada na carreira.
Isso dará certo? Sinceramente não sei pois Aguirre tem um perfil complicado. Porém caro torcedor são paulino, é o que temos para hoje!
Aguardaremos as cenas dos próximos capítulos na fase de mata mata do Paulistão, na Copa do Brasil e durante o longo e competitivo Campeonato Brasileiro.
Saudações Tricolores,
Fernando Michelutti.