Escrevo esse texto na madrugada depois de São Paulo 0x0 Flamengo, o fim da disputa do FC Series e por óbvio da pré-temporada Tricolor nos Estados Unidos. Quero dedicar essas primeiras linhas somente a agradecer imensamente a todos vocês que acompanharam nossa cobertura no Arquibancada Tricolor. De verdade, foi fantástico e nem sei se mereço tantas mensagens bacanas. Melosidade a parte, vamos ao que interessa: o que eu vi e vivenciei na cobertura do São Paulo Futebol Clube na Florida.
Cobrir a pré-temporada nos EUA e os jogos do FC Series foi literalmente a Disney do jornalista. Como é bom fazer setorismo vivendo os treinamentos, conversando olho no olho com pessoas do clube e podendo tirar suas próprias conclusões. Começo falando justamente dos treinos: foram 10 dias de preparação do São Paulo, sendo a maior parte delas no enorme complexo da ESPN Wide World of Sports.
Logo nos primeiros treinos, anotei observações sobre os jogadores. Destaco a forma física que Luiz Gustavo se reapresentou (uma pena a lesão), os bons treinamentos de Erick e Henrique Carmo, a facilidade na execução dos fundamentos (tudo de primeira) do Oscar e os também bons treinamentos de Igão, zagueiro que pude atestar ser muito promissor.
Quase todo pós-treino a assessoria do São Paulo selecionou atletas para entrevistas. Alisson, Pablo Maia, Ferreirinha, Sabino, Zubeldía, Lucas Moura, Luiz Gustavo e Alan Franco conversaram conosco após os treinos na ESPN.
A conversa com Zubeldia no entanto se estendeu muito além do “no ar”. O técnico argentino fazia questão de conversar com a imprensa quase todos os dias. No primeiro dia, fazia muito frio no complexo da ESPN. O companheiro Marcelo Braga, do GE, comentou sobre a temperatura e o técnico brincou: “Achavam que era o Rio de Janeiro?”.
No segundo dia de treinamentos, me preparava pra gravar uma reportagem na beira do gramado e Zubeldia chegou. Em um papo com a equipe do AT (grande abraço aos amigos João Zauith e Alê Mendonça), Zubeldia explicou a quilometragem que buscaria em cada treinamento, falou sobre as dificuldades da pré-temporada curta e como ele gostaria que o calendário fosse outro. Um papo importante pra entender a visão dele dessa loucura chamada futebol brasileiro.
As interações continuaram durante a semana: Zubeldia seguiu conversando explicando as sessões de treino e até brincou com a assessoria de imprensa que os jornalistas tinham que receber um café. Destaco, no entanto, o último dia de treinamento na ESPN. Zubeldia bateu um papo de quase meia hora conosco. Falou sobre tudo.
Revelou suas preocupações com o calendário, disse que era o que mais o tirava a paz nas férias. Falou sobre o “mirar curto, mirar longo” que busca dentro de campo, o método de trabalho que é tentar fazer o seu jogador ler melhor o jogo e sua disposição tática. Voltou a falar sobre o que ainda pensa de mercado. E principalmente: foi Zubeldia. Quebrou totalmente um pensamento que confesso que já passou pela minha cabeça: esse cara é assim mesmo ou joga pra torcida? Zubeldia é Zubeldia com câmera ligada ou desligada, sem teatro. Críticas do campo a parte, essa postura do argentino transmite honestidade. E ser honesto é muito importante no futebol.
Sobre os jogadores no treinamento, foi possível fortalecer a visão daqueles que já vejo um entrosamento bacana. É o caso de Pablo Maia e Alisson, inseparáveis e incentivadores um do outro nos treinos. Também foi possível ver um entrosamento muito rápido do Enzo Díaz, jogador que chegou rapidamente brincando com os companheiros e bastante entrosado, talvez pelo tanto de argentinos no elenco e comissão.
As partidas de fato não empolgam, mas acho que nem serviriam a esse propósito: a pré-temporada foi extremamente curta e acho que os adversários não chegam a ser os ideais para um período de preparação. Os últimos 25 minutos do jogo contra o Flamengo refletem o desinteresse dos dois lados em conseguir se atirar por um resultado.
Tentando forçar a ótica positiva, acho a pré-temporada realmente interessante por esses fatores que fogem do campo: os jogadores terem esse dia a dia de união em outro país, um ambiente diferente e uma preparação com estrutura de primeira. Para o clube, as ativações de marketing que rendem uma grana.
A ótica negativa é a bagunça do calendário brasileiro e a bizarra divisão de times entre os confrontos de Copinha, Paulistão e pré-temporada. Talvez a pré-temporada nos EUA não volte a acontecer. E talvez não tenha sido o cenário ideal, mas me pergunto se existe cenário ideal nesse contexto.
Como brincou Zubeldia no final da coletiva e despedida dos jornalistas na Flórida: “calma, faltam só 70 jogos”. O ano está só começando. Ainda teremos muito coisa pra debater, cornetar e espero que possamos sorrir mais em 2025.
Sem se empolgar ou se desiludir demais. Agora é oficial: vamos pra mais um ano de São Paulo Futebol Clube.
Gabriel Sá é setorista do São Paulo FC há mais de um ano pelo Arquibancada Tricolor. Onde o São Paulo joga, Gabriel está presente. Sua coluna traz análises e informações de quem está ao lado do Tricolor, em qualquer lugar e a qualquer momento.
Confira minhas colunas anteriores aqui no Arquibancada Tricolor.
*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site
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Gabriel, admiro a sua coluna, muito legal o que escreveu, mas obviamente vou começar pela bizarrice – sobre o exíguo calendário desse ano já foi dito, repetido, comentado e escrito várias vezes, assim como já achava absurdo o jeito que é montado e clubes simplesmente dizem sim às federações nas montagens de calendário e passam ano inteiro reclamando depois, mas vamos lá – : não tem sentido aceitar jogar amistosos nos EUA contra times brasileiros numa época que o São Paulo corria risco de ir para a Pré-Libertadores – para mim, essa é vergonha maior do que os 6×1 do Corinthians de 2015, não imagina a raiva que fiquei e como me senti envergonhado com aquela eliminação para até então desconhecido Talleres -.
E claro, depender de conquistas de outros times – vulgo Flamengo e Botafogo – para irmos diretamente à fase de grupos da Libertadores-2025 (que vergonha!!!), e poder executar o “planejamento”. Pior: como foram reservadas 2 datas, adiamos 1 data – data da estreia do estadual contra a Inter que seria dia 15, data do jogo contra o Cruzeiro – e a de ontem (contra o Botafogo-SP) foi passada para hoje por conta do confronto contra o Flamengo nos EUA – que foi ontem -.
Resultado: jogadores do principal voltaram antes e a BIZARRICE MAIOR: esfacelou o time que está na semi da Copinha, podendo ser pentacampeão, algo que não ocorre desde 2019, ou seja: quem jogar hoje, vai estar um caco amanhã e dificilmente vai ter como contribuir – Ryan Francisco principalmente, com 8 gols, vai ser uma baixa terrível, vergonhoso isso -.
Quanto ao aspecto positivo citado: na parte de Alisson e Pablo Maia, ambos já possuem essa união até fora do campo: Pablo Maia é padrinho do filho de Alisson e Alisson foi ao casamento do amigo.
Descontração lá nessa viagem fora isso é legal ter, presenciar treinamento dentro do campo? Deveria voltar a ter, assim como o time precisa aprender com os vacilos dos jogos e Zubeldía mais ainda em relação aos cartões que recebe: é cansativo vê-lo invadir campo, dentro ou fora do país e tomar cartão pelo mesmo motivo.