O São Paulo é o maior time do Brasil, indiscutivelmente.
Não porque eu sou torcedor, mas sim porque é inegável. Nenhum time tem os títulos que temos. Tri mundiais, Tri da libertadores, forte, respeitado, temido no continente e com grande história! Hexacampeão brasileiro e 12 títulos internacionais. Isso sem contar nos grandes jogadores que jogaram aqui.
Os últimos anos não estão sendo fáceis, talvez, os piores da história. E a maior parte da torcida não está sabendo lidar coma situação. Há alguns anos, o famoso jornalista Milton Neves dizia: “Torcer para o São Paulo é uma grande moleza”, frase esta que se referia ao fato do time estar sempre por cima.
Os anos se passaram e as coisas começaram a mudar. O Tricolor deixou de ser aquele time que briga por tudo que disputa, que sempre teve estrutura maior e melhor que os outros, que era pioneiro. Porém, a própria torcida parece que não compreendeu o que deve ser feito neste momento.
O São Paulo nunca foi e nunca será o time querido pela imprensa, pelo contrário, passei anos vendo crises sendo geradas com gosto pela imprensa. E sabem o porquê desse ranço da imprensa com o São Paulo? Porque o Tricolor cresceu sem precisar de subterfúgios, cresceu pelos próprios méritos e conquistou o mundo. Até meados dos anos 80, Palmeiras e Corinthians “dominavam” o futebol paulista, e os dois sempre foram os queridinhos dos veículos jornalísticos. O São Paulo era o terceiro time na importância. Todavia, a partir de 1986 isso começou a mudar.
Montamos um time repleto de garotos, fomos campeões brasileiros em uma final para lá de emocionante. Contudo foi na década de 90 que o São Paulo passou a ser odiado por todos, trabalhando de maneira séria, com as pessoas certas, jogadores bons e um gênio no banco de reservas. Fomos campeões brasileiros em 1991, e emendamos duas Libertadores e dois campeonatos Mundiais, vencendo Barcelona e Milan, e não apenas vencendo, ganhando com autoridade. Campeão paulista em cima de Corinthians e Palmeiras. Ainda perdemos uma final de Libertadores, quando fomos garfados na final e 1994 contra os argentinos do Vélez. Isso foi demais para a imprensa. Ganhar o mundo, conquistar milhões de jovens, virar conhecido internacionalmente, sem qualquer parceiro para comprar jogadores, ajuda de arbitragem ou coisas do time. Conquistando tudo isso de maneira discreta, apenas trabalhando. A imprensa nunca gostou disso.
Depois da saída de Telê Santana, o São Paulo passou por um momento pouco vencedor. Foram dois paulistas em 1998 e 2000 e um Rio-São Paulo em 2001. Até que chegou 2005 e tudo mudou de novo. O time da fé vence o Paulista, fatura a Libertadores e o Mundial. Isso com jogadores “sem grife”, um grupo unido e com vontade de vencer, e um craque no gol. Jogadores que até hoje são subvalorizados, como Fabão, Aloísio, Mineiro e Josué. Isso sem contar que o zagueiro Lugano, símbolo daquele time é execrado pelos “mais entendidos”.
Nos três anos subsequentes, 3 campeonatos brasileiros em sequência (2006, 2007 e 2008) e aquela sensação que jamais o São Paulo deixaria a elite dos clubes.
Mas, com o passar dos anos, as coisas foram mudando e não ficando boas, a “moleza” de torcer pelo São Paulo mudou completamente. Não tem sido fácil.
Entretanto, a torcida tem que entender, que é agora a hora que temos que apoiar incondicionalmente, de todas as formas. Não existe essa de “joga por amor ou joga por terror”, isso nunca funcionou, temos que apoiar até o fim. Nunca vivemos situações como essa, mas juntos podemos superar. Não adianta dar um show, como foi no ano passado. Tem que parar de queimar jogador, tem que parar de achar culpados, vamos apoiar. Não será fácil, não é legal, mas tenho certeza que depois de ganhar um título, tudo será mais fácil, o peso sai de todos!
Ontem a principal torcida organizada, acostumada a mimos e presentes da diretoria, divulgou uma nota, apoiando o “Morumbi zero”, ou seja, convocando os torcedores a não irem ao Morumbi, eles querem estádio vazio. Isso não ocorrerá, porque meu ingresso já foi comprado e eu estarei lá, torcendo e apoiando meu time. A vida é feita de dificuldades, só venceremos se enfrentarmos unidos e fortes. É a hora de mostrar que realmente somos diferentes! Mostrar as forças da arquibancada, eu não escolhi torcer para o São Paulo achando que seria fácil, escolhi torcer para o São Paulo, porque esse clube me dá muito orgulho, por mais que ferido nos últimos anos, ainda sou muito orgulhoso de ser Tricolor. Portanto, é hora de mais do que nunca jogar junto, ser o décimo segundo jogador e juntos mudar a história. E lembrar: “não há mal que dure para sempre, nem um bem que nunca se acabe”
Por Victor Vasques