Nos últimos anos, há uma intensificação nítida da rivalidade histórica do São Paulo contra o time comandado por Abel Ferreira. Se até pouco tempo atrás existia consolidado na mente dos alviverdes que o Tricolor era um time ultrapassado – e de rebaixamento iminente -, após o advento da conquista do Paulistão 2021 e do que veio a seguir, eles, de fato, retomaram a consciência sobre a grandeza do Choque-Rei. Vieram eliminações sequenciais e mais um título em cima deles. E, ainda assim, existe um quê de soberba do outro lado do muro.
Em sua entrevista coletiva após o empate por 0x0 no Allianz Parque, Abel disse a quem quisesse ouvir que a formação são-paulina se deu em razão do cada vez maior respeito para com o time verde. A retórica é interessante; todavia, não assertiva. In litteris, afirmou: “(…) Os adversários cada vez mais respeitam o Palmeiras dentro do jogo. É notório”. Se, ao encontro da fala do português, Zubeldía encaixou um esquema mais defensivo, esquece o glorioso técnico rival que, debaixo dos nossos braços está o criterioso regulamento do campeonato. Ora, se um empate fora de casa já nos bastava, o que mais poderíamos almejar?! Fomos com a proposta fechada e nos classificamos. Ponto.
Sem entrar no mérito de erros e acertos do argentino são-paulino, a questão é que a pressão estava do outro lado da Barra Funda – com o lado dos que já galgaram acesso à segundona, por mais de uma oportunidade. E, mesmo sem as principais estrelas do time, haja vista que foram Lucas e Oscar poupados, o São Paulo arrancou um empate sem muitos sustos, o que, aliás, consolida algo notável e risível: é esse o pior Palmeiras dos últimos anos. De longe, sem margem para erros.
Curiosamente, tal qual no final do ano anterior, mais uma vez precisam eles de nossos serviços. No Brasileirão de 2024, houve críticas sobre uma possível entrega do São Paulo em relação à última rodada, contra o Botafogo. Agora, presentemente, precisam torcer, com os olhos virados, para que possamos conter a Ponte Preta e o São Bernardo, para que possam eles sonhar com uma improvável classificação. Outra vez prescindiram da competência para depender de nós, os paupérrimos vizinhos de muro.
Não, Abel. Apesar de sua palestra autoafirmativa, o sentimento que se passa é o contrário do explanado. Não é um crescente respeito, mas um afanado vislumbre. Um sentimento de que é possível vencer, ainda que se se jogue no Allianz, mesmo que se poupe gente. E essa novel esperança é carregada do oposto ao afirmado na coletiva. Há uma notória perda de medo em relação ao Palmeiras, com glórias sequenciais – duas eliminações seguidas na Copa do Brasil, uma Supercopa-Rei e um Paulistão. Os tempos áureos estão esmorecendo, na transparência. Só resta fazer o que você sempre quis, Abel: torcer para o time de Telê, para que não surja uma das maiores vergonhas do seu time nestes tempos.
Torça. Nós deixamos.
Matheus Conceição
*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site
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Matheus, concordo em parte com você: lógico, admirável saber que alguém que até outro dia (se não fosse aquele jogo do PAOK-GRE x Benfica-POR- comandado por Jorge Jesus e que o time grego eliminou os Encarnados e foi à fase de grupos da Liga dos Campeões 2020-21).
Sim, a história de Abel Ferreira como técnico do Palmeiras viria depois desse jogo e poderia ter dado tanto muito errado porque o português era um completo desconhecido até mesmo na Europa – nem título ele possuía em 2 anos de carreira – como dado muito certo, como acabou ocorrendo.
Sabemos que exceção feita ao fato dele assumir ser fã de Telê Santana – algo fantástico o legado de Telê ultrapassa gerações e Guardiola já se disse fã dele também, valendo lembrar que o técnico do City era o volante do Barça de Cruyff na decisão do Mundial de 92 contra o São Paulo de Telê -, Abel também já reclamou, com justa razão, várias e várias vezes do exagerado calendário brasileiro, da desumana quantidade de jogos no ano que se pratica aqui, em tudo isso, dei razão a ele.
Agora, na parte do clássico: no sábado, o Bragantino nos deu a vaga nas quartas ao vencer o Noroeste por 2×1 ou seja, nem precisávamos fazer força nenhuma no clássico – e o “jogo” prova isso: foi tão vergonhoso, que nenhum dos lados quis nada; o Palmeiras só tinha a torcida e estava desnorteado em campo, e o São Paulo não quis ganhar – desisti, Zubeldía “maior revelador de jovens do mundo”, não vai escalar Lucas Ferreira e Ryan Francisco nunca mais, cismou com a “altura” do Maik, como se isso definisse qualidade de laterais, não escala Negrucci no meio nem na zaga… –
As demais reclamações de Abel sejam essas que você citou ou tantas outras – inclusive quando ganhamos outras vezes sem deixá-los jogar e ele dizia “o melhor em campo foi o Palmeiras, não sei porque vocês estão me falando sobre o São Paulo foi melhor no jogo, Vocês viram o jogo?”
Então, melhor deixar para lá: algo que sempre falo é que o São Paulo precisa fazer sua parte, independente de vaga, posição na tabela, título ou rebaixamento, depois seca os outros.
Resumindo: ganha da Ponte e do São Bernardo (ou se não der, busca o empate) e fica sossegado: o Palmeiras que faça a parte dele, se tivermos semi no Allianz, vamos lá, ganharemos e provaremos que merecemos ir para a final!