Por mais que o futebol brasileiro ainda não tenha encontrado consenso sobre a relevância de realizar pré-temporadas no exterior, a declaração de Leila Pereira, presidente do Palmeiras, trouxe à tona uma provocação: “Pré-temporada fora do Brasil só serve para dirigentes passarem férias na Disney.”
A fala, carregada de ironia, suscita uma discussão válida, ainda que a abordagem da mandatária tenha sido pouco diplomática. O calendário brasileiro é, de fato, exaustivo. E, diante disso, questiona-se: vale a pena expor o elenco a viagens internacionais, compromissos midiáticos e jogos amistosos, correndo o risco de perder peças importantes antes do início das competições oficiais?
Os estaduais, muitas vezes tratados como “extensões” da pré-temporada, já mostram como os clubes priorizam competições mais relevantes. Por outro lado, a realização de amistosos pode servir como teste para aquecer o elenco e observar atletas que estão se destacando ou ainda fora de ritmo.
E o impacto financeiro? Nesta questão, o cenário se divide. A estrutura desses torneios varia de clube para clube: enquanto o São Paulo tem todos os custos pagos por organizadores, o Flamengo, por exemplo, arca com logística e hospedagem. Assim, o balanço financeiro depende de acordos individuais.
O argumento da “internacionalização da marca”, tão usado por dirigentes, também merece ressalvas. Especialistas em marketing esportivo, ouvidos pelo O Globo, apontam que essas viagens são úteis para ativações e relacionamento com torcedores, mas não garantem uma verdadeira expansão da marca no mercado global.
Júlio Casares rebateu a provocação de Leila, afirmando que a viagem tem objetivos estratégicos e não se trata de lazer. Contudo, a postura do dirigente nos últimos dias não contribui muito para afastar a ideia de “blogueiragem”. Anunciar contratações em seu perfil pessoal antes mesmo do perfil oficial do clube, por exemplo, revela um ego que parece maior que a própria capital paulista (sendo extremamente boazinha, talvez seja maior).
Apesar das polêmicas sobre este assunto, o São Paulo apresentou um time misto e conseguiu extrair análises relevantes, mesmo levando um gol relâmpago com 29 segundos de jogo. Ainda que os amistosos não sejam garantia de sucesso na temporada, ajudam a criar certas expectativas sobre o elenco e a dar ritmo de jogo antes de competições maiores.
Assim, enquanto as pré-temporadas internacionais dividem opiniões, o debate permanece: são de fato um benefício esportivo ou apenas uma vitrine de vaidade para os dirigentes? Para o dirigente são-paulino, talvez essa pergunta já tenha sido respondida com os círculos em suas fotos mostrando sua ilustre presença.
Lorrane Lágila. Tenho 26 anos e sou jornalista. A paixão pelo São Paulo FC está em mim desde sempre, e costumo dizer que foi o clube quem escolheu minha profissão. Decidi seguir o jornalismo por amor a esse time e pela emoção de viver cada momento, acompanhando o futebol, seja de alegria ou sofrimento. Esse amor pelo São Paulo é uma verdadeira herança familiar, transmitida por meu pai, que me fez sentir esse vínculo ao assistir aos jogos ao seu lado. Porque o São Paulo é um sentimento que jamais acabará e é o que me representa.
*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site
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Lorrane, concordo com você: a fala de Leila foi pouco diplomática e acrescento que quis chamar a atenção não propriamente para o calendário, mas porque o vizinho São Paulo foi convidado para lá e o Palmeiras não.
Sabe a parte de internacionalização da marca? Balela – afinal disputando Libertadores ou Sul-Americana contra jogadores e técnicos renomados que inclusive jogaram por clubes europeus ou até jogam em seleções nacionais ou internacionais, transmitidos por milhares de canais de tv, redes sociais e canais de streaming que facilmente alcançam mais de 100 milhões de pessoas…
Adorei a parte que você definiu sobre o Julio Casares – coisa que ele mesmo não teve coragem de fazer – ao falar que essas antecipações de contratações no perfil pessoal dele são um ego maior que a capital paulista e é por aí mesmo, porque senão ele mesmo (fazendo um paralelo com Zubeldía toda vez tomar amarelo por entrar em campo e sair da área técnica), deveria saber que o que ele faz é acho que não há palavra melhor para definir (talvez você tenha): CAGADA.
Nos anos 90, a Libertadores e Copa do Brasil acabavam em junho, Brasileiro começava em agosto – era mata-mata – e em julho e começo de agosto, tinham o Ramón de Carranza e o Tereza Herrera na Espanha – como coincidia com a pré-temporada europeia, times daqui eram convidados a disputar sem que atrapalhasse nosso calendário nem o deles.
Na década de 90 como Libertadores e Copa do Brasil acabavam em junho, começo de julho no máximo e o Brasileiro era mata-mata-mata só inicciava em agosto, os times brasileiros eram convidados por times europeus – basta lembrar de 92 e 93 do São Paulo nos Torneios Ramón de Carranza e Tereza Herrera – e nesses casos servia para internacionalizar a marca?
Sim, servia, afinal, os jogadores iam tarde para a Europa – Rai foi vendido para o PSG em 1993 já com 28 anos -, mesmo a internet tendo sido criada em 1969 e sendo usada apenas em bibliotecas e nas forças armadas -, em 1993, ela era discada, o alcance era mínimo, não havia rede social, havia jornal e as notícias de um dia saíam só no dia seguinte, além da TV e das revistas, ou seja, muito diferente de hoje em dia.
Parte financeira? Questionável, afinal esse valor de R$ 3 milhões que o São Paulo arrecadou indo para lá, disputando 2 jogos com times brasileiros, ganha fácil isso na fase de grupos da Libertadores – e supera muito esse valor -, da 3a fase da Copa do Brasil e por estar no Paulista e claro, com os altos valores dos ingressos num jogo só, independente se é clássico ou não, nosso presidente nas horas vagas não pensa na torcida.