Dois tempos é a coluna do Mário Pravato, publicada no Arquibancada Tricolor desde 2017, abordando tudo sobre o Tricolor Paulista.
Manual de Instruções para ler o post
Calma torcedor Tricolor! Rogério não vai voltar, pelo menos não neste ano, ou enquanto Leco estiver no poder (que eu espero que nunca mais se repita).
Este post falará dos 8 anos do São Paulo sem títulos, da impaciência de sua diretoria e torcida e principalmente da falta de padrão tático e técnico do Tricolor Paulista nestes últimos anos…
8 anos e contando…
Acredito que nenhum campeonato será concluído até o dia 12 de dezembro, ou seja, completaremos 8 anos sem títulos e iremos em busca do 9º ano em 2021.
Vocês acham mesmo que o São Paulo conquistará alguma coisa, entre agora e 12 de dezembro de 2021?
Eu sinceramente duvido muito. Começaremos 2021 ainda disputando os títulos de 2020, ou pelo menos apenas o Brasileirão. Com uma nova diretoria, muitos nomes da atual comissão técnica e diretoria de futebol estarão com os seus dias contados, além de jogadores do elenco…
Ninguém é campeão da noite para o dia
Só no Brasil (pelo menos eu vejo assim) que dirigentes e torcedores acham que um time será campeão da noite para o dia, sem a criação e manutenção de um trabalho/filosofia.
Quantos treinadores tivemos desde o último título? Foram 18 nomes diferentes em 8 anos! Como você cria uma filosofia desta forma? Como existe a manutenção de um trabalho assim?
Sabemos que no Brasil os elencos vivem em constante mudança, culpa de nosso calendário arcaico (e pensar que o cavalo passou selado nesta pandemia e mais uma vez jogamos fora a a grande chance de corrigir isso…) e dos nossos times que são meras fábricas de jogadores para a Europa.
Se os elencos não são mantidos, porquê não mantemos uma filosofia? Osório poderia ter feito isso em 2015 se não tivesse sofrido estelionato desta diretoria nefasta.
Se existe uma filosofia de jogo, um padrão tático definido, é muito mais fácil repor as peças perdidas para o exterior. Não queria falar sobre eles, mas vocês se lembram daquele Corinthians do Tite? Tinha um padrão definido desde a época de Mano Menezes, que foi melhorado pelo Tite até culminar nos títulos da Libertadores e Mundial em 2012, até chegar no futebol insosso (porém campeão), de Fábio Carille.
Klopp avisou
Jürgen Klopp foi apresentado como treinador do Liverpool na manhã do dia 09 de outubro de 2015. O time inglês naquele momento era o 10º colocado na Premier League, após 9 rodadas disputadas e vinha de 10 anos sem grandes títulos, desde aquela Champions League que culminou para o vice-campeonato mundial contra o nosso Tricolor, com atuação de gala do camisa 01, Rogério Ceni.
Até a chegada de Klopp, o Liverpool, maior campeão inglês, jamais havia vencido a Premier League, que começou a ser disputada na temporada 1992/1993.
Vou destacar aqui uma frase do alemão no dia da sua apresentação:
“Quando eu deixei o Dortmund, disse que não é importante o que as pessoas dizem quando você chegam, mas quando você sai. Agora eu digo: por favor, nos deem tempo para trabalhar. Por favor, sejam pacientes. Hoje pode ser um dia muito especial, se quisermos que seja um dia especial. Nós podemos começar em uma liga muito difícil, e em um Liverpool especial, o caminho pode ser bem-sucedido. Se ficarmos aqui por quatro anos, acho que podemos conquistar um título. Estou certo disso. Senão, talvez tenha que ir para a Suíça.”
Fiz questão de destacar alguns pontos em negrito. Eu pergunto: vocês já viram alguma declaração parecida por algum técnico no Brasil?
Klopp completará seu 5º ano no comando do Liverpool, já tendo conquistado a Champions League 2018/2019, o Mundial de Clubes 2019, a Supercopa da UEFA 2019 e por fim a Premier League 2019/2020, fora o vice-campeonato da Champions League 2017/2018.
Ele pediu 4 anos para pelo menos vencer 1 título. Em 4 anos, venceu tudo de mais importante para um clube europeu!
Enfim viramos o Barcelona!
Momento humor aqui na coluna: depois de muitos anos, enfim viramos o Barcelona! Ou seria o Barcelona que virou o São Paulo, com a contratação de técnicos de baixa qualidade, mudanças mais contantes de técnico (ainda sim mudaram de técnico apenas 6 vezes desde 2012) e altas cifras gastas em contratações que não deram em nada dentro de campo?
Comecei a escrever essa coluna horas depois de um dos maiores vexames da história do clube catalão, após um sonoro OITO a dois contra o Bayern de Munique, nas quartas de final da Champions League. Era melhor ter perdido para o catado do Mirassol….
Vem passar vergonha com a gente, hermano! pic.twitter.com/Wqt5CHcWck
— ArquibancadaTricolor (@arqtricolor) August 14, 2020
Este jogo com certeza foi o último suspiro daquele Barcelona de Guardiola, Xavi, Iniesta e Messi. Falando em Messi, dificilmente deverá continuar e só restará ao Barcelona entrar em reformulação. Diferente de nós, eles possuem uma filosofia de futebol e com certeza se reformularão mais rápidos…
Teremos paciência até 2023?
Chegando aos finalmentes desta coluna, quero fazer uma pergunta para você, leitor do Arquibancada Tricolor:
Vamos supor que Rogério volte e assuma o comando do Tricolor no começo de 2021 e peça de um a dois anos de paciência para que os resultados comecem a aparecer, você esperaria?
Aposto que 98% dos leitores dirão NÃO. E aposto ainda que 99,97% dos diretores e conselheiros também dirão não.
Vamos agora voltar no tempo: imagine se isso tivesse sido feito em 2014, ou em 2015, ou melhor ainda, se Rogério tivesse sido mantido no cargo em 2017, independente do resultado ao final do Brasileirão e a diretoria tivesse tido CULHÃO de mantê-lo no cargo, em busca da manutenção de uma filosofia de trabalho.
Será que hoje já não teríamos sido campeões de alguma coisa? Eu aposto que sim, nem que fosse da Série B de 2018. E antes ser campeão da Série B, do que comemorar o título de “time grande não cai” todo ano, com direito a volta olímpica no Morumbi…
Não vejo o São Paulo erguendo taças nos próximos anos, principalmente após a definição dos nomes que concorrerão à sucessão de Leco, mas se eles toparem fazer um trabalho de longo prazo, eu apoiarei.
Precisamos voltar a ser grandes e não será um título sem estrutura que fará isso acontecer…
Mário Pravato Junior
*As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site
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