AT entrevista Pula e Gabriel Lima, estrelas do futsal Tricolor

Depois de seis anos paralisado, o São Paulo voltou a ter uma equipe de futsal profissional. Já que anteriormente o clube mantinha um time sub-20, que não jogava competições competições adultas.

Conversamos com a assessoria de imprensa da modalidade e dois jogadores renomados que chegaram para ajudar a reerguer o futsal são-paulino.

O Projeto

O novo projeto do Tricolor para a modalidade ainda está no âmbito estadual, pois não tem verba para a disputa de torneios fora de São Paulo, como explica Luísa Vaz, assessora de imprensa do clube:

No adulto, estamos jogando a Copa Paulista e no 2º semestre o Campeonato da Liga Paulista. No momento, ainda não temos verba para participar de campeonatos fora do estado, como os que são disputados pela LNF (Liga Nacional), mas estamos trabalhando. Que num futuro breve, possamos retomar“, disse.

Luísa é bem clara e avisa que o principal intuito, maior ainda do que os títulos, é reestabelecer o futsal dentro do Morumbi para que novos e bons frutos sejam colhidos daqui pra frente:

(Vamos) Começar do zero, para cada vez mais fortalecer o Futsal são-paulino trazendo orgulho para todos da nação Tricolor e um futuro para nossas categorias de base. Deixar um legado para as gerações futuras.”, completou.

Elenco

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Apesar do discurso de humildade e paciência da assessora, o Tricolor investiu em nomes experientes do futsal nacional como o goleiro Schütt, o fixo Índio e principalmente em duas grandes estrelas do futsal mundial: Gabriel Lima, 3º melhor do mundo em 2014 e capitão da seleção italiana por 6 anos, além de Pula, artilheiro da Copa do Mundo de 2008 pela Rússia.

Então, como atrair esses nomes para um projeto iniciante e que visa reconstruir a modalidade? Segundo Luísa, o técnico Renato Bispo e o nome do São Paulo foram fundamentais:

Com transparência nos objetivos que pretendemos alcançar. Amizade de longa data do treinador Renato Bispo, com esses jogadores. E a marca São Paulo é forte! Ela ajuda muito, os jogadores sabem disso, agrega e muito no currículo dos atletas. Temos história, temos tradição“, finalizou.

Os Craques

Untitled design 8 | Arquibancada Tricolor

Lima e Pula falaram com exclusividade ao Arquibancada Tricolor e você confere o papo com eles abaixo:

Pergunta: Você viveu por anos na Europa e construiu uma bela carreira por lá. Por que decidiu voltar?

PULA: Decidi voltar pelo lado familiar. Eu estava vendo minha mãe envelhecer e pelo fato de estar longe, eu queria estar mais perto dela.

LIMA: Foram 15 anos de Europa, 13 na Itália e 2 na Espanha. O último ano foi a temporada 18/19, eu estava no Acqua e Sapone, uma das potências do futsal italiano caminhando para virar uma realidade no fustal europeu. Tínhamos sido bicampeões da Copa Itália, da Supercopa. Fomos fazer a final da liga italiana, onde perdemos na final, no jogo 5, mas eu já tinha amadurecido uma escolha de vida com a minha mulher e meus três filhos, que estavam crescendo longe dos avós, dos primos, tios, padrinhos e madrinhas. Decidimos que era o momento de pensar na proximidade com a família. Eu tinha propostas de renovação no Sappone e de outros países, mas abri mão de viver fora do Brasil para morar em São Paulo. A ideia era jogar precisamente em São Paulo, pois tive proposta de clubes do Sul, mas morar no Sul para mim era mesma coisa que morar na Europa. Nossa ideia era morar em São Paulo porque a minha família e da minha mulher são daqui. Infelizmente, o único lugar do mundo em que eu não tinha recebido nenhuma proposta até hoje era São Paulo. Recebi propostas de vários lugares, o coração ficava apertado porque eu tinha condição física e técnica mesmo com 32 anos e ainda podia jogar, mas Deus não queria que fosse esse momento. Algumas pessoas perguntam porque eu parei de jogar tão cedo, mas não havia chegado nenhuma proposta para jogar em São Paulo. Até que em abril (de 2021), chegou essa proposta do São Paulo e eu retomei minha careira e estou feliz.

Pergunta: Como você enxerga o nível do futsal praticado no Brasil em relação ao que é jogado na Europa?

PULA: A diferença entre o brasil e a Europa é que o brasileiro tem muito talento com a bola no pé, ele nasce com isso. Já na Europa você aprende a jogar, táticas e tudo mais.

LIMA: É pouco tempo para eu fazer uma análise prática. Há três semanas eu fiz minha primeira partida profissional no Brasil e não estou jogando a liga nacional, onde estão os principais times em nível técnico do Brasil. Mas o futsal do Brasil tem uma das ligas mais disputadas do mundo. De importância temos a liga espanhola, italiana, russa e portuguesa. São tipos de jogo diferentes. No Brasil, imagino que seja um jogo mais corrido, mais aberto e com mais qualidade técnica. Na Itália era um jogo de muito tática, defesas fortes que não gostam de tomar muitos gols de contra-ataque, um jogo menos de um contra um. Na Espanha também tem um jogo muito tático, times muito bem montados por alguns dos melhores treinadores do mundo e talvez aonde estejam os maiores talentos do mundo. Quero ter a possibilidade de poder analisar dentro de quadra essa diferença.”

Pergunta: Ainda pensa em jogar pela Itália/Rússia? Se sim, atuar no Brasil pode prejudicá-lo em termos de visibilidade?

PULA: Pela minha idade voltar para um país como Rússia ou Itália só tendo um projeto, mas no brasil é melhor em questão de competir.

LIMA: O que deixava meu coração mais apertado durante esse tempo em que eu fiquei parado era a seleção. Os jogos que mais me doíam ver e eu não estar eram da seleção. Fui capitão da seleção durante 6 anos, fui jogador da sub-21 durante 5 (anos) e da principal durante 10 (anos). Para mim é uma segunda pele. Me entreguei demais para a seleção e a seleção me deu muito em troca, não posso esconder que gostaria voltar a seleção, agora que tem um técnico (Massimiliano Bellarte) com boa comunicação comigo, que gosta do meu estilo de jogo e que me dizia para eu voltar a jogar, mas expliquei minha situação. Seria um sonho, tenho 112 jogos pela seleção e para mim, depois de tanto tempo achando que minha carreira tinha terminado, poder voltar a um alto nível e voltar a seleção seria um sonho difícil de acordar. A distância poderia ser um problema se fosse outro técnico, mas esse técnico acompanha o futsal mundial, fala português, então estamos em contato sempre. Tenho certeza que ele está ligado. O que atrapalha já não é a distância, mas sim o coronavírus. O Brasil, por ser um país de taxa de elevada em contaminação e mortes, está com as fronteiras fechadas. Se for, vai ser bonito demais.”

Pergunta: Como está a estrutura do SPFC para o futsal? Existe algo para ser melhorado? Se sim, o que?

PULA: Estou bastante feliz, estava há um ano parado e o SPFC me abriu as portas para voltar a jogar com uma bela estrutura. Em questão de melhorar, sempre tem algo, mas nada demais que não precisamos citar. Ótima estrutura e camisa de time gigante.

LIMA: O clube deu “start” do zero. A única coisa que tinha de um profissional era o sub-20 que estava treinando online. Hoje temos algumas conquistas estruturais, onde a direção e a supervisão de esportes amadores fizeram um trabalho excepcional frente a muitas dificuldades. São poucas conquistas, mas importantes. Detalhes que hoje podem parecer pequenos, mas que vão construir a base dessa “casa” que vai ser bem sólida lá na frente. Falta muita coisa, falta se estruturar economicamente. Estamos à procura de parceiros, investidores que acreditem no nosso projeto temos contrapartidas muito boas. O nome “São Paulo” é muito forte, a instituição é muito forte, não só no Brasil, mas internacionalmente. A gente aposta que com esse nome potente e uma gestão em um formato novo, a gente consiga nos tornarmos uma nova realidade importante do futsal brasileiro.”

Atualmente o São Paulo disputa a Copa LPF e ocupa o segundo lugar do Grupo B com 8 pontos, dois atrás do líder Taboão.

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