Conheça os planos de Julio Casares e Roberto Natel, candidatos à presidência do SPFC

No final deste ano chega ao fim o mandato de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, como presidente do São Paulo Futebol Clube. Por isso, acontecerão eleições para eleger o novo presidente, e os dois candidatos que disputam a vaga são Julio Casares e Roberto Natel.

O Globo Esporte gravou podcasts com ambos os candidatos e nós destacamos abaixo as partes mais importantes abordadas nessas conversas. Confira:

Julio Casares

O que aconteceu com o SPFC que ganhava tantos títulos até chegar agora em quase 8 anos de jejum?

O São Paulo teve um bom período em 2005 até a conquista do tri-hexa, mas depois deixou de ter continuidade, que é diferente de continuismo, de um planejamento que estava dando certo. Precisamos ter o equilíbrio que se chama planejamento, e ele precisa existir de continuidade de gestão para gestão. Essa é a nossa expectativa. Claro, com suas mudanças, aditivos e supressão de coisas que não deram certo.

Questão financeira

Em janeiro você tem que chegar e já ter um plano de ação. O primeiro passo será mudar o foco e nomear um comitê financeiro que vai mudar o perfil dessa dívida. Faremos uma radiografia de cada dívida e isso requer experiência de gestão, para então sentar com os envolvidos e resolver a situação dos pagamentos para manter a saúde financeira equilibrada.

Então, trabalharemos para ter a austeridade e responsabilidade financeira onde o investimento é maior, onde resulta 85% desses custos que é o futebol. É preciso começar isso agora, no dia 1º de janeiro já teremos ações técnicas realizadas pelo meu comitê financeiro que já está trabalhando. A situação é difícil e preocupante, mas não assusta.

Time competitivo x Dívidas

Precisamos dentro do orçamento equilibrar um time competitivo, onde você tenha valores da base, promovendo esses garotos um pouquinho antes, mas lançando na hora certa; jogadores mais cascudos e duas ou três estrelas que poderão vir compor se o orçamento permitir. Então, dá para competir e ganhar títulos, mas não a qualquer custo.

Precisamos estar no equilíbrio e não no conforto da vitória e nem no desespero pelos títulos, o que leva a cometer absurdos e talvez ainda nem conquistar o título e ainda comprometer a instituição para o futuro.

Raí continua?

Eu tenho um respeito muito grande pelo Raí. E não estou dizendo se ele vai continuar ou não, só que principalmente na área executiva o diretor executivo virá do mercado, não tenha dúvidas. Hoje, o Raí é um homem do mercado, talvez se formou nessa função no São Paulo. Vamos avaliar isso em dezembro.

Não existe a possibilidade de um diretor executivo de futebol não vir do mercado. Ele tem que estar no mercado.

Gestão Leco

A avaliação de uma gestão é feita baseada em números e infelizmente a gestão atual na parte financeira, administrativa e esportiva não foi boa, os números estão aí. Eu respeito a figura do presidente, mas o Leco não conseguiu atingir uma saúde financeira, uma visão da instituição pro mercado e um legado esportivo.

Eu nunca fui diretor da gestão Leco. Faço parte do Conselho de administração. Somos de um grupo, nós temos uma relação institucional boa, mas ele não me apoia no momento e não vejo nenhum problema nisso.

Pretensões para o Morumbi

O meu objetivo é fazer do Morumbi um lugar que vai concorrer a shows com criatividade. Primeiro, vamos contratar um diretor de estádio com visão, que nos dias comuns ele vai fazer do Morumbi um palco para lançamentos de produtos, automóveis, cartões de créditos, seminários e mini shows.

O que nós temos de diferente para essas arenas mais novas é que o nosso estádio está pago, está quitado, ele é grande e pode abrigar mais pessoas. Para concorrer com as outras arenas eu posso reduzir o meu preço para o valor que eu quiser.

Modernização do Morumbi

Se eu tenho um plano para pagar uma dívida de R$500 milhões eu não posso assumir compromisso de modernizar. Entretanto, se na área do marketing tivermos alguma parceria com uma empresa privada para fazer essa reforma nós faremos.

Já a modernização e as reformas podem ir acontecendo naturalmente dentro do orçamento. Agora, grandes reformas vão depender de um plano de marketing porque o nosso foco é equilibrar com a gestão e experiência.

Contratações

O que não se pode em relação às contratações é estourar o orçamento, trazendo jogadores com salários muito altos e que disputam posição. Nós vamos trabalhar nisso. O orçamento é tudo.

Jogadores da base vendidos precocemente

Nossa intenção é formar e fazer jogadores campeões que fiquem no São Paulo cerca de três temporadas, dê um título para depois ir embora. Para isso, temos que acertar a questão financeira para que isso possa mudar e tentar equilibrar financeiramente.

O nosso principio é que o garoto que venha da base tenha condições de ficar duas ou três temporadas, entregar o legado esportivo e ter a venda como consequência. Hoje, a venda é por necessidade e isso é muito ruim.

Vamos também profissionalizar Cotia com um diretor executivo do mercado.

Democratizar a escolha do presidente do São Paulo

Acredito sim que a representatividade vinda por meio de um sócio-torcedor pode acontecer por meio de regras. É preciso discutir que isso tem que ter procedimento. Então, sim, se o sócio-torcedor ficar no programa durante 5 anos, pagando ininterruptamente, com várias restrições e disciplina ele pode ter representatividade, não digo eleger o presidente, mas ele pode ter uma representatividade x que vai influenciar no resultado, mas é preciso ter uma discussão e um projeto.

Em suma, eu sou a favor da democracia e quero no meu mandato discutir o que puder para ampliar a representatividade do torcedor.

Roberto Natel

O que aconteceu com o São Paulo nos últimos anos?

O São Paulo parou no tempo e começou a se achar o dono da verdade, parando de olhar para os seus concorrentes, achar que sabe de tudo e deixar de procurar novas tecnologias e métodos para poder continuar mais atualizado.

A situação do São Paulo não vai ser muito agradável quando o futuro presidente assumir. Em dezembro, nossa dívida chega a quase R$800 milhões. Acredito que tem que ter muita coragem, determinação, focar no objetivo que é cumprir o orçamento, ser coerente com o recurso que se tem, gastar menos, não ficar comprando jogadores e usar a base.

Será preciso ter responsabilidade, o que a gestão atual não teve. O São Paulo vai focar em conseguir novos recursos. 80% dos gastos foram do futebol e, a partir do momento que se coloca um profissional no futebol que vai ser o Marco Aurélio Cunha, e vamos dar uma diretriz do que o São Paulo tem que fazer que é usar a base, aí não teremos problemas de tirar o São Paulo desse inferno astral.

Como vice-presidente, tentou ir contra as decisões do Leco?

No começo da gestão, o Leco começou a contratar conselheiros eu fui falar com ele sobre isso que me disse que continuaria a fazer. Quando aconteceria a contratação do Maicossuel também o adverti, mas ele fez do mesmo jeito. Então, vi que o Leco não veio para fazer o bem e ser um gestor, mas sim para administrar o ego dele e isso acabou prejudicando o São Paulo.

Então, sou oposição desde esse momento. Votei contra o balanço nessa última eleição e estou lá para mostrar aos conselheiros para dizer sim ou não quando se precisa.

Eu vim para ser presidente, administrar e representar o São Paulo e vou colocar as pessoas em seus devidos cargos, dando suporte ao Marco Aurélio Cunha para ele desenvolver o que a gente quer no futebol, um time forte com responsabilidade e coerência financeira, quem vai ter a caneta sou eu, mas colocarei as pessoas com as quais estipularemos as diretrizes para conseguir um São Paulo com títulos e sem dívidas.

Time competitivo x Dívidas

Nós vamos ter um time forte conforme as necessidades do São Paulo naquele momento. Usaremos a base e os jogadores experientes que já temos hoje. O principal é olhar as contas e ser responsável, ético e transparente para tirar o São Paulo desse buraco. Para isso, será preciso gastar menos do que se arrecada.

O São Paulo contratou e pagou comissões demais, contratou jogadores que tinham o mesmo nível de jogadores da base, faltou coerência.

Onde buscar novas receitas?

No Marketing, que atualmente está devendo demais. Tem que colocar um profissional que é referência na área e buscar novos recursos, novas tecnologias e inovações para reverter a situação.

Atualmente, o São Paulo tem gastos de time grande e receita de time médio, tem como arrecadar muito mais.

Contratações

Vamos mudar patamar de salário e contratar jogadores só se forem muito melhores do que jogadores da base, pois ela será o futuro do São Paulo e que vai tirar o clube desse buraco e dessa dívida.

Por exemplo, com o Daniel Alves, eu elogiei a negociação, pois diziam que o marketing iria pagar a conta referente a ele. É um jogador que veio para acrescentar resultados positivos dentro e fora de campo, mas no momento que foi descoberto que não havia essa matemática, aí o São Paulo fez uma irresponsabilidade, o que não acontecerá na minha gestão. Vamos seguir rigorosamente o orçamento.

Sobre o caso hacker

É um absurdo. As grandes vítimas nesse caso foram o São Paulo e seu vice-presidente, no caso, eu. Não existe a mínima possibilidade de eu ter feito isso, eu acredito que jamais tenha saído algo do meu computador, mas acredito sim que lá dentro do São Paulo alguém tenha fabricado isso e eu faço questão que a polícia vá até o final e descubra quem é.

Eu não tive nenhum computador preso, pelo contrário, foram lá e tiraram o computador do São Paulo, sendo que eu não tenho sala há mais de um ano e nem computador.

Separação do futebol do Social

Eu acho que de maneira alguma tem que separar o social. O que tem que ser feito é dar condições para que os sócios possam votar diretamente no presidente. A parte social é positiva e não é o problema. O que eu quero fazer é que os sócios possam votar diretamente no presidente, e que os sócios-torcedores também tenham a possibilidade de votar.

O que faria em relação ao Daniel Alves

Eu teria que sentar e analisar o contrato do Daniel Alves e ver o que se pode fazer, discutindo com o diretor de marketing a melhor forma de reverter essa situação, analisar cada caso e ver exatamente onde se pode fazer a diferença, começando com ética, transparência e responsabilidade, porque só assim o mercado vai começar a investir.

Pilares do plano de gestão

Responsabilidade, transparência e ética. É isso que vai fazer a diferença. Nós seremos a ruptura do continuismo, precisamos tirar as pessoas que estão lá dentro hoje que estão fazendo mal para o São Paulo. E para colocar o clube de volta no seu lugar é preciso mostrar credibilidade ao mercado.

Modernização do Morumbi

Quem fechou todos os shows no Morumbi na época do Juvenal fui eu, então, eu tenho conhecimento do que é necessário, pois participei de todas essas partes. E como presidente do São Paulo nós teremos de volta os shows.

Faremos o Morumbi Inteligente, a partir do momento que se entrar no Morumbi o celular do torcedor já vai estar conversando com o estádio, o São Paulo vai conhecer os seus torcedores para gerar um banco de dados que vai chamar a atenção das empresas.

O Morumbi terá modificações pequenas, mas com eventos diários e shows.

Cotia deve ser fábrica de talentos ou fonte de receitas?

Na minha gestão, o diretor de futebol vai cuidar do time principal e do de base, por isso faremos a junção de ambos. O que eu quero fazer é que o jogador de base se torne uma referência e o torcedor se lembre do atleta, segurando o máximo possível para depois vender.

É um erro tremendo de administração vender um jogador jovem a um preço barato e trazer jogadores mais velhos que depois não tem como vendê-los.

Essas foram algumas questões abordadas por ambos os candidatos e você confere a entrevista completa clicando aqui.

E para conhecer mais sobre Julio Casares e Roberto Natel é só clicar aqui.

Fonte: Eduardo Rodrigues, Leonardo Lourenço e Marcelo Hazan / Globo Esporte

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