Denílson: “Meu sonho de moleque era disputar a Copa São Paulo” – Entrevista AT

O sonho de todo garoto que ama o futebol é poder orgulhar os pais, é através do esporte dar uma condição melhor para a família. O que nenhum menino imagina nessa caminhada, é ter uma perda significativa que possa mudar os rumos.

Conteúdo
Confira a entrevista exclusiva de Denílson para o Arquibancada TricolorAT: Denílson como foi seu início no São Paulo?AT: A sua chegada no São Paulo, foi pouco depois que você perdeu a sua mãe, não é?AT: Pouco sabem, mas ao invés de volante, posição que você fez sucesso no futebol, seu começo foi jogando mais à frente. Começou como centroavante?AT: Sua ida para o profissional foi com o Paulo Autuori. Como foi esse chamado para o time de cima?AT: Você participou daquele time campeão mundial de 2005, o sucesso veio rápido, em 2006 já saiu para o Arsenal da Inglaterra.AT: Como foi esse período na Inglaterra, ficou cinco temporadas por lá?AT: Em 2012, o São Paulo ganhou a Copa Sul-Americana, título esse que até a conquista do Campeonato Paulista do ano passado, havia sido a grande última conquista do clube. Mas muitos torcedores rivais sempre rotulam como o título de um tempo só, devido o Tigres (ARG), não ter voltado para o segundo tempo quando o Tricolor vencia por 1 x 0. O que realmente aconteceu para que os argentinos não voltassem a campo?AT: E o clima como ficou no vestiário? Foram mais de 30 minutos para confirmar que não teria mais jogo.AT: Família toda são-paulina, esse título de 2012 como titular vale muito para você?AT: Denílson, você está com 34 anos, para o futebol de hoje, ainda é um jogador jovem, mas está parado há algum tempo. Ainda pensa em jogar?AT: E você pensa em fazer o que no pós-carreira? Pensa na carreira de técnico?

Hoje aos 34 anos de idade, e ainda avaliando se continua com a carreira, Denílson, volante campeão do mundo pelo São Paulo em 2005, lembra como se fosse ontem, aos 11 anos a perda da mãe, há um mês de iniciar sua história no Tricolor.

O momento triste acabou servindo como um combustível a mais para Denílson alcançar o sonho de se tornar um jogador profissional. E as coisas aconteceram rápido, ainda atuando pelo time de base, foi chamado por Paulo Autuori para um treino no CT da Barra Funda com o elenco que estava se preparando para a disputa do Mundial de Clubes.

Na época imaginava que faria um único treino, e que fosse voltar para a sua rotina nos juniores, porém dali em diante ele se tornou um dos primeiros meninos intitulados como “Cria de Cotia”, já que 2005 foi o ano de inauguração do CT.

A sonhada conquista do Mundial de Clubes contra o Liverpool se tornou realidade para os são-paulinos, e para uma jovem promessa que aos 17 anos fez parte do elenco campeão em Yokohama no Japão. Ainda de férias Denílson perguntou para Paulo Autuori se poderia jogar a Copa São Paulo de 2006, mas o então treinador pediu que ele descansasse.

Com a saída de Paulo Autuori, Muricy Ramalho assumiu a equipe, e Denílson sem jogar tanto no Brasileirão daquele ano, recebeu uma proposta do Arsenal da Inglaterra. Aos 18 anos, transferência para um grande europeu, e a oportunidade de trabalhar com Arsène Wenger, uma lenda no futebol.

Ao todo foram cinco temporadas na Premier League, após isso, ainda com contrato para cumprir, um pedido para voltar ao Brasil já que a saudade da família falou mais alto.

Retorno ao São Paulo em 2011, primeiro por empréstimo, depois a compra definitiva. No Tricolor, conquistou como titular a Copa Sul-Americana de 2012, na polêmica final contra o Tigres (ARG), em que os argentinos se envolveram em uma briga generalizada com seguranças do São Paulo, por tentarem invadir os vestiários da equipe.

Segundo Denílson relata, queriam brigar com os jogadores do time brasileiro. Após a confusão, e mais de 30 minutos de espera, a equipe argentina não voltou à campo, e o São Paulo foi declarado o campeão da competição.  

Confira a entrevista exclusiva de Denílson para o Arquibancada Tricolor

AT: Denílson como foi seu início no São Paulo?

Denílson: Na verdade comecei na escolinha que era do Bauer, inclusive foi ídolo no São Paulo, e como ele não tinha condições de manter a escolinha, automaticamente a base em 1999 iria abrir, e como ele escolheu cinco meninos, quatro eram de 1987 e eu 1988, tive que esperar o ano de 2000, para chegar no São Paulo. Só que daí o Arlindo Galvão, como eu estava indo bem, acabou me deixando e daí eu fui para cima e graças a Deus, acabei jogando até os 18 anos no São Paulo e depois fui embora.

AT: A sua chegada no São Paulo, foi pouco depois que você perdeu a sua mãe, não é?

Denílson: Isso eu perdi minha mãe em janeiro, no dia 6 de janeiro de 99, e no dia oito de fevereiro, no mês seguinte, acabei entrando no São Paulo. Ela também era são-paulina, a família toda em si, e quando eu soube que eu iria para a base do São Paulo, para mim foi um momento único, pós-morte da mãe, e sempre foi um sonho dela me ver jogar, e acabei entrando na base do São Paulo.

AT: Pouco sabem, mas ao invés de volante, posição que você fez sucesso no futebol, seu começo foi jogando mais à frente. Começou como centroavante?

Denílson: Eu era atacante (risos), era rápido e depois com o tempo fui recuando, para meia, segundo volante, mas hoje eu prefiro ficar como um primeiro volante.

AT: Sua ida para o profissional foi com o Paulo Autuori. Como foi esse chamado para o time de cima?

Denílson: A gente tinha treinado pela manhã, estava jogando aquela Copa Cultura, eu tinha idade ainda para ser juvenil e já estava no juniores. Estava jogando eu o Jean, o Hernanes, Arthur, um monte de jogadores que obtiveram muito sucesso, e quando acabou o treino, chegamos no Morumbi, aí o Vizzoli falou: “Denílson hoje à tarde você tem que ir lá para a Barra Funda”. Pensei: Pô vou treinar e vou voltar. E daí fui e fiquei de vez, e aí foi onde que acabei conhecendo o Autuori.

Denilson Arsenal | Arquibancada Tricolor
Atuando pelo Arsenal, onde ficou por 5 temporadas – Foto: www.futebolinterior.com.br

AT: Você participou daquele time campeão mundial de 2005, o sucesso veio rápido, em 2006 já saiu para o Arsenal da Inglaterra.

Denílson: Em 2006 tive poucos jogos no brasileiro, e já foi com o Muricy em 2006, porque meu sonho de moleque era disputar a Copa São Paulo. E daí quando a gente é campeão mundial, até tive uma conversa com o Autuori, perguntando se poderia descer, para disputar a Taça São Paulo, aí ele com aquele jeito: Não garoto, vai descansar, que o ano que vem quero você aqui. Só que aí depois ele acabou indo embora aí chegou o Muricy, aí acabei tendo poucos jogos no brasileiro de 2006, e já estava indo para a seleção Sub-20, aí fui para o Japão, foi onde teve essa transferência rápida para o Arsenal.

AT: Como foi esse período na Inglaterra, ficou cinco temporadas por lá?

Denílson: Foram cinco temporadas de 2006 a 2011. No começo para mim foi novidade né? Mas depois foi ficando muito difícil, pela distância da família, a família toda aqui no Brasil, o tempo também é complicado, frio, chuva, neve, duas, três horas da tarde já está escuro, dependendo da temporada, do mês. Então para mim foi ficando um pouco mais difícil, foi por isso que eu pedi, tive uma conversa com o Arsène Wenger, tinha mais três anos de contrato, cheguei pra ele e falei: Olha quero voltar para o Brasil, preciso ver minha família, isso aqui já não está me fazendo bem. Aí foi onde que eu vim por empréstimo para o São Paulo em 2011, e após isso veio um representante do Arsenal querendo saber o eu queria fazer, e falei: Olha quero ficar no Brasil. E foi quando o São Paulo com investidores, acabaram me comprando.

Denilson Foto saopaulofc.net | Arquibancada Tricolor
Denílson depois de retornar ao São Paulo, em 2012 – Por Rubens Chiri/www.saopaulofc.net

AT: Em 2012, o São Paulo ganhou a Copa Sul-Americana, título esse que até a conquista do Campeonato Paulista do ano passado, havia sido a grande última conquista do clube. Mas muitos torcedores rivais sempre rotulam como o título de um tempo só, devido o Tigres (ARG), não ter voltado para o segundo tempo quando o Tricolor vencia por 1 x 0. O que realmente aconteceu para que os argentinos não voltassem a campo?

Denílson: O que aconteceu foi o seguinte. Já estava tendo a provocação de campo, e descemos para o vestiário, tomar água e todos já estavam sentados, só que escutamos um barulho, os jogadores do Tigres queriam entrar pela outra porta, para enfrentar a gente, para brigar. Daí os seguranças do São Paulo, não vi se tinha policiais no meio, sei que os seguranças, levaram eles para o vestiário deles, o pau comeu lá e, enfim. Teve a briga deles lá, mas a gente nem chegou a ver nada, entende? Mas era isso, eles queriam entrar em nosso vestiário para brigar.

AT: E o clima como ficou no vestiário? Foram mais de 30 minutos para confirmar que não teria mais jogo.

Denílson: Eu queria que eles voltassem para o jogo, mas acho que não tinha nem condições, pois era muita gente, acho que eles ficaram machucados, não sei, não vi. Mas o importante foi que nós ganhamos o título e está na história.

AT: Família toda são-paulina, esse título de 2012 como titular vale muito para você?

Denílson: Vale sem dúvida alguma! Cada título independente, o Mundial, graças a Deus foi a primeira casa que eu pude dar para meu pai, foi o dinheiro do bicho, então assim, cada título, independente se você estiver jogando ou não, ele é muito valioso.

AT: Denílson, você está com 34 anos, para o futebol de hoje, ainda é um jogador jovem, mas está parado há algum tempo. Ainda pensa em jogar?

Denílson: Então no momento estou parado esperando algumas propostas, no ano passado estive no Brasil de Pelotas, e depois de lá pra cá não teve uma proposta concreta, mas eu estou pensando em parar de jogar profissionalmente, quero cuidar da família, das minhas coisas. São muitas coisas que aparecem, mas não é nada concreto. Não está decido ainda, mas em uma, duas semanas eu resolvo, e se eu decidir parar é de vez, não vou querer voltar a jogar profissionalmente.

AT: E você pensa em fazer o que no pós-carreira? Pensa na carreira de técnico?

Denílson: Técnico não (risos), técnico da muita dor de cabeça. Estou com uns projetos de escolinhas de futebol, ajudar a molecada, trabalhar com garotos também, mas como técnico não.

Compartilhe esta notícia