Do céu ao inferno: tem como sair deste buraco?

Diego Aguirre

Caros Tricolores Tri-Campeões Mundiais. Eu sempre fui um cara que evita criticar, cornetar ou até mesmo elogiar sem antes ver bem a situação de determinada ocasião. Recentemente, o que mais critiquei no São Paulo foi a presença de Cueva no clube e sim, desde a sua contratação. Eu era o do contra? Não, apenas sabia em que buraco estávamos nos metendo.

Agora, temos mais alvos de críticas por parte da nossa torcida. Como já era de se esperar, bastava uma queda de rendimento ou passagem por má fase, para que nossos torcedores começassem a escolher culpado ou culpados por isso. Isso sem falar na contradição dos mesmos, que a cada hora falam uma coisa ou pensam de um jeito.

Digo isso, pois até esses dias atrás, a torcida comemorava a renovação de Óscar Tabarez para continuar sendo técnico da Seleção Uruguaia, o que aumentaria as chances de Aguirre ficar no SPFC em 2019. Agora, Diego Aguirre é visto como o grande responsável por tudo o que acontece no São Paulo. Se até mesmo o pessoal da limpeza estiver com salário atrasado, vão culpar  técnico uruguaio.

Outro fator de demonstração de memória curta: Desde o final do ano passado e também durante o início deste ano, a diretoria e depois Aguirre, sempre mantiveram o discurso de que a grande meta em 2018 era se classificar para a Libertadores. Títulos? Talvez o da Sul-Americana e/ou Copa do Brasil por serem torneios mata-mata. Obviamente, o Campeonato Brasileiro não entrava na conta, pois demanda ter um elenco à altura para tal. O que nunca tivemos.

Temos um bom time titular, isto é fato. Porém, dos principais jogadores, dois têm 36 e 37 anos, ou seja, queimaram todo o “combustível” por algumas rodadas, conseguimos a inesperada liderança, mas agora o físico e a idade deles pediram “arrego”. Já não jogam mais o que podem por conta do desgaste, e não é o fato de jogarmos só nos finais de semana que muda isso, eles jogam TODOS os jogos, vejam se no Sport e no Vasco, Diego Souza e Nenê jogavam tanto assim…

Quanto ao lado do técnico Diego Aguirre, já existem teorias da conspiração. Há quem diga que o treinador já perdeu o vestiário, já não tem mais o respeito de alguns jogadores, e por aí vai. É sempre a mesma história, foi assim com Rogério Ceni e, depois, com Dorival Júnior. Em suma, não é mais o treinador quem comanda um time de futebol, é a boa vontade dos jogadores.

Aliás, Aguirre era considerado um dos principais pilares da guinada que o São Paulo deu no Brasileirão, inclusive, muita gente atribuía isso à “garra uruguaia” que o treinador inseriu em seus jogadores, tudo estava a mil maravilhas! De repente, Aguirre não presta, Aguirre é retranqueiro (sendo que muitos elogiavam o “padrão de jogo” estabelecido pelo técnico), e por aí vai.

Não falta apoio

Por fim, sobre a torcida, não há muito o que criticar, já que a média de público no Morumbi cresceu exponencialmente, sendo uma das maiores do país na Série A. Porém, avaliar a torcida vai além de pagar ingresso e lotar estádio. Uma crítica que sempre faço à nossa torcida é o fato de fazer o Morumbi ser pouco “barulhento”.

Quando se vai ao Morumbi, é nítido que as torcidas organizadas realmente não param, mas os demais torcedores costumam ser meros expectadores, como se estivessem no sofá de casa apenas torcendo internamente para que um gol saia. Claro, hora ou outra aplaudem, vaiam, também seria hipocrisia da minha parte dizer que temos robôs nas arquibancadas.

Só que tem um detalhe desagradável, na minha opinião: tirando o grito de gol ou vaias ao final do jogo, o ápice de barulho no Morumbi, ultimamente, acontece quando a torcida xinga o goleiro adversário, quando este bate o tiro de meta, parem pra prestar atenção nisso.

Não estou atribuindo culpa à nossa torcida, mas acho que é ela quem mais pode salvar o time dos fracassos, e não é só pagando ingresso e sentar na cadeira do estádio. Isto é um ponto positivo, claro, mas não se pode atribuir TUDO sobre avaliação da torcida, a isto.

Temos que perder esta mania de sempre buscarmos culpados e mais, temos que parar com a falha ideia de: “Ah, mas todas as torcidas são assim..”. Ótimo, deixem as outras torcidas serem idiotas, não precisamos ser também, correto? Que tal tentarmos ser um exemplo? Uma torcida revolucionária?

Repito, não acho que a torcida tem culpa, só acho que, hoje, é quem mais tem poder pra salvar o São Paulo.

Por Igor Martinez

*A opinião do colunista não reflete a opinião do site.*

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