Dois pesos e duas medidas

Historicamente, o chamado “derby” entre os avinegros e o Palmeiras, é o clássico mais antigo e até mesmo pelo equilíbrio entre estes clubes, no que se refere a títulos, suas histórias semelhantes e conquistas parecidas.

Porém, há alguns anos, a rivalidade entre São Paulo e Corinthians extrapolou e muito os limites do campo e, o maior sinal disso, é ver alguns torcedores do time corintiano não admitirem que o “majestoso”, apelido dado nos anos 40 ao clássico das duas maiores torcidas de São Paulo, é o que desperta mais repercussão no estado.

Por mais que o São Paulo continue sendo o maior vencedor de títulos internacionais no Brasil, é inegável que os jogos contra o Corinthians geram uma atenção maior, do que contra outros rivais, tanto de nossa parte, como deles em relação a nós.

O jogo deste domingo, válido pelas semifinais do Paulistão, colabora com mais alguns episódios nesta longa lista de provocações e rivalidade histórica, porém, gostaria de falar aqui sobre a atenção dedicada de forma distinta, dependendo do clube que gera a provocação.

Do lado de lá, tudo bem…

Gabriel e seu gesto obsceno

No Brasileirão de 2017, em jogo no Morumbi, o São Paulo vencia o Corinthians por 1×0 e sofreu o empate. Ao comemorar o gol, o volante Gabriel, do time alvinegro, saiu em direção à torcida Tricolor com gestos obscenos e provocando a ira de todos os presentes.

https://youtu.be/Fu7rFdNZdeY?t=10

A repercussão negativa em parte da mídia esportiva na época, foi tímida, o lance foi condenado por alguns, mas por outros foi tratado como algo que o futebol precisa ter, para voltar a ser divertido. O treinador Fábio Carille, na coletiva após aquela partida, comentou que não havia visto o lance:

Se aconteceu, sim, vai ser chamado a atenção na cobrança. Mas se quer falar de exemplo no Brasil, PQP, desculpe a palavra. A chegada aqui é sempre uma batalha. Mas eu gosto disso, acorda ainda mais o meu time. Eu lembro quando fizeram isso com o Ronaldo, ele lá no fundo do ônibus disse “puts, eles são burros, acabaram de me acordar“, comentando o ocorrido, mas fugindo do tema em questão.

Temendo uma grande punição, o jogador, orientado por seus assessores, gravou um vídeo pedindo desculpas no Twitter. Levou um gancho de dois jogos e assunto encerrado.

https://twitter.com/FoxSportsBrasil/status/912044769949437954

Cristian e os dedos

Em outro episódio mais antigo, em 2009, quem não se lembra do volante Cristian e sua atitude completamente descontrolada e desprovida de inteligência para um atleta profissional de futebol? Após o ocorrido, o volante não levou sequer o cartão amarelo.

cristian celebra gol do corinthians em decisao contra o sao paulo em 2009 | Arquibancada Tricolor

Mesmo sete anos depois, e com o jogador totalmente no ostracismo do futebol, ainda teve a oportunidade de dar uma entrevista em um veículo de comunicação e disse não se arrepender:
Não me arrependo. Não sei se faria de novo, mas não me arrependo. Na época era muito novo, as coisas aconteceram no calor do jogo e tudo mais… Com a idade que eu tenho não sei se faria isso, tenho filho, filha…”, comentou ao site Torcedores.com.

Do lado de cá, outro peso…

Quando ocorre alguma provocação e veja, sem episódios de ofensas ou gestos obscenos, os argumentos de parte da mídia e atletas do time rival, mudam completamente. Vamos relembrar três situações recentes, onde jogadores do Sâo Paulo provocaram de forma muito leve, sem ofensas e tiveram punições distintas, além de maior repercussão na mídia:

Cueva com a mão no ouvido

Cueva, em partida pelo Brasileiro de 2016, ao marcar um gol na Arena Corinthians, comemorou com as mãos nos ouvidos apenas, mas levou amarelo por “se exceder”, de acordo com a súmula do árbitro:

Como a partida já contava com a regra da torcida única nos clássicos, Cueva não tinha como comemorar em frente seus torcedores. Talvez, devesse sentar no gramado e chorar.

Maicon imita galinha

Em 2017, pelo Paulistão, São Paulo e Corinthians empataram no Morumbi por 1 a 1, mas o que chamou atenção, foi a comemoração do zagueiro Maicon, autor do gol Tricolor, imitando uma galinha:

Levou um cartão amarelo do árbitro Vinícius Furlan, que na mesma partida não expulsou o zagueiro Pablo (que já tinha amarelo), após entrada forte em Wellington Nem e expulsou o mesmo Nem, após uma jogada com Camacho, nos acréscimos.

Nenê e seu desabafo

No jogo deste domingo, após ter discutido com Carille por um lance de jogo, alguns minutos antes, Nenê fez o gol da vitória e sai em direção ao banco do adversário pra comemorar. Não houve gestos obscenos ou ofensas, mesmo se você se esforçar muito para fazer uma leitura labial, mas isso causou furor em alguns jornalistas e especificamente nos jogadores rivais (muitos deles, presentes na jogada de Gabriel no ano passado).

https://youtu.be/CYX7LjPqCY8?t=14

Reparem que no final do vídeo, o jogador Ralf, do Corinthians ainda afirma que não viu o lance, mas já julga Nenê, dizendo que sua atitude incentiva a violência. Se não viu, como sabe que incentiva?

Carille e Aguirre: “Ele não me reconheceu”

Outro fato do jogo de hoje que causou estranheza foi a reação exagerada de Fábio Carille em sua coletiva, com declarações sobre o técnico do São Paulo, Diego Aguirre, não tê-lo cumprimentado antes do jogo. O treinador do São Paulo afirmou que estava focado no jogo e não entendeu a repercussão:

https://youtu.be/k9V9ne_C93I?t=13

Aguirre, por sua vez, percebendo o mal estar, ainda foi saudar Carille e o procurou por duas vezes, no intervalo e após o jogo para cumprimentá-lo e encerrar de vez o assunto, que foi muito explorado e repercutido ao extremo por alguns canais.

 

Para alguns, isso tudo pode parecer choro de quem sai derrotado, mas é inegável, pelos fatos acima, que muitas coisas tem mais repercussão quando partem de nosso lado. Por essas e outras, sempre recomendamos que vocês filtrem bem suas fontes de informações. Leiam mais canais e tenham várias visões sobre o mesmo tema, pois há sim quem tente direcionar opiniões para um lado ao invés de ser isento.

 

Foto: Rummens

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