Nos últimos dias, foi “resgatada” uma entrevista do ex-presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, sobre a escolha do Itaquerão para a Copa do Mundo de 2014 ao invés do Morumbi.
Carismático, ultra vencedor como presidente e diretor de futebol, Juvenal Juvêncio conquistou quatro Campeonatos Brasileiros, um Mundial, uma Taça Libertadores, três Paulistas e uma Copa Sul-Americana no São Paulo.
Na semana em que deixou o comando do clube, em abril de 2014, o ex-mandatário Tricolor comentou sobre a escolha da FIFA e CBF para a sede paulistana do mundial:
“A gente não ter sido escolhido como sede foi uma vitória enorme. Eu queria a Copa? Sim. O Morumbi era, por natureza, a melhor casa para receber os jogos. Agora, essa indicação teria de ser feita pelo município, que era o Kassab, e pelo governo do Estado, que era o José Serra”,
Juvenal Juvêncio, em entrevista para o jornal Folha de São Paulo.
Algumas citações de outros trechos de entrevistas da mesma época, de Juvenal Juvêncio:
“O Corinthians não é dono do estádio, nunca vai pagar, as consequências virão futuramente, e não só por conta do estádio, vou dar de 7 a 8 anos para esse time quebrar e afundar em dívidas.”
comentou o ex-presidente Tricolor
Juvenal ainda comentou que a não reconstrução do Morumbi, foi positiva, pois realizava shows, lotava jogos e eventos, e a receita vinha para o próprio clube.
Errado, não estava, mas…
Realmente o ex-presidente Tricolor não estava errado e previu o futuro do nosso rival, porém, faltou olhar um pouco mais para dentro de casa.
É consenso na equipe do Arquibancada Tricolor, que a manobra que permitiu o terceiro mandato de Juvenal, em 2011, foi o “começo do fim” da era vencedora do São Paulo.
O cenário político Tricolor virou um cenário em que muitos conselheiros que elegem os presidentes, passaram a pular de um grupo para outro, pensando cada vez mais em interesses próprios.

Além disso, Juvenal depois foi “traído” por Aidar, sendo colocado de lado da vida política do clube quando seu candidato chegou ao poder.
O clube acumulou derrotas, vexames históricos, escândalos, denúncias de corrupção e bateu na trave em algumas oportunidades na briga contra o rebaixamento.
Com isso, as dívidas acumularam e hoje, 6 anos depois da Copa do Mundo, mesmo com estádio próprio, estrutura e tudo o mais, o São Paulo encontra-se no mesmo cenário do rival mencionado por Juvenal.
Ótimo diretor de futebol e bom primeiro mandato
Juvenal foi um ótimo diretor de futebol nos anos 80 e mesmo na gestão de Marcelo Portugual Gouvea (2003-2006), montando o elenco campeão de tudo naquele período entre 2005 e 2008.

Embora sua gestão como presidente entre 1988-1990 tenha sido complicada e com várias questões que merecem outra matéria, seu primeiro mandato como presidente entre 2006-2008 manteve um modelo que deu certo.
No segundo mandato (o primeiro de três anos) entre 2008-2011, suas ações focaram mais na política interna do clube, brigas externas e em questões para colocar o Morumbi como sede da Copa do Mundo de 2014.
Contudo, a soberba dos títulos em sequência fez com que Juvenal perdesse a oportunidade de fazer o São Paulo liderar alianças com outros clubes e até quem sabe, a criação de uma Liga (que nunca interessa ao clube que está no topo).
Rompimento correto com a CBF, mas da forma errada

Caiu também na “pilha” de Ricardo Teixeira ao entrar na discussão da Taça das Bolinhas, uma estratégia do ex-presidente da CBF para gerar crise entre São Paulo e Flamengo e evitar uma união como a de 1987 que formou o Clube dos 13.
Essa questão ainda desdobrou mais ações, como a destruição do Clube dos 13, reconhecimento da CBF para títulos brasileiros antigos, por questões políticas e outras.
Essa quebra do Clube dos 13 e desmandos da CBF acabou gerando uma desigualdade nas cotas de receitas de TV, que refletiu no próprio São Paulo com uma considerável disparidade em relação a Corinthians e Flamengo.
Apontar críticas, não é desrespeitar ou desconhecer a importância de Juvenal

Alguns torcedores, por desconhecerem ou não recordarem detalhes desses acontecimentos acima, tem Juvenal como um ser acima de qualquer crítica e podem entender o texto como um desrespeito, entendo.
No entanto, não fiz aqui nenhum tipo de ofensa ou diminuindo sua importância, trouxe apenas fatos e um pouco de história, para que torcedores mais jovens, possam entender onde erramos.
Que possamos sair dessa!
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