O São Paulo confirmou a venda de Paulo Henrique Ganso ao Sevilla, da Espanha, no último sábado. No CCT da Barra Funda, o jogador se despediu do clube. Cumprimentou jogadores, comissão técnica, funcionários que trabalham no dia a dia do clube, mas deixou para se dirigir aos torcedores por meio de um vídeo produzido pela assessoria de imprensa do Tricolor. Na entrevista, o meia se emociona, promete voltar e, para surpresa de muitos, coloca a equipe do Morumbi acima de sua ligação com o Santos.
“Eu cheguei bem jovem. Hoje, continuo jovem, mas estou com uma cabeça totalmente diferente. Hoje sou mais identificado com a equipe do São Paulo do que com a equipe anterior que eu jogava”, diz Ganso, sem sequer citar o nome do clube da Vila Belmiro.
O discurso do camisa 10 chama atenção, porque, apesar de sua admiração pelo São Paulo, Ganso jogou no Peixe por cinco anos, fez história ao lado de Neymar vestindo a mítica camisa 10 de Pelé e se consagrou campeão da Copa Libertadores da América, campeão da Copa do Brasil, campeão da Recopa Sul-americana e tricampeão Paulista com o alvinegro praiano. Para o atleta, no entanto, seus quatro anos no Morumbi com ‘apenas’ um título da Copa Sul-americana no currículo, se sobressaem.
“O São Paulo mudou a minha vida, cara. Muita gente falava que quando eu acertei com o São Paulo que eu nunca ia jogar. Era um ex-jogador de futebol. Mas, graças a esse clube, eu estou podendo jogar meu futebol com alegria e não sei nem o que falar. Só agradecer mesmo. Agradecer mesmo porque esse clube praticamente representa a minha vida. Não tenho dúvida que eu vou voltar um dia e vou conquistar um título por esse clube. Disso eu não tenho dúvida”, explica, emocionado, o agora ex-jogador são-paulino.
Com a camisa Tricolor, Ganso marcou 24 gols e deu 49 assistências em 221 jogos. Foi o jogador que mais vezes atuou pelo clube desde setembro de 2012, quando se transferiu da Baixada para a Capital. Em alta, agora com 26 anos, o maestro, como é conhecido, voltou a ser convocado à Seleção Brasileira e recuperou a confiança depois de passar por três cirurgias nos joelhos.
O meia Paulo Henrique Ganso passou pouco menos de quatro anos no São Paulo (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
“Hoje sou mias maduro e uma pena não ter conquistado a Libertadores, como qualquer outro título, mas a Libertadores em especial, porque é o título que o torcedor do São Paulo é apaixonado. Foram quatro anos que marcaram muito na minha vida. Cresci muito, aprendi muito e saio com a cabeça erguida, pela porta da frente e com o agradecimento de todos”, emenda.
Ao ser questionado sobre o gol que marcou sua trajetória pelo São Paulo, Paulo Henrique Ganso ensaiou citar um justamente em cima do clube que o revelou, mas preferiu guardar o gol anotado sobre o Corinthians, pelo Paulistão de 2014, como o mais especial. Na ocisão, o Tricolor venceu por 3 a 2, no Pacaembu, e quebrou um jejum de 15 meses sem vencer clássicos.
“É difícil escolher um só. Tem o do Santos… O (gol) no Corinthians. Vou deixar contra o Corinthians, no Pacaembu, no ângulo do goleiro”, lembra, para em seguida eleger a partida inesquecível. “Contra o River, lá na Argentina. Era um jogo que, como sempre, tinham muitas dúvidas. Falavam que nosso time não iria ganhar, não iria jogar bem e praticamente já estava eliminado da Libertadores. Foi um jogo especial, em que eu me dediquei muito, ajudei a nossa equipe com um gol, com jogadas, entregando minha vida dentro de campo para a gente vencer. Apesar do empate, acho que foi uma belíssima partida e especial. Da minha parte, eu deixei esse jogo como o especial”, conta, recordando do empate por 1 a 1, pela 2ª rodada da fase de grupos da Libertadores deste ano.
Para ter Ganso, o Sevilla vai pagar 9,5 milhões de euros (cerca de R$ 34,8 milhões) ao São Paulo. O Tricolor tem direito a 32% do montante, enquanto o grupo de investimentos DIS detém 68%. No acordo, porém, houve um acerto para que o clube não ficasse com prejuízo em relação ao que pagou para tirar o meia do Peixe, em 2012. Á época, o presidente Juvenal Juvêncio topou desembolsar R$ 16,4 milhões, enquanto a DIS gastou R$ 7,5 milhões para chegar aos R$ 23,9 milhões pedidos pelo Santos. Ganso, então, explica porque tomou a decisão de deixar o país nesse momento.
“Justamente porque, se tratando de Europa, uma vontade que eu sempre tive, a idade também. Já é o momento. Já fiquei muito tempo no Brasil. Acho que é a idade certa de ir para a Europa. Depois de quatro anos aqui bem vividos, de muito aprendizado e de escolhas que fiz com toda precisão, que eu tive certeza que foi muito bom para minha vida”, afirma, encerrando com um recado especial aos torcedores.
“Agradecer o carinho deles, o carinho deles na minha chegada. Não esperava, de repente o torcedor fica chateado com uma saída, mas o torcedor são-paulino entendeu o meu lado e eu só posso agradecer por todo o carinho. Isso para mim vai ficar no coração”.
Comentários estão fechados.